Sábado, 21 de julho de 2012 - 19h25
MONTEZUMA CRUZ
Editor de Amazônias
No Igarapé Balateiro, “lagoas milagrosas” –mais uma matéria deste repórter publicada em 30 de dezembro de 1984 no saudoso Jornal do Brasil.
Campo Novo – Seis e meia da manhã no Igarapé Balateiro: centenas de garimpeiros começam a lavar cascalho numa área onde o programa de sondagem da Brascan executou oito furos, totalizando 264 metros. O sol brilha nas águas, penetrando nas copas das árvores. Há entusiasmo, apesar da difícil lida: “Essas lagoas são milagrosas; se o governo abrir o garimpo de verdade nós vamos tirar muita cassiterita daí”, diz o baiano João Rezende da Silva, 44 anos, que já passou por todos os garimpos famosos da Amazônia.
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Em 1985 garimpeiros, moradores e parceleiros denunciaram ameaças, agressões e humilhações da Brascan em Campo Novo /GE9ESTANHO |
Campo Novo começa outra vez. “Malária é um risco que a gente corre” – diz José Freitas da Silva, seuZé, 65 anos, pernambucano, há 41 em garimpos. Conta que só apanhou malária em Imperatriz, no Maranhão. À sua frente, dezenas de motores de 20 a 30 HPs acionam o processo de sucção das largas e compridas mangueiras. Atrás de seuZé, diversos doentes enrolados em redes e cobertores.
O garimpeiro conhecido por Nenê aproxima-se, reclama a presença da Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucam) e manifesta uma “certeza”: segundo ele, o ministro da Minas e Energia vai ajudá-los. Em duas semanas de serviço, auxiliado por sete homens e utilizando as conhecidas chupadeiras, ele apurou quase uma tonelada de cassiterita.
Depois de três dias negociações em Porto Velho, tentando entrevistar-se com autoridades da segurança pública, especialmente do Comando da Polícia Militar, o comerciante e garimpeiro Luiz Gonzaga Feitosa, o Açougueiro, voltava para Campo Novo com um consolo: o Sindicato dos Garimpeiros de Rondônia expedia nota denunciando sua intercessão em favor dos trabalhadores naquela área.
O presidente do sindicato, Antônio Nunes Cardoso, o Canhoto, pedia providências contra a ação de jagunços a serviço de empresas mineradoras e de fazendeiros. A demora na chegada da PM facilitava a violência e a impunidade naquela região.
A PM ia sim, mas para fazer cumprir mandado judicial em favor da Brascan, no sentido de desalojar os garimpeiros “clandestinos.” “Ameaças, agressões e humilhações das quais vêm sendo vítimas garimpeiros, moradores e parceleiros, evidenciam-se no clima de instabilidade e tensão de toda ordem, por causa das arbitrariedades dos jagunços da (mineradora) Brascan, chefiados pelo coronel Fernandes e pelos jagunços comandados por Josafá”, dizia a nota.
Os jagunços andavam bem armados, causando uma situação de total intranqüilidade, ditando normas e semeando a discórdia. O sindicato pedia a intervenção da secretaria de segurança pública para preservar a comunidade de Campo Novo.
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