Sexta-feira, 25 de março de 2022 - 09h10
Um dia John Fitzgerald Kennedy eternizou a frase: “Não pergunte o que seu
país pode fazer por você. Pergunte o que você pode fazer por seu país”...
Parafraseando-o,
ouso escrever “Jamais pergunte o que Rondônia pode fazer por você. Indague,
questione, o que você pode fazer por esta abençoada Terra”...
Sabe-se que ninguém é profeta na própria
terra!
Este Estado, desde priscas eras recebeu em seu
sacrossanto ventre homens e mulheres de outras regiões, que ofereceram tanto
devotamento às suas causas que deixaram fecundos benefícios, benfeitorias ou
melhoramentos, haja vista a forma, a maneira idealista como se entregaram aos
mais sagrados interesses desta geografia.
Representam um legado de desprendimento, nacionalismo,
patriotismo, altruísmo (e outros ismos) que deveriam valer como exemplo e
paradigma, para os da sua e demais gerações.
Os nativos que tiveram que sair do lugar
natal, muitos deles vitoriosos noutras terras, ao retornarem cumpriram missões,
vencendo os desafios que se impuseram, recolhendo o respeito e a admiração da
sociedade local.
Poderemos citar o Anizinho Gorayeb, por
exemplo, o César Ribeiro (citado na crônica à César o que é de César-www.rondoniaovivo.com
e www.gentedeopiniao.com.br), Pedro Struthos, José Anibal Peres Pontes (senador
da República por São Paulo), Hamilton Casara, ex-Presidente do IBAMA, Alzira
Valdelice Pires, ex Magistrada e ex-Deputada Federal pelo Amazonas, o
ex-governador Osvaldo Piana e mais uma legião de rondonienses, que acabaram
brilhando em outros estados, como os irmãos Tourinho, Euro, Euderson e Eudes.
O Euro Tourinho Filho é o meu objetivo neste
dia. Devo adiantar que as citações decorrem por dever de justiça, não porque seja
meu amigo desde 1959, quando estudávamos (ele na terceira série ginasial) no
Colégio Dom Bosco, de Porto Velho, eu no primeiro ano.
Muito novo, assumiu o desafio de vencer as
dificuldades e foi, com o coração apertado, inseguro e pesaroso para Belém, graduou-se
em Engenharia Agronômica, no ano de 1968, após pegar “O Ita do Norte” moderno
naquele ano de 1964 – um DC 3 – pernoitando em Manaus e no outro dia “avionando”
num Constellation da Panair beijou o solo
da capital paraense.
Lá encontrou-se com o seu querido “tio Manel”,
que, com trajetória brilhante jubilou-se como pos doutor nas ciências Agrárias,
após a implantação da Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA, como seu
primeiro Reitor.
No dia 31 de março de 1964 eclodiu a
Revolução que não impediu que ele, já morador da cidade de Belém, pudesse freqüentar
o cursinho pré-vestibular. Depois conquistou o terceiro lugar no disputadíssimo
certame para ingresso na Escola de Agronomia da Amazônia - EAA.
Para alegria própria e orgulho dos seus pais
Euro e Maria do Carmo Tourinho, em 09 de novembro de 1968, no Auditório da
Faculdade de Ciências Agrárias do Pará – FCAP recebia o diploma que o
credenciaria a ser o profissional vencedor, orgulho de toda uma família e da
terra que lhe serviu de berço.
Tendo estagiado na SPEVEA/SUDAM, PROHEVEA,
EAA e na CEPLAC acabou figurando nos seus quadros, ou seja da própria CEPLAC – Comissão
Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira, por mérito e dedicação reconhecidos.
Sua carreira, sempre crescente, o credenciou
a assumir encargos tais, resultando na sua participação intensa na implantação
do Projeto Caucau Pará, experiência tão salutar que se comove ao contar aquelas
vivências, sob a égide de um Programa chamado de INTEGRAÇÃO NACIONAL, o PIN,
que privilegiaria a abertura da TRANSAMAZÔNICA, que, na vertente agronômica,
foi incorporando áreas paraenses, notadamente no baixo Tocantins, através dos
municípios de Baião, Altamira, Brasil Novo, Cametá, Mocajuba, Itaituba, Marabá
e Jacareacanga.
Naquele tempo, o
governo militar cunhava a frase “INTEGRAR PARA NÃO ENTREGAR”... Mensagem que a
Ucrânia não ficou atenta, sob Putin de agora...
No ano de 1971 consolidou
a sua amizade com o expert em Cacau,
o grande Mestre Frederico Monteiro Álvares Affonso, irmão do advogado Almino
Affonso, nascidos em Humaitá-AM, ele, o Almino, um dia Ministro do Trabalho.
