Sábado, 29 de dezembro de 2018 - 09h27

Lembro de pequena – na época era assim, na marra, a tal educação – minha mãe me levar para perder o medo do mar. Praia de José Menino, Santos, São Paulo. Até hoje penso no medo, e o que é pior, na forma com que ela, assim agindo, conseguiu foi me dar mais medo ainda. Num instante, me deu o tal caldo, mergulhou minha cabeça, certamente contra minha vontade. Foi horrível. Aquela água salgada que engoli, mas voltando à tona e reagindo. Levei anos, muitos, para me livrar desse medo, finalmente aprender a nadar, e mesmo assim não costumo me aventurar muito para longe do solo mais seguro, a areia.
Mas fiquei esperta para a vida, as marés, as águas salgadas, os mergulhos, tantos que ao longo da vida todos nós encontramos, e de onde temos de fazer tudo para sair da melhor maneira possível, mesmo que com alguns arranhões. Há um paralelo entre esse fato e tudo o que enfrentamos ano após ano, e que acaba sendo aprendizado de sobrevivência.
Temos de enfrentar, ir, mergulhar, percorrer, senão como saber? “Se não fui acho que deveria ter ido”; depois pode ser tarde. A vida é imprevisível tanto quanto pode ser. Penso se não é essa angústia que aparece nessa época, de final de ano, entrada de outro.
A gente pensa se vai de roupa nova, qual cor, a cor da calcinha, faz listas de metas e decisões, e revisa o que fez exatamente da mesma forma no final do ano anterior. Se alegra com o que obteve, repete na lista atual o que faltou, acrescenta desafios. Meia noite, uma hora da manhã por aqui nesse horário de verão que muda o tempo, depois de saber que o resto do mundo já chegou no Ano Novo. Corre! Depois de poucos dias, engolidos pela realidade, algumas metas passam a ser de tempos menores, um mês, uma semana, 24 horas. Nadando para alcançar alguma margem segura.
Lá vamos nós. Será um ano de novidades, especialmente pela chegada de um novo governo com muitas pessoas diferentes das habituais, e das quais temos poucas referências, e algumas que temos são bem preocupantes para quem já tomou um caldo. Já teve a cabeça mergulhada. Resta apenas que a gente espere. Mas agora, com mais segurança, com a sabedoria de quem já viveu para ver e até pouco se surpreender com o quanto tudo ainda pode ser possível. Pro bem e pro mal. Mais: com esperança e olhos abertos. Otimismo e olhos abertos. O de sempre e olhos abertos.
Outro dia me toquei que logo entraremos nos Anos 20 deste século, quando há pouco falávamos apenas sobre a história dos Anos 20, 30 do século anterior, sobre aquelas conquistas, os comportamentos, as guerras, a arte. Como passa rápido a existência!
Vamos a ela.
Que os próximos trezentos e tantos dias sejam de Paz, boas notícias, que não percamos nunca a força de enfrentar a maré e voltar à tona. Inclusive fazendo ondas, inventando modas e nos reinventando.
Marli Gonçalves, jornalista – Um beijo em cada um, e a certeza de que estaremos juntos acompanhando o horizonte.
São Paulo, do futuro, e do passado e do presente, 19
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