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Paulo Saldanha

Euro, meu querido tio no rumo da eternidade


Euro, meu querido tio no rumo da eternidade - Gente de Opinião

Assim, depois de ”uma noticia tão rude, nem sei como pude chegar ao portão” para passar a escrever, apesar da dor, pungente dor, que me envolveu, ante a informação de que Euro, mon oncle, havia partido no rumo da eternidade.

 

Desde 1983, quando retornei a esta terra abençoada, que nossas vidas passaram a ser tecidas com os sentimentos do amor, afeto, carinho, respeito e admiração, apesar de conhecê-lo desde que eu tinha 10 anos, na primeira visita à então capital do Território.

 

Lembro-me que, junto com o meu pai, Paulo Saldanha Sobrinho, meu tio João Saldanha e meu irmão Kleber fomos à redação do Jornal “O ALTO MADEIRA” e festejados por ele e pelo Ary de Macedo naquele ambiente de noticias, ali na Praça Jonathas Pedrosa, na rua Barão do Rio Branco.

 

O tio Euro sempre contava que, quando criança, teve que arrancar um dos seus dentes de leite mediante a ação prática do meu saudoso tio, o coronel Saldanha, tendo merecido ganhar umas balinhas porque, sem choro algum, permitiu a extração, mesmo sem anestesia.

 

O Pai dele, Homero Tourinho, um representante da autoridade fiscal matogrossense, era amigo do meu parente, cuja relação se transferiu para a segunda, terceira e, hoje, quarta e quinta gerações de nossas respectivas famílias.

 

E eu e ele sempre valorizamos esse vínculo que se eternizou no tempo, nas nossas conversas e agora nas minhas saudades.

 

Vou recordar-me do tio Euro como um mensageiro do bom humor, da sabedoria, da humildade, das palavras doces, do otimismo... tinha “sacadas” rápidas e inteligentes e jamais o vi levantar a voz para uma pessoa.

 

O Lucio Albuquerque nos ensinou que o “Euro era tido como parte da história de Rondônia, que ele mesmo ajudou a escrever em ocasiões as mais diversas”.

 

Verdade verdadeiríssima! Eis que se trata de representante de uma família bem antiga e ele vivenciou as fases desta parte da geografia amazônica, desde que era Mato Grosso, depois Território, até virar Estado. Testemunha ocular da derrubada da última árvore, pelo Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, na região de Vilhena, quando foi oportunizada a ligação, através da então BR 29, de toda a região com o centro sul.

 

Do nosso último encontro, jamais idealizado como o derradeiro, deu-se no Cantinho Regional, da sua nora Fátima, na companhia do filho Eurinho, da outra nora Cecy Helena e da minha mulher Olgarina (no encontro anterior em set/19, merecemos a presença do seu filho médico Eudes Tourinho), quando festejamos a vida com recordações bem humoradas, bem ao seu estilo.

 

Ele foi grande nas lições de vida, na disseminação do bem aos mais jovens; foi enorme na exaltação das virtudes humanas, da humildade, da compostura, da paciência e, enfim, da dignidade.

 

Como atributo da sua missão aqui no planeta ele e sua Maria do Carmo Kang Tourinho, construíram rica e abençoada família, cujos filhos e netos vão brilhando lá fora do Estado e cá, dentro dos nossos limites, prosperando e fazendo prosperar a honra, a lealdade, a devoção à amizade sincera perante outras almas e outros espíritos com os quais estão unidos.

 

Sua estatura pequena não escondia o tamanho estratosférico da sua personalidade altiva e cativante. Era gigante nas relações humanas! Sabia ouvir e nos deixava falar, emitindo as nossas opiniões, concordando ou discordando de forma habilidosa. Era um ótimo exemplo e excelente paradigma!

 

Na ordem maçônica subiu a escada e chegou aonde poucos chegam, como criativo obreiro do Grande Arquiteto do Universo, com quem está dialogando neste instante... e nem precisou pedir audiência, posto ser bom e chegou, como sempre, de bom humor...

 

Ele, como a Irene, de Manoel Bandeira, nem precisou agendar e foi subindo, subindo... São Pedro atento lhe disse: entra, Euro! nem precisa pedir licença...    

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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