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Marli Gonçalves

Meio ambiente ao nosso redor


Meio ambiente ao nosso redor - Gente de Opinião

Fiquei emocionada em assistir uma reportagem local sobre a reunião que um grupo de coreanos faz todas as sextas-feiras aqui em São Paulo, no Bairro Bom Retiro, onde vivem, para limpar as ruas. Muitos idosos, coletes amarelos, nas mãos a vara de pegar lixo no chão, recolhem o que encontram. Cuidam das árvores, dos jardins. É a ação real em prol do meio ambiente para todos, o melhor exemplo em tempos de COP30 e suas discussões que ainda parecem tão longe de nós.

De lá de Belém do Pará vemos e ouvimos as autoridades de todo o mundo, com direito a príncipe, sorriem para fotos, prometem mundos e fundos, discutem o que há tempos sentimos na nossa pele, nossa saúde, a crise climática, as emergências e destruições cada vez mais frequentes no planeta. Ano que vem tem mais.

Cada vez mais estou segura e convencida de que ações reais como as do grupo de coreanos, como as que podemos fazer no nosso dia a dia, nos alertas que podemos emitir, na atenção, será fundamental e de resultados. Que a educação, desde o básico, as crianças, e em todos os níveis, trará gerações mais conscientes, até obrigatoriamente. O cenário macro – enchentes, queimadas, derretimento polar, calor e frio extremos, estações desequilibradas – são o resultado distante. Especialmente nas zonas urbanas temos o nosso redor, nossas malcuidadas árvores, ou mesmo a falta delas, a maldita poluição sonora a qual se dá tão pouca atenção, a poluição visual, a poluição do ar, tanto a se fazer. O lixo jogado nas ruas, a falta de lixeiras.

Já contei algumas vezes as encrencas em que já me meti por conta do hábito que não sei de onde vem de jogarem lixo – de todos os tipos - no pé das árvores. Inclusive lixos visivelmente propositais para assassiná-las, como óleo quente. Olham feio e costumam ainda justificar com “o caminhão vai passar”, “o que você tem com isso?”. Tem quem ainda justifique o crime, reclame da “sujeira” que fazem, que a árvore “atrapalha a visão de seu estabelecimento”. Já ouvi de um tudo. Criei a hashtag #ArvoreNaoELixeira. Uma luta. 

Sozinha, cansa. Essa semana mesmo vi e fiquei triste que só restaram tocos de duas árvores que costumava observar. Fora a Prefeitura de São Paulo onde você pode enumerar protocolos, fazer um colar com os números que ficam sem resposta. Pior, cada dia mais autorizam a derrubada de centenas para a construção de condomínios – sempre muito esquisitas aprovações, acima e contra a opinião da comunidade. As podas, quando ocorrem, são barbeiragens. A única vez que fui atendida com presteza em uma reclamação foi quando acionei a Guarda Florestal. Nesse caso planejavam derrubar uma árvore sã. Salva!

Daí me emocionar com a ação dos coreanos e os resultados visíveis. O diplomata coreano disse na reportagem que a ação é baseada na gentileza e na teoria das “janelas quebradas”. Essa teoria foi desenvolvida em 1982, pelo cientista político James Q. Wilson com o psicólogo criminologista George L. Kelling. Distinguiram uma relação de causalidade entre desordem e até a criminalidade: a janela quebrada, se mantida, mostra desleixo, impunidade, desordem, e favorece ainda mais desleixo, impunidade, desordem, em um ciclo terrível. Teoria aplicada ainda às questões de violência e crimes: a falta de atenção a pequenas infrações transmite a mensagem de que ninguém se importa.

Tem toda uma lógica. Podemos fazer muito. O momento é agora, e ao nosso redor. Inclusive enquanto eles lá em cima falam e discutem se vão abrir a carteira, deixar cair umas moedas para nos salvar a todos.

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, cronista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano - Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon). Vive em São Paulo. marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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