Sábado, 8 de novembro de 2025 - 08h05

Fiquei emocionada em assistir uma reportagem
local sobre a reunião que um grupo de coreanos faz todas as sextas-feiras aqui
em São Paulo, no Bairro Bom Retiro, onde vivem, para limpar as ruas. Muitos
idosos, coletes amarelos, nas mãos a vara de pegar lixo no chão, recolhem o que
encontram. Cuidam das árvores, dos jardins. É a ação real em prol do meio
ambiente para todos, o melhor exemplo em tempos de COP30 e suas discussões que
ainda parecem tão longe de nós.
De lá de Belém do Pará vemos e ouvimos as autoridades de
todo o mundo, com direito a príncipe, sorriem para fotos, prometem mundos e
fundos, discutem o que há tempos sentimos na nossa pele, nossa saúde, a crise
climática, as emergências e destruições cada vez mais frequentes no planeta.
Ano que vem tem mais.
Cada vez mais estou segura e convencida de que ações reais
como as do grupo de coreanos, como as que podemos fazer no nosso dia a dia, nos
alertas que podemos emitir, na atenção, será fundamental e de resultados. Que a
educação, desde o básico, as crianças, e em todos os níveis, trará gerações
mais conscientes, até obrigatoriamente. O cenário macro – enchentes, queimadas,
derretimento polar, calor e frio extremos, estações desequilibradas – são o
resultado distante. Especialmente nas zonas urbanas temos o nosso redor, nossas
malcuidadas árvores, ou mesmo a falta delas, a maldita poluição sonora a qual
se dá tão pouca atenção, a poluição visual, a poluição do ar, tanto a se fazer.
O lixo jogado nas ruas, a falta de lixeiras.
Já contei algumas vezes as encrencas em que já me meti por conta do hábito que não sei de onde vem de jogarem lixo – de todos os tipos - no pé das árvores. Inclusive lixos visivelmente propositais para assassiná-las, como óleo quente. Olham feio e costumam ainda justificar com “o caminhão vai passar”, “o que você tem com isso?”. Tem quem ainda justifique o crime, reclame da “sujeira” que fazem, que a árvore “atrapalha a visão de seu estabelecimento”. Já ouvi de um tudo. Criei a hashtag #ArvoreNaoELixeira. Uma luta.
Sozinha, cansa. Essa semana mesmo vi e fiquei triste que só
restaram tocos de duas árvores que costumava observar. Fora a Prefeitura de São
Paulo onde você pode enumerar protocolos, fazer um colar com os números que
ficam sem resposta. Pior, cada dia mais autorizam a derrubada de centenas para
a construção de condomínios – sempre muito esquisitas aprovações, acima e
contra a opinião da comunidade. As podas, quando ocorrem, são barbeiragens. A
única vez que fui atendida com presteza em uma reclamação foi quando acionei a
Guarda Florestal. Nesse caso planejavam derrubar uma árvore sã. Salva!
Daí me emocionar com a ação dos coreanos e os resultados
visíveis. O diplomata coreano disse na reportagem que a ação é baseada na
gentileza e na teoria das “janelas quebradas”. Essa teoria foi desenvolvida em
1982, pelo cientista político James Q. Wilson com o psicólogo criminologista
George L. Kelling. Distinguiram uma relação de causalidade entre desordem e até
a criminalidade: a janela quebrada, se mantida, mostra desleixo, impunidade,
desordem, e favorece ainda mais desleixo, impunidade, desordem, em um ciclo
terrível. Teoria aplicada ainda às questões de violência e crimes: a falta de
atenção a pequenas infrações transmite a mensagem de que ninguém se importa.
Tem toda uma lógica. Podemos fazer muito. O momento é
agora, e ao nosso redor. Inclusive enquanto eles lá em cima falam e discutem se
vão abrir a carteira, deixar cair umas moedas para nos salvar a todos.
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MARLI GONÇALVES – Jornalista, cronista, consultora de
comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano - Bom
para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na
Amazon). Vive em São Paulo. marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br
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