Sábado, 30 de outubro de 2010 - 21h31
RONDÔNIA DE ONTEM
.jpg)
MONTEZUMA CRUZ
Editor de Amazônias
Não se pode creditar totalmente aos garimpeiros a descoberta das “fofocas” de ouro ao longo do Rio Madeira. Em 1977 uma matéria deste repórter no jornal Folha de S. Paulo revelava que a Construtora Andrade Gutierrez já estava de olho nos aluviões para faiscar o metal. Sete anos depois veio a CR Almeida, igualmente interessada e que escreveu um capítulo de violência no Garimpo de Periquitos, na BR-364, rumo ao Acre.
Não foram apenas os garimpeiros os donos da notícia. O próprio Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) alardeava o Projeto Noroeste de Rondônia, pouco preocupado em esconder a vinda de empresas construtoras para pesquisar a região.
![]() |
| No subsolo das regiões do Machadinho e do Jamari, garimpos de cassiterita deixaram marcas na floresta que também foram destruídas por máquinas gigantes /GILSON COSTA-Arquivo IBGE |
Situado na porção norte ocidental do Território Federal de Rondônia, esse projeto compreendia 60,1 mil km² de águas e subsolo ricos em ouro, cassiterita, paládio, pirita, manganês, wolframita e outros minerais. Daí para a corrida dos garimpeiros foi um pulo, já que a lavra de cassiterita fora proibida por uma portaria do ex-ministro das Minas e Energia, Antonio Dias Leite.
Rondônia foi considerada durante muitos anos a maior Província Estanífera do País. Essa história começou em meados de 1952, quando alguns garimpeiros de diamantes encontraram um minério preto e pesado no Rio Machadinho. Imaginavam que fosse rutilo, era cassiterita.
Joaquim Pereira da Rocha viu um rebuliço de gente no seu Seringal União e, mais que depressa, combinou uma conversa com o geólogo Donald Campbell. Após analisar o material coletado, Campbell constatou a riqueza ali existente. Rapidamente, a informação correu léguas na floresta, despertando outros seringalistas.
SeuRocha, como era conhecido, foi recebendo então em suas terras centenas de homens vindos do Amazonas, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco e Piauí. Só no Seringal União ele comandava quatrocentos homens que dormiam em redes amarradas no alto dos barracões, para não serem surpreendidos por onças.
Começava a cata do minério de estanho, que em seguida originou a lavra mecanizada. Oito anos após a descoberta, em 1960, o preço do minério e os lucros compensadores atraíram para cá grandes grupos exploradores nacionais e multinacionais: Companhia de Mineração Jacundá, Brascan (Brasil-Canadá), Oriente Novo S/A, Brumadinho (Itaú), Taboca S/A, Brasiliense S/A e Mibrasa (Phibro-Cesbra).
O negócio prosperou. Em 1976, por exemplo, a Mineração Paranapanema gastou mais de 220 mil litros de gasolina e 4,12 milhões de litros de óleo diesel para fazer funcionar suas máquinas, motores, veículos e casa de força. A maior parte da produção destinava-se à fabricação de folhas de flandres pela Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda (RJ).
A lavra era onerosa porque ainda não havia energia elétrica. Iniciada em 1982, a Hidrelétrica do Rio Jamari só funcionou 14 anos depois, quando essas poderosas empresas já encerravam as atividades, deixando, além dos desempregados, crateras cheias de lama.
Siga montezuma Cruz no

www.twitter.com/MontezumaCruz
ANTERIORES
►Em 1984, cheia, naufrágio, apagão e protesto
►No começo da viagem, charque e farinha; em Rondônia, malária
► Angelim tenta frear migrantes expulsos pela seca no sul
►Propostas renovadas e peões em fuga
►Antes do Estado, a escravidão
►'Índio bom é índio morto'
► Chacinas indígenas marcaram para sempre a Amazônia Ocidental
►'O coração do migrante é verde'
►O futuro no Guaporé, depois Cone Sul
► Coronel é flagrado de madrugada, levando peões para o Aripuanã
Sábado, 8 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)
Este é o patrimônio verde rondoniense em tempos de COP-30
Estão em Rondônia dez das 805 Reservas Naturais do Patrimônio Natural (RPPNs) do País. Elas são áreas protegidas, de acordo com o Sistema Nacional d

Já se passam 82 anos, desde o incentivo do Banco da Borracha à presença da VERT
Porto Velho ainda pertencia ao Amazonas no final de fevereiro de 1943, quando o diretor do Banco de Crédito da Amazônia), Ruy Medeiros, visitava a Ass

Porto Velho já recuperava locomotivas na década de 1940
Porto Velho salva locomotivas desde o início do Território Federal do Guaporé, em 1943. A mecânica com a utilização de mão de obra local vem de long

Ditadura deu cadeia a militar que governou Rondônia duas vezes, operando milagres
A história do tenente-coronel paraquedista Abelardo e Alvarenga Mafra, ex-governador do extinto Território Federal do Guaporé não aparece em livros, t
Sábado, 8 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)