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Gente de Opinião

Paulo Saldanha

A esperança


 

Paulo Cordeiro Saldanha*

O Mestre Houaiss nos ensina que “esperança pode ser sentimento de quem vê como possível a realização daquilo que deseja; confiança em coisa boa; fé. A segunda das três virtudes básicas do cristão, ao lado da fé e da caridade [Representa-se por uma âncora.] Expectativa, espera. Aquilo ou aquele de que se espera algo, em que se deposita a expectativa; promessa”

Para o Aurélio Buarque de Holanda, o conceito pouco varia, porém, mesmo assim, transcrevo: “Ato de esperar o que se deseja. Expectativa; espera.     Fé,

Confiança em conseguir o que se deseja.

Aquilo que se espera ou deseja”. Exemplo: Minha esperança é que ele chegue logo. A segunda das três virtudes teologais, simbolizada por uma âncora”.

Objetivamente, pra mim, Esperança poderá ser o nome de uma mulher, sofrida mulher, guerreira, lúcida e voluntariosa.

Esperança é culta e sensível; inteligente e sagaz, todavia tendo lido bastante, ganhou sabedoria.

Esperança é demais! Estarei eu me apaixonando por ela?

Ocorre que essa Esperança poderá ser ainda um nome de lugar, de um Seringal, de uma propriedade rural ou até de um Feudo!

Mas, agora, no terceiro milênio ainda existem Feudos?

Na minha humilde e nada abalizada opinião, sim! Mas quem sou eu para afirmar uma coisa dessas, com uma incomum firmeza e rara contundência?

Bem, eu explico: Esperança além de ser uma mulher cativante, é também um nome de lugar especial.

Se puder imaginar, é igual à Paradísia, a Ilha afortunada.

Com seus altos e baixos, porém com os mesmos atributos espirituais que envolveram a descrição de Coelho Neto, ao retratar aquele seu lugar predileto...

Esperança, a doce criatura, mora perto de Guajará, ali em Vila Murtinho, um pouco para lá, na orla do rio, num trecho encachoeirado, cuja casa, bem na frente, tem abius, mangueiras, jambus, ipês e outras coisas mais.

As bromélias e as orquídeas, ali são colírio para os humanos olhos de quem tem sensibilidade para admirá-las.

Com tantas fruteiras os pássaros cantam e cantam expressando a sua gratidão pela oferta de comida.

Será que ela, a nossa Esperança, ainda mora por lá?

O certo é que essa mulher apaixonante tem um problema. Ainda é apaixonada pelo marido.

Mas eu pretendo chegar nela e me extasiar com a sua fulgurante beleza, cativante carisma e me embriagar com a sabedoria irradiante que dela emana.

Sem querer complicar, mas Esperança se envolveu numa trama tal, em que foi “premiada”, digamos assim, por situações incômodas, inconvenientes que a obrigaram a tomar decisões consideradas drásticas.

Que pena!

E isso aconteceu quando Esperança, a localidade, precisava do seu irrestrito apoio para crescer e se multiplicar, nos diversos campos da vida humana, inclusive no social, educacional, artístico e no econômico.

Deveremos julgar Esperança sem muita severidade, posto ser ela uma mulher muito bem formada no caráter, temente a Deus, bastante virtuosa para aceitar certas situações um tanto embaraçosas, como aqueles que lhe sobrevieram.

Um julgamento –eu peço– mais isento só será possível se pudermos ir até Esperança, todavia, hoje não mais de trem, mas de carro e entrevistarmos as pessoas de lá, colhendo as impressões e, se permitido for, ouvindo-a, acaso se dispa das reservas como poderá enxergar essa proposta um tanto invasiva de minha parte, um dos caras que mais a conhecem de perto.

Desculpem-me pela pretensão!

Eu penso que fiz até uma afirmação um tanto quanto exagerada, porquanto ninguém conhece Esperança, assim, tão intimamente, posto ser ela um tanto tímida e um pouco reservada...

Acaso não seja possível a entrevista com Esperança, lá em Esperança, pelo menos valerá conhecer o local, pois alguém já o descreveu como um dos cenários mais lindos e comoventes da terra. Basta fechar os olhos e viajar...

Bem, na verdade, é melhor eu ir esclarecendo: Esperança, essa mulher deslumbrante viveu em Esperança uma imaginária terra abençoada, porém, mais que uma geografia afortunada, é uma ficção num livro que acabei de escrever, através do qual faço uma narrativa de passagens históricas, bem humoradas, (às vezes não) acontecidas aqui no nosso pedacinho de chão.

É mais um romance com fatos, estórias e histórias de nossa região, inspirado em trabalhos literários do insigne Professor Abnael Machado de Lima.

Esse romance deverá ser publicado até março do próximo ano, porque a Esperança é a última que morre!

 *Membro Fundador da Academia Guajaramirense de Letras-AGL e Membro Efetivo da Academia de Letras de Rondônia-ACLER.

                      
 

 

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