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Gente de Opinião

Marli Gonçalves

Barata voa, zaralho


 
Por Marli Gonçalves

Esse é o nosso cotidiano. Todo dia ela faz tudo sempre igual. Fica irritada, bate o pé. Se resolve falar, o que emite são frases entrecortadas e sem sentido, nunca um mínimo de direção. Faz uma cara que tenta ser de boa, "a calma", "a democrática", mas é indisfarçável aquele ódio todo fervendo por dentro. Ela odeia a gente. Diz que é vítima da sociedade cruel, incompreensiva.Barata voa, zaralho - Gente de Opinião

A premissa que uma equipe deva ser e funcionar como uma orquestra decididamente não se aplica à política executada pela nossa presidente maestrina (aqui tem feminino específico como a senhora gosta) e seus tocadores de bumbo para louco bater, que dia após dia perdem mais um naco de suas capacidades e argumentações para defender o que nem mais eles sabem o quê. Não tem conjunto essa obra. Nem do ponto de vista social nem econômico, nem ético, nem de cidadania, muito menos de pessoalidade, afeição, consideração. Entendem? Parecem crianças de famílias diferentes jogadas no playground de uma creche para ficar juntas, obrigadas senão levam palmadas, realmente se divertindo só com joguinhos banais, sob o comando de uma bedel rabugenta. Passa-anel, telefone sem fio, batata quente, jogo da velha... Essas pestinhas ficam grudando chiclete no cabelo. Riscando parede e leis. Pondo prego na cadeira. Brincando de pique-pique e esconde-esconde.

Como poderiam se dar bem, pensar juntos, se mal se conhecem, quase nenhuma afinidade têm, a não ser alguma utopia de governo popular de uns e o adesismo descarado de outros? Como poderiam conviver bem, se todos querem beber o sangue dos pescoços, além do nosso, aqui do lado de fora? Criancinhas se borrando todas, como o próprio presidente do partido oficial declarou sobre o governo ser e estar o que há dentro de fraldas sujas.

Todo dia a gente de manhã abre a cortina e encontra ou é informado de uma novidade pior e mais cabeluda que a outra. Cineminha, com fotografias, vídeos reveladores, gravações, enredos elaborados, participação de atores mais do que especiais e suas famílias. Repare só quantas famílias estão embrulhadas nesses casos recentes. Pai e filho. Marido e Mulher. Filhas. Genros. Padrasto ou madrasta ainda não vi. Laranjas, limões e limonadas no café. Com bolachas. E leite mamado de alguma vaca disposta por grana, e nada de grama.

Barata-voa. Barata voa sim. Esse é o clima. Mas quem está gritando de nojo delas somos nós. Andei achando por aí um dicionário especial de gírias que define bem o sentido de barata-voa. Só que me apavorei porque ele é da linguagem militar. Para eles, barata-voa que dizer ação desordenada e desorganizada, bagunça, agitação, ou um zaralho, a palavra que parece a mais expressiva que encontrei, sonora e visualmente, que parece xingamento e não é, para o resumo do momento atual. Zaralho. Que é o mesmo que farândula. Que no fim também é Zorra Total.

Virou uma comédia. Mas nós não podemos mais rir. Muito menos de boca aberta para barata entrar. Ou cobras e lagartos saírem quando resolvermos abrir a boca para reagir de verdade.

São Paulo, chocando ovos de serpente, 2015


Marli Gonçalves é jornalista - Nessa semana vão falar da desgraçada gloriosa, vão brincar de bate-parede na vênus platinada, vão tentar se explicar. Também tentarão nos dissipar. Mas precisamos ser como nuvens, não de gafanhotos, mas de vagalumes, todos com lanternas acesas para iluminar a noite e um novo caminho.

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Tenho um blog, Marli Gonçalves http://marligo.wordpress.com. Vai lá.
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