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Paulo Saldanha

CRÔNICAS GUAJARAMIRENSES: Enfim, um grupo de teatro disse a que veio



Para mim heróis também podem ser os soldados numa guerra, um bombeiro que salva alguém de um incêndio, ou um anônimo que se atira no rio caudaloso para salvar uma vida; mas bem que pode ser um grupo de jovens idealistas, que, adiante do seu tempo, vão ousando construir nesta fronteira imensa, o novo alfabeto da arte, as fundações da cultura, extraídas das raízes profundas e fecundas que se recolhem de um instrumento social que se chama teatro.

Mais que isso, os meus heróis têm os nomes de Paulo Santos, Amanda Torres, Thaiz Lucksis e Melissa Barbosa, que, juntos, se comprometeram ainda com a música, canto, poesia e com a dança. São jovens envolvidos com a reimplantação de uma cultura que andava adormecida nestas paragens e que, para o nosso encanto, vai germinando a partir da audácia, da determinação e da superação. Daí o meu respeito, a minha admiração e a minha reverência, se é que esse direito eu tenho de homenagear gente que, como eles, desejam transformar o seu ambiente, através da arte, que, por ser crítica, gera mudanças no nosso universo regional.
                              
Paulo, que adotou Guajará-Mirim, nasceu em Cabo Verde, é Professor de Inglês, tem formação em teatro e é autoditada em música; gosta de experimentar e explorar instrumentos musicais exóticos. Foi aluno de João Branco, um diretor que forma atores, num curso de nove meses, de quem Thaiz, uma Guajaramirense, foi pupila e pôde dar vazão a sua vontade de se tornar atriz. Ela é Arquiteta, tem alma de artista e é apaixonada pela dança. Seus olhos brilham quando fala na Dança, como mensagem de representação artística. Melissa, outra integrante dessa troupe é quase Advogada, nasceu no Mato Grosso do Sul, já pousou em território grego (o berço do teatro), onde estudou, ampliou sua paixão pela arte de representar, e descobriu junto com o Paulo a afinidade profissional de que precisava para liderar um grupo teatral. Segundo sei, além de talentosa, é excelente cantora. Ela nega e, humilde, afirma ser apenas amante do canto e nos sorri, como se estivesse prometendo tornar-se uma cantora de fato.

Esse trio foi buscar em Amanda, uma cadista criativa, a companheira para a apresentação de uma peça, – com o título de SENTIDOS – que vão ensaiando, cuja autoria original é de Melissa, mas que ganhou a participação, no desenvolvimento da história, de todos os demais. Amanda, como Taís, nasceu aqui em Guajará e seu coração já vai sendo incendiado pela devoção que irá transformá-la, a exemplo do que já são as suas colegas, em atriz vencedora. Aliás, a cantora lírica Wilca Sol Sol, com formação erudita, em Londres, deve se incorporar ao grupo, também.
 
O interessante é que esses atores já vêm atuando nos Colégios locais e seu foco são crianças e jovens, na tentativa de descobrir talentos para essa nobre arte. Na peça “Entre pétalas e pedras”, os nossos artistas tiveram um público que viu ressocializandos atuando em cena, como integrantes da Peça, visando com aquela mensagem reintegrá-los, através da ação psicológica que a história levava, uma vez que a reflexão que continha se traduzia pela expressão de que “se queremos, somos capazes”. Tiveram até a “participação” do Chico Buarque, através da sua “Roda Viva”, como fundo musical, via CD.
   
A trajetória desses missionários da arte, que vão brilhando sob os céus desta terrinha, se enriqueceu com a encenação de “O Arigó-Soldado da Esperança”, apresentada na Praça da Estação Ferroviária. Um sucesso, um deleite para quem a assistiu!                           
     
Projetos? Ah! Como esse pessoal tem projetos! Ah! Como essa gente sonha... E o melhor é que com a motivação que vão nutrindo, acalentando, ninando nuns braços imaginários, vão envolvendo com quem eles se interagem. Meu caso, por exemplo! Vão construindo os seus sonhos em cima da imperiosa necessidade de nossa Guajará ter um teatro. Que pena, a cidade não ter o seu!

                       Mas a cidade precisa ter o seu teatro! Com ou sem apoio governamental. Uma sociedade briosa não pode acomodar-se. Vamos à luta! Afinal alguém já nos disse que "Uma visão sem ação não passa de um sonho. Ação sem visão é só um passatempo. Mas uma visão com ação pode mudar o mundo" 

Ali teríamos saraus, recitais, oficina para jovens e adultos, enfim, ali teríamos as peças encenadas para o prazer, lazer e a afirmação do nosso povo e da nossa gente.

A Associação Cultural Companhia & Teatro já foi criada. A direção eletrônica é www.companhiaeteatro.blogspot.com. Creio que a população poderia se envolver nesse projeto de uma forma imperativa, que haverá de dignificar esta nossa geração, que, se de um lado, não sustentou os clubes sociais, nem as agremiações de futebol e, ainda, de quebra, ainda não presenteou à cidade com uma nova banda de músicas, no estilo, pelo menos, daquela concebida e implantada pelo Juiz José de Melo e Silva e, depois, sob a coordenação do Almerindo Ribeiro dos Santos, de outro, poderá salvar-se daqueles pecados, unindo-se na direção do sonhado “Palácio das Artes”.
 
A Melissa, o Paulo, a Thaiz e Amanda e, por certo, a Wilca Sol Sol, são os revolucionários de que este município precisava para se reinventar como ente que foca no futuro, em cima das experiências do presente, porém, respaldando-se naquele passado que já teve tudo e muito mais.
     
Por fim, a informação que não pode ficar escondida: os nossos heróis, a convite do governo de Cabo Verde, naquele País se apresentaram, com a obra SENTIDOS, num Festival Internacional de Teatro, onde o município de Guajará-Mirim foi tão bem representado. Será o Brasil em terras de Cabo Verde!
                                    Sucesso! Parabéns e vitoriosa trajetória é o que lhes auguramos! É o que, enfim, os meus sentidos lhes desejam, do fundo do meu coração!           

Fonte: Paulo Saldanha

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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