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Lucio Albuquerque

Valhalla recebeu o mais rondoniense dos nordestinos - Lúcio Albuquerque


Valhalla recebeu o mais rondoniense dos nordestinos - Lúcio Albuquerque  - Gente de Opinião

Lúcio Albuquerque, repórter
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O julho de 2018 tem sido duro para Rondônia, e olha que julho, historicamente, tem sido um mês onde há muito a comemorar por aqui, como o nascimento da mestra Marise Castiel, há um século dia 16; a primeira mulher a pilotar um avião saindo de Porto Velho, Carolina Figueiredo, em 1947 ou, ainda, a primeira impressão de um jornal em Rondônia, “The Porto Velho Times”, em 1909.

Mas este 2017 julho vem abrindo lacunas e deixando rastro de saudades em muita gente, porque esta semana dois nomes maiúsculos da comunidade rondoniense, um deles o sargento Cabo Áureo. O outro, o mais rondoniense de todos os nordestinos que vieram à “terra de Rondon”, Chagas Neto.

Cabo Áureo deixou o nome como um soldado incorporado ao 5º BEC e que mesmo promovido a sargento continuava preferindo ser chamado pelo posto anterior, e reconhecido, como ex-bequianos ou outras pessoas, como uma espécie de “militar-símbolo”. Creio que uma única vez eu tenha conversado com ele, mas tenho a certeza de que o Cabo Áureo tem espaço na nossa história.

No entanto, tenho muitas lembranças de Chagas Neto. Conversei muitas vezes com ele quando contou como foi sua infância em sobral (CE), onde jogou futebol de salão, fundou o Guarany Sporting Club (o Guarani de Sobral), foi do Tiro de Guerra naquela cidade, No final da década de 1960 começou a viajar pelo norte brasileiro até que chegou a Rondônia, na condição de caixeiro viajante do laboratório pertencente à família, chegando, via Madeira-Mamoré, até Guajará-Mirim e, atravessando o Rio Mamoré,  a Guayaramerin, onde há alguns anos uma sócia da farmácia “Santa Cruz” ainda lembrava dele.

Aos poucos Chagas Neto foi se afeiçoando a Porto Velho e, engenheiro, representou a construtora de sua família em licitação na então capital do Território Federal ainda na primeira metade da década de 1970. Ele contava que de início vinha apenas para curtas temporadas que foram, aos poucos, sendo ampliadas até que ficou de vez.

Além da gente da cidade, Chagas Neto tinha outra paixão que só quem frequentava seu escritório, e prestava atenção a detalhes, percebia: sem – como dizia sempre – nunca ter aprendido a tocar sax, era um admirador do som desse tipo de instrumento e se alguém queria fazê-lo sorrir era só na volta da viagem trazer uma imagem de sax ou de saxofonista, e essas peças serviam para decorar seu escritório, paredes e móveis.  

Seu grande amigo Claudinho admitiu uma vez que no início a amizade foi difícil, por causa da disputa de um lote de obras em Porto Velho, onde foram muitos os conjuntos habitacionais construídos por sua empresa, e ainda outros bairros, especialmente na zona leste da capital, que se desenvolveram a partir de ações sociais desenvolvidas pelo “Chaguinha” – como os mais chegados o chamavam.

Mas sua ação também se estendeu a outros municípios, especialmente em Presidente Médici, onde ergueu o primeiro conjunto habitacional. No entanto, Chagas Neto não ficou limitado à construção civil. Mesmo antes de ser eleito deputado federal – em 1986 e um dos que escreveram e subscreveram a “Constituição cidadã”, ele já participava ativamente da política rondoniense. Em 1990 tentou e não conseguiu ser senador.

Em 1984 liderou a escola de samba “Pobres do Caiari”, com novo campeonato da multicampeã, trazendo um dos temas memoráveis do nosso carnaval, “Ceará, Rendas, Lendas e Crenças” ou como ficou mais conhecido, “Ceará de Iracema”, letra de Zé Katraka, Babá e Haroldo Dori.

Conheci e conversei sobre Chagas Neto com muitos de seus muitos amigos, como os jornalistas Zé Katraka e Antonio Queiroz, o piloto Dezival Ribeiro dos Reis, o engenheiro Claudinho, o ex-governador José Bianco, os jornalistas Rochilmer Rocha e Paulo Queiroz, o empresário Bosco Almeida (os três últimos já falecidos) e Chagas foi uma espécie de unanimidade.

Chagas Neto, como outros, tomaram o “expresso da meia-noite neste julho Mas ele, certamente, foi direto para o Valhalla, onde a fila de espera estava grande, pois além de Paulo Queiroz e Rochilmer Rocha, certamente também estavam outros amigos, como o bispo Dom João Batista Costa a quem Chagas sempre referenciava.

À família, minhas homenagens, com um o pedido a Deus que coloque  Chagas num lugar de muita paz, e que  seu exemplo de homem público e cidadão floresçam nesta terra que tanto precisamos de bons exemplos.  

(*) Valhalla, o céu dos guerreiros nórdicos, para onde só vão os melhores dentre os melhores

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