Nessa fase irmanado com Frederico, Eurico, Condurú, Zacarias, e outros, no
Governo Fernando Guilhon conceberam o Projeto Cacau Pará, entre 1971 e 1974,
com repercussões sócio-econômicas auspiciosas, que deram ao estado uma renda
circulante, na cadeia produtiva, superior a CR$-1 bilhão (moeda da época),
posto o Pará ter contabilizado mais de 142.000 toneladas desse produto.
Em 1974 o Euro Tourinho Filho foi transferido
para o Território Federal de Rondônia, na condição de Executor do Projeto de
Assentamento Dirigido Burareiro, objeto do convênio INCRA/CEPLAC, quando
ombreou-se com Adhemar da Costa Salles (outro valoroso nome no alcance de
conquistas no centro de Rondônia (Ouro Preto do Oeste/Jaru/Ariquemes), no
PIC-OURO PRETO, numa parceria que resultou na implantação da cacauicultura nas
terras de Rondon, instante em que o hoje município de Teobroma deu os primeiros
passos para surgir no horizonte desta terra, quando da implantação do seu
futuro, de Jaru e Ariquemes, inclusive, sendo certo dizer que a grande
alavanca, o grande arrimo ficou estabelecido em cima da economia agrícola, sob
a batuta do Eurinho Filho.
Quando se fala em afirmação sócio-econômica
jamais deixaremos de recordar do capitão Silvio e do Agrônomo Assis Canuto...
Superando dificuldades, ultrapassando os obstáculos neste Noroeste Brasileiro,
carente de tudo, que afastava os fracos, os despreparados para a vitória, o
medíocre que não enxergasse adiante do nariz, pois não havia estradas boas,
sobravam caminhos enlamaçados, sem infra-estrutura, vida precária, sem
pousadas, sem postos de combustíveis, com tudo ainda por fazer e construir... o
nome de Euro Tourinho Filho deveria pontificar.
Resumindo: o Projeto Burareiro
foi implantado, mercê do arrojo, da determinação, da superação de homens como
Euro Tourinho Filho, que nem nome de rua será em Teobroma, lugar que liderou na
sua primeira hora, porque os homens e mulheres do nosso tempo tornaram-se
ingratos e omissos...
Em 1976, implantado o Projeto que ele imaginava como o da sua vida
retornou a Porto Velho e passou a dedicar-se à vida empresarial nas empresas de
sua família.
Acabou participando da vida política do território, tornando-se Secretário
Geral da ARENA, com direito às decepções a que essa atividade se vê envolvida.
Mas, idealista pugnou para a montagem do Ensino Superior, já dando os seus
primeiros passos. Dirigiu a FUNDACENTRO, a única chance, até então, para a
juventude ter direito ao Diploma num curso superior.
Com o advento do Governo Jorge Teixeira, o Governador colocou as mãos no
ombro do seu indicado e, num encontro em Brasília com o então Ministro da
Educação General Rubens Ludwig, este recolheu a melhor impressão do gestor da
FUNDACENTRO, tida como o embrião para a criação da UNIR, da qual o Eurinho foi
o seu primeiro Reitor e implantador, passando a ser, não mais o Projeto Burareiro,
mas a UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR a sua maior realização.
Em 1991, no Governo Piana, o
primeiro governador nativo, Euro Tourinho Filho torna-se Secretario Especial da
Cultura, quando foram executados diversos serviços necessários para a
reativação parcial da EFMM. E no final desse ano, quase sem recursos recuperou
a pintura dos galpões, desobstruindo o giradouro da oficina, permitindo, de
novo, o acesso pela ferrovia até Santo Antônio,
Nessa sua gestão, contando com o apoio da
historiadora Yeda Pinheiro Borzacov foram realizados o Arraial Junino Flor do Maracujá,
exposições de pintura, concursos na vertente cultural, edições de livros,
poesias e contos regionais.
Em 1995 tornou-se Presidente do Conselho Deliberativo do SEBRAE,
concorrendo pessoalmente para que a Organização lograsse êxito (a única
instituição em todo o Estado) na conquista do ISO 9001, quando oportunizou o
Planejamento Estratégico da Entidade.
Um Homem com a têmpera de um Euro Tourinho
Filho se traduz como um exemplo dignificante de quem se vale da inteligência
para agenciar mudanças com sabedoria. Por isso e por outras é que afirmo: o
Euro sobre quem escrevo vale bem mais, muito mais, posto ser mais valioso que
os Petrodólares, muito mais que o euro... essa uma moeda da União Européia.
Que na história de Rondônia os homens de boa
vontade o reconheçam como necessário e imprescindível! E que Deus, o soberano
árbitro dos mundos continue abençoando-o!
Como diria o Euro Tourinho, seu Pai: ...”E
tenho dito”
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