Domingo, 15 de janeiro de 2012 - 10h47
Há alguns anos circulou pela internet uma mensagem bastante interessante sobre a vida e sobre as pessoas que cruzam nosso caminho ao longo da existência. Nela, a trajetória humana na Terra é comparada a uma viagem de trem: enquanto alguns embarcam em determinadas estações, outros desembarcam para sempre; há os que precisam despedir-se dos que se foram, receber os que chegam e continuar a difícil jornada -esta é individual e imprevisível.
Prosseguir não é fácil, ainda mais quando se começa a viagem com um grupo grande e alegre com o qual se compartilha a trajetória: a cada estação o grupo fica menor -primeiro vão-se avôs e avós; depois pai e mãe. Como é difícil atender às exigências da continuidade da vida sem o apoio de entes tão amados...
Não importa a idade que se tenha quando se perde pai e mãe, o sentimento é o mesmo: desamparo, insegurança, fragilidade, carência. Então nos apoiamos nos irmãos e nos amigos, até a próxima parada do trem. A cada estação, novas despedidas e novos embarques: é o ciclo implacável da renovação da vida que se cumpre.
Há os que percorrem o longo trajeto viajando praticamente sozinhos, rodeados de estranhos, e tentando construir novas amizades no caminho. O fato é que, quanto mais longa a permanência no trem, maior a necessidade de companhia, de ter com quem conversar, de ter a quem falar sobre a vida atual, sobre alegrias e tristezas e sobre as lembranças de um passado remoto e feliz.
Assim seguimos na vida. Somos todos passageiros e desconhecemos a hora e o lugar do desembarque. Até a metade da existência, normalmente, compartilhamos a viagem com a família, com amigos queridos e com conhecidos. À medida que desembarcam, que o trem se afasta e que a estação se distancia, ficam-nos na memória fragmentos do que foram: a risada do pai, as mãos da mãe, o jeito da tia, o olhar da avó, a voz do irmão, os gestos do avô, o sorriso do amigo, a alegria do primo, os sonhos... Os nossos sonhos... Estes acabam desembarcando com todos eles, para sempre...
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