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Montezuma Cruz

Mandioca também tem seu dia




Mandioca também tem seu dia. Com festa e audiência pública
 

MONTEZUMA CRUZ
Agência Amazônia

BRASÍLIA – Descoberta pelos índios e globalizada pelos portugueses, a mandioca mereceu uma audiência pública na Câmara Municipal de Cruz das Almas (BA), a 146 quilômetros de Salvador, no Recôncavo Baiano. Será nesta quarta-feira, às 15h. A planta originária da Amazônia há mais de 10 milênios – segundo estudos de DNA feitos pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) –motivou um debate entre especialistas e políticos locais. 

Ao prestar a informação à Agência Amazônia, o pesquisador Joselito da Silva Motta lembrou um fato pouco conhecido na maioria das escolas brasileiras e até mesmo nas faculdades de Direito do País: “A mandioca sempre foi importante para o Brasil. Prova disso é que a nossa primeira Constituição, em 1824, recebeu o nome de Constituição da Mandioca”. Na área externa do prédio da Câmara, em padarias, pizzarias e restaurantes da cidade, haverá degustação de mingau de tapioca, pão com fécula, pizzaioca (pizza com massa de tapioca, sem trigo) e maniçoba (prato de origem indígena que usa as folhas da mandioca como principal ingrediente).

Valorização 

Mandioca também tem seu dia - Gente de Opinião
Joselito Motta prepara a pizzaioca, num restaurante de Rio Branco-AC / AGEAMAZ


Motta explica que a data foi criada em 2007 pela Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, com sede em Cruz das Almas. Séculos depois da chegada do almirante português Pedro Álvares Cabral ao Brasil, a mandioca é cada vez mais valorizada. Segundo Motta, que costuma viajar por diversos estados brasileiros para divulgar as conquistas científicas dessa unidade de pesquisa vinculada ao Ministério da Agricultura, hoje a mandioca tem diversos usos na alimentação humana, animal e principalmente na área industrial.

Na área industrial, a fécula e os amidos modificados da mandioca são matérias-primas para papéis fotográficos, colas, cervejas, tintas, vestuário e embalagens biodegradáveis, em substituição a derivados de petróleo, entre outras aplicações. Numa das suas viagens à Amazônia – desde o ano passado, ele esteve em Manaus, Belém e Rio Branco, entre outras cidades – o pesquisador viajou para Sena Madureira e Cruzeiro do Sul – ambas no Estado do Acre –, para ensinar pequenos produtores a fabricar beijus coloridos e suco de mandioca.

Resgate 

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Alunos de uma escola em Sena Madureira (AC) experimentam o suco de mandioca / AGENCIA AMAZÔNIA
Hoje, tempo em que ingredientes regionais vêm sendo resgatados pela gastronomia brasileira, a mandioca ressurge com força. Chefs de cozinha de todo o País estão descobrindo a sua versatilidade, a exemplo de Iracema Sampaio (MS), Margarida Nogueira e Tereza Corção (RJ), Alex Atala e Neide Rigo (SP), Rafael Sessenta e Beto Pimentel (BA), Bete Beltrão e Dona Lucinha (MG). Eles a utilizam com freqüência nos cardápios dos seus restaurantes.

Em Rio Branco, capital acreana, o pesquisador Motta ensinou pizzaiolos do Restaurante “A Princesinha” a fazer a pizzaioca, uma das 300 receitas do livro de Iracema Sampaio. Animado, o proprietário do restaurante, empresário Roberto Veira de Oliveira, planeja com o deputado federal Fernando Melo (PT-AC) o Festival da Mandioca, em Porto Acre, em data a ser anunciada esta semana.
No plano social, muitas iniciativas surgem nos níveis estaduais e municipais, entre as quais, projetos de lei incentivando o uso da mandioca na merenda escolar. Seguindo o município de Conceição do Coité, que utiliza a iguaria desde 2005, a Prefeitura de Cruz das Almas incorporou os beijus de tapioca à merenda escolar desde o início do ano.

No Acre, o prefeito de Sena Madureira, Nilson Areal (PR), aguarda autorização da Secretaria de Educação do estado para introduzi-los na merenda escolar. O teste foi feito, com aprovação geral dos alunos de uma escola pública. Mandioca também tem seu dia - Gente de Opinião

Para o presidente da Câmara de Vereadores de Cruz das Almas, Osvaldo da Paz, a iniciativa melhora a alimentação dos alunos e contribui para a melhoria da renda do município. “As farinhas, as tapiocas e os beijus são adquiridos dos agricultores familiares, o que vai melhorar certamente a sua qualidade de vida”, ele afirma.


PROGRAMAÇÃO

▪ Quarta-feira, às 15h: palestra “Uma exaltação à raiz do Brasil: do descobrimento aos dias atuais”, ministrada pelo pesquisador Joselito Motta.

▪ Em seguida, painel sobre as ações atuais e futuras da cultura da mandioca, com representantes da Embrapa, da gerência regional da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola e da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente do município.

▪ O evento será encerrado com um debate coordenado pelo presidente do Fundo Municipal de Apoio Comunitário, Pedro Andrade. 


Fonte: Montezuma Cruz - A Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopinião e do Opinião TV.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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