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Gente de Opinião

Paulo Saldanha

QUANDO DEZEMBRO CHEGAR


 Quando dezembro chegar, eu juro que vou regar as flores do jardim, assobiando um tema que possa comover toda a natureza.

Quando dezembro chegar, eu prometo que vou me lembrar de tanta coisa, como da floração dos ipês, do pôr-do-sol de anteontem e da maravilhosa chuva que não caiu em agosto.QUANDO DEZEMBRO CHEGAR - Gente de Opinião

Quando dezembro chegar, eu juro que não vou esquecer que tenho que lembrar de agradecer a visita daquele amigo de infância que chegou sem avisar e não me encontrou em casa.

 Quando dezembro chegar, eu prometo que vou reler aquele poema que fala de amor, solidariedade, fraternidade e devoção de alma e de espírito.

Quando dezembro chegar, eu juro que vou acordar mais cedo, para ver pontificando com sua grandeza, por detrás da Serra dos Pacaás Novos, o radiante sol que dali ressurge, altivo, impávido e colosso, fazendo a trajetória que, ao anoitecer, o fará descansar a partir da fímbria escura que nasce no oeste.

Quando dezembro chegar eu prometo acordar, abrir a janela e bendizer a Deus, pelo  dia tão claro, com céu azul no firmamento, sinalizando o poder divino por sua perfeição e bondade.

Quando dezembro chegar, eu juro que vou aprender com o mensageiro do Cristo que a humildade, o altruísmo, a generosidade e a mão estendida são virtudes por Ele ensinadas, para que eu possa transferir com a mesma intensidade essa lição para o irmão tão próximo ou tão distante.

Quando dezembro chegar, eu prometo me valer da minha força espiritual para pedir que os vencedores das eleições nacionais fiquem atentos para o cumprimento das promessas lançadas para os crédulos eleitores.

Quando dezembro chegar, eu juro me envolver, bem contrito, numa oração dirigida ao Criador pedindo que a paz no mundo não fique só nas intenções, nem nas rezas de cada líder, ou de cada um de nós, mas que se materialize com a força com que sempre ela é solicitada.

Quando dezembro chegar, eu prometo ouvir a canção mais tocante que me faça recordar emocionado dos meus queridos que já se foram para nunca mais voltar, senão através das lembranças que agora invoco.

Quando dezembro chegar, eu juro que vou pegar na mão dos meus netos, passear na praça e, ao lado deles plantar uma rosa que possa significar um exemplo para que outros façam o mesmo, embelezando aquele lugar.

Quando dezembro chegar, eu prometo tirar o boné e ir cumprimentando as pessoas conhecidas ou não, retirando-o da cabeça em sinal de respeito e consideração, energizando-as com um sincero sorriso que possa expandir-se num cordialíssimo bom dia.

 Quando dezembro chegar, eu juro colocar a mão no peito e na posição de sentido cantar o Hino Nacional, com o ardor e civismo exigidos para todos os brasileiros nessas ocasiões.

Quando dezembro chegar, eu prometo arregaçar as mangas e escrever para todas as crianças os mais lindos versos que possam ninar os seus sonhos infantis, carregados com a emoção que traduzam abençoar os Pais visando a presentear-lhes no Natal com o brinquedo desejado.

Quando dezembro chegar, eu juro vou entrar numa Igreja, Mesquita, templo ou numa sinagoga e fazer judeus e palestinos apertarem-se às mãos, encerrando toda a sorte de conflitos que já dura uma eternidade.

 Quando dezembro chegar, eu prometo ficar mais atento para que o jovem já entregue pelo vício, enganado pelo traficante, ressuscite seu desejo pela vida liberta da dependência química e depois possa tornar-se cidadão limpo e produtivo para si próprio, sua família e para a Pátria.

Quando dezembro chegar, eu juro me arrepender pela omissão, negligência e imperícia de ter calado quando a floresta caía sob o jugo da motosserra barulhenta, derrubando a vida e os ninhos que dali emergiam para “engalanar a natureza”.

E quando dezembro chegar, eu desejo arrepender-me por ter demorado tanto tempo para jurar e prometer tudo aquilo, que, de há muito, já deveria ter cumprido.

*Membro Fundador da Academia Guajaramirense de Letras-AGL e Membro Efetivo da Academia de Letras de Rondônia-ACLER.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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