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Gente de Opinião

Paulo Saldanha

Avenida Antônio Correia da Costa



O Município de Guajará-Mirim tem vínculos indissolúveis com o Estado de Mato Grosso. E é natural que assim o seja, posto que toda esta região, a partir do Cabixi até Santo Antônio, pertencia a geografia mato-grossense, até que a primeira “independência” acontecesse por conta da criação do Território Federal do Guaporé.

Em razão disso diversos vultos da província de Mato Grosso enriqueceram a historiografia rondoniense, seja por conta de nomes como Doutor Lewerger, Mário Corrêa, Experidião Marques, Balbino Antunes Maciel e tantos outros como Antônio Corrêa da Costa, nome de avenida em Guajará-Mirim.

Mas quem foi Antônio Corrêa da Costa? Permito-me informar: militar, político brasileiro. Chegou a ser tenente-coronel.

Exerceu as funções de presidente da província de Mato Grosso, de 21 de julho de 1831 a 27 de abril de 1833, de 3 de dezembro de 1833 a 26 de maio de 1834, de 1 a 24 de fevereiro de 1836, de 25 a 28 de outubro de 1840, e de 9 de dezembro de 1842 a 11 de maio de 1843”. Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Considerado homem probo, diferenciavam-no as virtudes cívicas e morais, caráter íntegro e convicções retilíneas, pessoa culta, detentor de elevados sentimentos”.

Cuiabano de “chapa e cruz”, nasceu em 05 de fevereiro de 1857. Sua filiação advém de Antônio Correa da Costa e D. Ignez Maria Luiza Corrêa da Costa. Ele, Professor, lecionava Geografia e História no Liceu Cuiabano, “ambos pertencentes ao escol da sociedade cuyabana”. Segundo o Desembargador José de Mesquita, que acrescentou:

“Tendo feito os seus estudos primários, seguiu para o Rio de Janeiro, onde se matriculou na antiga Escola Central de Engenharia, hoje Polytechnica, collando o grau de Bacharel em sciencias physicas e naturaes no anno de 1879.

No seu curso superior teve como condiscípulos Paulo  de Frontin, Teixeira Mendes e outros que, mais tarde, se tornaram individualidades de destaque no paiz e como professor o nosso eminente conterrâneo Joaquim Murtinho, ao qual desde ahi o prenderam os laços de uma grande e sincera amizade.

Regressando à terra natal, dedicou-se o Dr. Corrêa à vida agrícola, para a qual revelava nativo pendor, residindo algum tempo no "Rio da Casca" velha propriedade de sua família, sita no districto da Chapada, e, em 1881, passou a exercer o magistério público, tendo sido nomeado, em 23 de Março desse anno, professor de mathematicas elementares do Lyceu Cuyabano”.

Dirigiu em 1882 o Externato Mato-Grossense, instalando-o em 15 de junho daquele ano.

Com a Proclamação da Republica passou a integrar a cúpula da gestão da província, valendo-se da elevada cultura geral e acrisolado patriotismo. Foi secretário do Governo Antônio Maria Coelho. Mas, a partir de uma crise, afastou-se do cargo, para não submeter às masmorras sua ilibada trajetória.

A partir de 28 de maio de 1891 foi eleito deputado e passou a integrar a Assembléia Constituinte, assinando a constituição estadual, para a qual concorreu na sua elaboração ao lado de outros insignes membros. Ali plantou a possibilidade de sua escolha, em face da simpatia que o seu nome despertava, visando a eleição para presidente da Província.

Sua gestão foi considerada fecunda e produtiva. Mas durou pouco, mais de 24 meses, influenciando positivamente nos destinos da região do rio Guaporé e Mamoré.

Homem adiante do seu tempo!

Com Generoso Ponce, na capital paraguaia, fundou o jornal “A Reacção”. É que, desde 1889, não se sentiam seguros para implantar um periódico em Cuiabá... Depois, já em 1907, com Ponce, eleito Presidente da Província de Mato Grosso voltou a sua terra e empreendeu atitudes visando a organizar os serviços fiscais do Norte, quando, nessa missão, mereceu amplos e ilimitados poderes.

Daí, que lutou para retirar do isolamento econômico, político-administrativo esta parte do território mato-grossense, fronteira com o Amazonas

Foram de sua lavra as ações que resultaram na assinatura do acordo que definiu os limites com o Estado do Amazonas, enfim, homologado pelo Supremo Tribunal Federal, quando foi tornado sem efeito um convênio entre os dois entes federativos, anos anteriores.

Fico com o Desembargador José de Mesquita que, referindo-se ao seu amigo Antônio Correa da Costa, registrou: A justiça da História, escoimada de paixões e isenta de personalismos, inscreverá o seu nome entre os que a posteridade sagra os seus eleitos.

...”homem de estado ou hábil político; jornalista combativo ou escriptor de gabinete; technico abalizado ou fino observador de costumes, dotado de uma rara vis cômica para analysar, moderno Juvenal, os vícios e erros dos seus contemporâneos.

Mas, ele foi acima de tudo e sobretudo um patriota, um fanático pela nossa grandeza, um apaixonado cultor do nosso Passado,confirmando nesse ponto a sentença de Thureau Dangin: “A historia deve ser a educadora dos homens de Estado. Só podem possuir a visão do Futuro os que aprenderam a observar o Passado”.

Ao nosso homenageado se aplicam as palavras de Oliveira Lima ao traçar, na Academia, o elogio de Varnhagem:“O traço dominante de uma individualidade é a paixão da investigação histórica, a qual subordinou todas as suas manifestações de escriptor.”

A História - e disso cada vez mais me convenço - é um grande Mestra de bondade, de tolerância , de longanimidade. À força de vermos os erros passados mais facilmente justificaremos os actuaes; e do muito observarmos os bellos exemplos de outrora, aprenderemos a confiar no Presente e a esperar um Futuro melhor”.

Assim, avoco a palavra para mim e digo: Antônio Corrêa da Costa, descendente de uma das famílias mais honradas do Mato Grosso, por suas ações, visão de futuro, exemplo de caráter retilíneo, foi reconhecido como um baluarte na afirmação desta geografia, por isso, por sua história e legado é nome de Avenida aqui em Guajará-Mirim.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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