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Montezuma Cruz

Em Rolim, impugnados cantam de galo


 

Em Rolim, impugnados cantam de galo - Gente de Opinião
Parece a primavera de antigamente: ipê-amarelo enfeita a paisagem seca da segunda-feira na principal avenida de Rolim de Moura /FOTOS MONTEZUMA CRUZ

MONTEZUMA CRUZ
Amazônias

 

 
 

ROLIM DE MOURA, Zona da Mata (RO) – Na internet e nos canteiros da Avenida 25 de dezembro, as candidaturas seguem ao sabor do vento no reduto eleitoral do ex-governador, do vice, do senador que já relatou o Orçamento Geral da União e liderou a Bancada do PMDB. Enfim, a cidade de 35,4 mil eleitores, detentora da mais forte representatividade política de Rondônia ostenta uma campanha sem a menor preocupação com impugnações do Tribunal Regional Eleitoral.

 

Farta propaganda dos candidatos está exposta em diversos pontos da avenida. Automóveis e caminhonetes com alto-falantes circulam em todos os quadrantes, com músicas de campanha e apelo ao eleitorado.

 

Na semana passada, o PMDB inaugurou a nova sede do seu diretório e seus candidatos ao governo e à reeleição caminharam entre estandes, restaurantes e parque de diversões, cumprimentando o público na exposição agropecuária.

 

 

Em Rolim, impugnados cantam de galo - Gente de Opinião
Expedito Júnior, senador cassado, não parou um minuto: está na Internet e nos cartazes espalhados pelas ruas e avenidas da cidade que o elegeu e torceu o nariz para sua cassação.


 

PT não aparece

 

Intocáveis, o ex-governador Ivo Cassol (PP) e o ex-senador Expedito Júnior (PSDB) pousam para a foto ao lado de seus principais correligionários, candidatíssimos. Cassol aparece com João Cahulla (PPS) e Júnior, com o vice, Miguel de Souza, com os candidatos a deputado federal Aguinaldo Muniz, e à Assembléia Legislativa, Milene Mota.

 

Até o momento não se vê um só cartaz do PT e de seu candidato ao governo, deputado Eduardo Valverde. Mesmo assim, o candidato deverá confirmar o dia do corpo a corpo que deve ser feito no território dos seus principais adversários. Terá que chegar com fôlego, por óbvios motivos.

 

O que pode ser ruim para Rondônia ou para o País, em tempos de caça aos fichas-sujas, é visto até com indiferença para a população em geral. Cassol é Cassol. Ao sair do PPS e se filiar ao PP, deixou de cumprir os requisitos legais da Justiça Eleitoral. A Procuradoria Eleitoral acionou-o por isso. No entanto, sempre soube espernear bem nos recursos apresentados aos tribunais superiores, sejam quais forem os motivos – pessoal ou governamental.

 
 

Em Rolim, impugnados cantam de galo - Gente de Opinião
Senador Valdir Raupp, deputada Marinha Raupp e prefeito Confúcio Moura: o trio forte do PMDB também é visto na cidade que detém os mais altos cargos da política rondoniense.



 

Costa aquecida

 

Cahulla é o candidato da máquina, em que pesem possíveis obstáculos motivados pela mulher dele, Marli Aparecida Cahulla, que foi secretária de educação e teve os bens indisponíveis em conseqüência de processo judicial no qual é acusada de participar no desvio de recursos no total de R$ 2,4 milhões.

 

Expedito ostenta, desde antes da cassação, seus fortes laços com os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e José Sarney (PMDB-AP). Ambos lhe ampararam em momentos delicados da vida pública e até hoje nunca lhe fecharam as portas. As relações de Júnior com Jucá, dizem aqui, datam da época em que o cearense adotado por Roraima presidiu a Funai, facilitando a retirada de madeira nobre das reservas indígenas em Rondônia, principalmente na Zona da Mata e do Cone Sul do Estado.

 

No twitter, o ex-senador anuncia um comício para o próximo dia 17 de agosto, às 20h, no Bairro Socialista, em Porto Velho. Se ele fará barulho naquele bairro poeirento, ora enlameado e sempre perigoso por causa do esgoto a céu aberto, imagine-se a festa que sua equipe já organiza para o centro de Rolim de Moura.

 
 
 

Em Rolim, impugnados cantam de galo - Gente de Opinião
Imagens de Cahulla e Cassol estão nos cartazes e em placas de madeira.


 

Presídio e CPMF, bandeiras

 

Quando anunciou na TV que, se eleito, implodirá o Presídio Urso Branco para erguer no lugar dele uma penitenciária nos moldes industriais, Júnior também puxou para si o apoio direto de madeireiros ilegais. Lamentou que “o madeireiro em Rondônia ainda seja tratado como bandido”.  

 

Persuasivo, lembrou ter ajudado a derrubar a (antiga) Contribuição Provisória sobe Movimentações Financeiras (CPMF), e com isso quis demonstrar que o fim “desse imposto da saúde” não alterou o destino da saúde brasileira. O presidente Lula repetira que isso aconteceria.

 

Cahulla, que “vende” o peixe da continuidade da administração Cassol, aceitou hoje o desafio de ir fazer uma caminhada em Ariquemes, território do candidato peemedebista Confúcio Moura. Ali chegou, acompanhado candidato a vice, Tiziu Jidalias.


Em Rolim ainda não há empolgação nas ruas. Conversas ao pé do ouvido indicam que os desentendimentos entre Cassol e Júnior, somados às impugnações das candidaturas, arranharam, mas não produziram uma hecatombe na sucessão. Ou no continuísmo, como queiram os mais exigentes analistas. Tudo como antes.
 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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