Sábado, 21 de maio de 2011 - 07h24
MONTEZUMA CRUZ
Editor de Amazônias
Quase três meses depois de conhecido, o garimpo de Serra em Calças – “uma segunda Serra Pelada” – ainda é uma aventura. Não há controle da produção e já surge uma ameaça: a Atinambé Minérios, que detém 50 mil hectares com alvarás de pesquisa, não decidiu se libera pelo menos mil, como propõe a Companhia de Mineração de Rondônia (CMR).
Assim eu abria a reportagem “Impasse preocupa garimpeiros que estão na Serra Sem Calças” (Jornal do Brasil, 31.10.1983, 1º caderno). Segundo o presidente da CMR, geólogo Djalma Xavier de Lacerda, o impasse aumenta, pois as chuvas de fim de ano provocarão uma debandada dos garimpos de Embaúba, no Rio Madeira (a maior ocorrência de ouro de aluvião no estado), para Jaru, a 280 quilômetros da capital. Para Lacerda, é necessário e urgente um em entendimento: “Estamos numa posição delicada.”
A produção média de dez quilos de ouro por semana animou não só os garimpeiros, mas principalmente a Atinambé, um dos quatro grupos fortes que exploram minério na Província Estanífera de Rondônia. Significou também, conforme o prefeito Leomar Baratella (PDS), “menos desemprego na região”. “Até se esqueceram das lavouras de cacau e café”, comentou.
Preocupado com a situação indefinida da área – a Atinambé ainda não decidiu colocar a lavra mecanizada – o presidente da CMR foi a Brasília, onde expôs ao ministro das Minas e Energia, César Cals, a necessidade de a empresa iniciar imediatamente as atividades. Lacerda advertiu: “É melhor que ela abra mão desses mil hectares de terras antes que seja tarde e dê confusão.”
Os garimpeiros já bamburraram em três ou quatro propriedades agrícolas da Linha 603 do Projeto Padre Adolpho Rohl, do Incra, a 33 km de Jaru.
Somente agora, depois de o Sindicato dos Garimpeiros de Rondônia anunciar um manifesto encaminhado ao ministro e ao Governo Federal, no qual pede garantia para o prosseguimento da exploração mineral é que perfuraram os primeiros poços no local. Não existe água e, para matar a sede, eles adquirem garrafas plásticas a 700 cruzeiros cada uma. Mas há promessas de melhorias.
“Não queremos ajeitar a estrada, onde tem até atoleiro. Precisamos cadastrar todos, só que essa legalização virá a partir do respeito dos garimpeiros às delimitações da Atibambé e vice-versa”, argumentou Lacerda.
A Delegacia da Receita Federal em Porto Velho informa estar disposta ao trabalho de cadastramento, “desde que o garimpo seja oficialmente reconhecido.”
Enquanto o presidente da CMR atesta a “fácil recuperação” do ouro das grotas da Serra Sem Calças, os que se dedicam a extraí-lo enfrentam dificuldades – às vezes se leva um dia para se obter dez gramas – e queixam-se do preço pago por um grama: 14 mil e 500 cruzeiros. Em Jaru e Porto Velho as lojas pagam 16 mil cruzeiros e ainda alegam que o ouro de Embaúba “é quase 10% superior em qualidade ao da mina.”
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