Segunda-feira, 4 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Silvio Persivo

A educação mudou e a escola não


A educação mudou e a escola não - Gente de Opinião

No YOUPIX no Fire Festival 2023, um evento para destruir barreiras e criar novidades na economia criativa promovido pela Hotmart, numa palestra sobre a geração Z, a que nasceu conectada e que hoje já tem influência e poder de compra, um jovem de 23 anos, o Luiz Menezes, da Trope.se, que, por incrível que pareça já possui 7 anos de experiência no mercado, entre outras coisas muito interessante, chamou a atenção para o fato de que há, entre este pessoal que nasceu nos anos 90 em diante, uma evasão de 50% dos bancos escolares. Segundo ele porque esta geração pensa que o diploma, a certificação não é mais uma forma de ter acesso ao mercado, de ter dinheiro. E reclamam, com razão que, infelizmente, quando chegam nos bancos escolares são obrigados a ouvir por mais de uma hora, o professor, no velho estilo “eu falo e vocês escutam” ( ao custo de oportunidade de conversar com os amigos e ter lazer) e cobram nas avaliações coisas que eles encontram num vídeo de 1 minuto!!! Incluso está a questão que, num mundo em que o celular, o computador são caminhos de acesso aos conteúdos, não tem o menor sentido fazer testes sem que as pessoas possam acessar conhecimentos que estão disponíveis e não se precisa memorizar. Porém, o que fica evidente é o desencanto dos jovens com a educação atual, o que se vê, na prática, dos docentes que veem, cada vez mais, as classes minguarem. É comum, hoje, dar aulas para classes de 9, ou até menos, pessoas nas universidades públicas e há muita evasão durante os cursos. Como os campus das universidades são longe, muitos deles, quando calculam quanto vão gastar de transporte, e de merenda, para ir assistir as aulas terminam por concluir que é mais barato- e melhor- fazer o curso por ensino à distância!!! A realidade também é que o mundo mudou, as profissões mudaram, mas as escolas, as faculdades não. Continuam a oferecer os mesmos cursos, que ofereceram ao longo de décadas, da mesma forma. Com exceção de algumas faculdades privadas, que usam a tecnologia intensamente, o que se observa no panorama brasileiro é que as salas de aula ignoram completamente o mundo digital. Até mesmo não existe nem a infraestrutura nem o preparo dos professores para ele. Assim, não é de estranhar que cursos, como os oferecidos pela Google ou instituições voltadas para o digital, estejam, cada vez mais, atraindo a atenção dos jovens. A necessidade de mudança no ensino brasileiro é patente, mas se nem para manter suas estruturas, muitas vezes, há dinheiro, imagine se teremos, até onde a vista alcança, uma mudança nos padrões de ensino? O que vemos é, justamente, o contrário. Cada vez mais se procura fazer do professor não uma pessoa dedicada ao ensino, mas alguém que tem que ensinar, pesquisar e ainda fazer extensão sem que se dê a ele nem uma retaguarda para tratar da burocracia. O resultado não se precisa dizer: está aí. A escola perdendo importância, o professor desmotivado e inútil diante de uma conjuntura que não tem como mudar. O discurso da educação é forte, mas o ensino, com velhas estruturas, não muda nada. 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoSegunda-feira, 4 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Um brinde em nome do Santo

Um brinde em nome do Santo

Neste agosto, por uma série de razões, inclusive uma palestra que tive de ministrar sobre a questão da estabilidade e do desenvolvimento no Brasil,

A grande atração de agosto é o 8º aniversário do Buraco do Candiru

A grande atração de agosto é o 8º aniversário do Buraco do Candiru

Agosto, mês do desgosto? Que nada! Consta que, em todas as épocas e meses, enquanto uns choram outros vendem lenços. Bem vindo agosto! Só depende de

Uma tarde no sítio do Yamaguchi

Uma tarde no sítio do Yamaguchi

Uma das boas coisas da vida, sem dúvida, é comer. E comer bem é um dos prazeres mais requintados que se pode ter. E, como não poderia deixar de ser,

Inflação em ascensão tende a aumentar a pressão política

Inflação em ascensão tende a aumentar a pressão política

Embora exista toda uma estratégia operacional que se baseia em tentar criar otimismo sobre a conjuntura econômica, que inclui uma pasteurização da g

Gente de Opinião Segunda-feira, 4 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)