Sábado, 30 de abril de 2011 - 19h37
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| "Movimento", jornal da imprensa alternativa, publicou reportagem especial em 1980, mostrando a luta missionária em diversas regiões do País /REPRODUÇÃO: VALDENIR REZENDE |
MONTEZUMA CRUZ
No final dos anos 1970 perseguiam padres do Araguaia até Rondônia. Na Prelazia de São Félix do Araguaia (MT) os lavradores diziam: "Se vierem buscar o bispo Pedro nós esconde ele nas matas e nunca mais que o governo acha." Era muito amado esse homem, provalmente o mais forte sinônimo daquele Araguaia tão sofrido, perseguido, escorraçado pela repressão durante a ditadura militar.
Queriam expulsar dom Pedro do País. Expulsaram um, o "boi de piranha Vitor Miracapillo", quando na verdade queriam atingir outros e bani-los de Mato Grosso, do Pará, de Rondônia, da Amazônia.
No começo de 1980 Pimenta Bueno conheceu o solidário homem de fé, nem por isso destemido, Padre Giovanni Zanotto. Nascido em Verona (Itália) e levado pela Igreja para a Amazônia Ocidental Brasileira pela Congregação dos Missionários Combonianos, com menos de um ano de trabalho na paróquia ele conquistava a confiança de pequenos agricultores e de posseiros.
Obviamente, Zanotto, o conhecido João Caboclo, não despertava simpatia alguma entre alguns fazendeiros daquela região. Tinha 50 anos de idade, havia trabalhado em São Gabriel da Palha e Ibiraçu (ES) e seus dois irmãos Agostinho e Luiz eram também religiosos, da mesma Congregação à qual pertenciam na época os padres Afonso Tebaldini (Campo-Erê-SC) e Ezechiele Ramin (Cacoal-RO).
Falava a mesma linguagem camponesa e a dos mais simples moradores de Pimenta Bueno. Identificava-se com suas agruras, compartilhava suas alegrias. Estava em casa, tão bem situado quanto o seu antecessor, padre José Cavallieri, que se transferia para Tangará da Serra (MT).
Foi por essa identificação que os moradores receberam com indisfarçável descontentamento a notícia de que a Secretaria de Segurança Pública de Rondônia designava um delegado especial apenas para enquadrar João Caboclo em vários artigos do Código Penal. Acusavam-no de "deslocar sinais divisórios invadir a propriedade alheia e incitar posseiros ao crime". O padre fora acusado de "incentivar um grupo de posseiros a invadir a Fazenda São Felipe". A própria secretaria cuidava de espalhar que ele colocava cruzes na estrada, indicando locais para essa ocupação. Rapidamente nascia o mito "padre da Via Sacra". Mais: aproveitavam o embalo para responsabilizá-lo pelo fato de oito pessoas terem saído feridas num tiroteio com jagunços, no início de dezembro de 1980.
A Prelazia de Ji-Paraná defendia o padre, mas "as feras" estavam soltas contra ele. A situação resultou numa inédita reunião entre o Bispo Dom José Martins da Silva e os sacerdotes estrangeiros que atuavam ao longo da rodovia BR-364, a maioria deles, italianos. E eles perguntavam: por que fazer do caso de Pimenta Bueno uma situação tão especial diante de tantos problemas fundiários em todo o território nacional e a Igreja tinha a mesma linha de atuação? Por que mais uma perseguição contra um padre estrangeiro? Por que não punir os verdadeiros responsáveis pelas situações de conflito?
João Caboclo nem estava na região quando ocorreu o enfrentamento no qual dois posseiros garantiam seus direitos a dois pequenos lotes. E a tal Via Sacra tão repetida no inquérito policial era uma demonstração clara daquilo que fazendeiros, prefeito e seus asseclas pretendiam fazer, ou seja, arranjar um motivo para enquadrar o padre na famigerada Lei de Segurança Nacional e expulsá-lo do País. Corajosamente, dom José confirmava a quem quisesse ouvir, registrar ou acalguetar: "Realmente, ele fez a procissão, mas dentro de um caráter religioso e fora da fazenda". As 14 cruzes tão temidas, então, correspondiam às 14 estações da Via-Sacra. E a procissão em Pimenta Bueno fora seguida de orações acompanhadas por centenas de fiéis. "Quem marca a terra é o Incra", decretava o bispo. Ou pelo menos é isso o que deveria fazer.
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