CONTA GOTAS: Data mais importante que a do Estado

Leia no pé da coluna o comentário 17 DE NOVEMBRO: UMA DATA MAIS IMPORTANTE QUE A DO ESTADO  

ATRAPALHAMENTO
Numa cidade com poucas vias de escoamento, fechar a Calama em plena sexta-feira, seja lá para qual evento for, é um absurdo sem tamanho. Típica autorização de quem não tem compromisso nem respeito com o contribuinte. Até quando vamos ficar à mercê de autorizadores como tais?

MÃO-DE-OBRA
Se alguma empresa local tiver interesse em pessoal qualificado para manipulação de flora e fauna, entre em contato com o Batalhão Ambiental da Polícia Militar que está preparando jovens para tal função.

ALMOÇÕ
Quem gosta de buchada de carneiro, carneiro assado, peixe, galinha de vários tipos e uma carne na chapa, num ambiente de muita natureza tendo como primeiro plano um lago, dê uma chegada ao restaurante Bambu, na BR-364, KM 14, sentido Guajará-Mirim. Logo que passar a Vila Princesa, na direita. Das 11 às 16 horas.

BONITO
As meninas da equipe do Genus estão fazendo bonito na Taça Brasil e já estão entre as oito melhores do país. Depois de mandar para o espaço o Andirá (Acre) e o Rio Negro (Manaus), o próximo adversário, quinta-feira que vem, é o Internacional (Maranhão). O segundo jogo é lá em São Luiz. Passando agora as garotas carimbam as passagens para o quadrangular final, em Brasília.

APOIO
Que tal lotar o Aluizáo na quinta-feira para fortalecer a caminhada da equipe capitaneada pela Nenê (duas vezes participante da seleção olímpica, de 1996 e 2000). O Genus joga para a frente e deve fazer com que aquele time do Moto babe de inveja.

17 DE NOVEMBRO:
UMA DATA MAIS IMPORTANTE QUE A DO ESTADO

Numa conversa outro dia com alguns estudantes eu disse uma coisa que, no entendimento de um deles, graduando em História, parece ter soado como heresia. Disse eu Há duas obras que, para Rondônia, são mais importantes que o próprio Estado.

Hein? Como é que é? Você sabe o que está dizendo? Foram algumas das exclamações que ouvi, da mesma forma como na sexta-feira, 16, saí perguntando a várias pessoas, de escolaridades diferentes e profissões idem, Que fato importante para Rondônia aconteceu na data de amanhã? (17)

"Amanhã é bom que é sábado e eu vou para a balada", respondeu uma comerciaria que acrescentou ser estudante de um curso superior. "Eu nem tinha idéia", respondeu um importante jornalista. E por aí afora.

Talvez o leitor queira saber duas coisas, de saída: Primeiro, que datas e fatos são mais importantes para Rondônia do que o próprio Estado; Segundo, afinal, o que se comemora de tão importante neste 17 de novembro.

Vamos por partes: Mais importante para Rondônia e seu desenvolvimento do que a extinção do Território e a criação do Estado é a rodovia BR-364 responsável pelo alavancamento da economia da região e que levou ao entendimento, felizmente numa visão geopolítica boa do então governador Humberto Guedes, e do seu sucessor Jorge Teixeira, de que com base naquele desenvolvimento gerado pela abertura da rodovia, não poderíamos mais continuar como um mero departamento do Ministério do Interior, como Território Federal.

O outro fator, mais antigo, completando-se nesta data 104 anos de vigência, pouca gente por aqui se lembra: Neste dia, enquanto no Rio de Janeiro havia uma batalha campal contra as medidas sanitárias determinadas pelo cientista Oswaldo Cruz, Brasil e Bolívia assinavam o Tratado de Petrópolis, oficialmente Tratado de Permuta de Territórios e outras Compensações , concedendo direito ao Brasil sobre as terras do Acre, mas com o país se obrigando a construir uma ferrovia margeando as cachoeiras do Rio Madeira entre as vilas de Santo Antônio, no Rio Madeira, até Guajará-Mirim, no Mamoré, "com um ramal que, passando por Vila Murtinho ou outro ponto próximo (Estado de Mato Grosso), chegue a Vila Bela (Bolívia), na confluência do Beni e do Mamoré". A ferrovia denominada Madeira-Mamoré gerou a cidade de Porto Velho e o Estado de Rondônia.

É preciso explicar mais? Com certeza nem a famosa incursão do marechal Rondon, implantando a Linha Telegráfica Estratégica em 1907, de Cuiabá a Porto Velho, teria acontecido caso os fatos decorrentes daquele 17 de novembro de 1903 não tivessem ocorrido, da mesma forma como, com certeza, Porto Velho talvez nem existisse e a cidade mais importante da região ainda fosse o – hoje – bairro de Santo Antonio.

Difícil acreditar que pudesse ter aconteceido o 22 de dezembro de 1981 ou o 4 de janeiro de 1982, datas (apenas para lembrar!) da criação e da instalação do Estado.

Interessante neste contexto é a impressionante ausência de memória histórica em Rondônia, onde faculdades particulares e uma universidade federal anunciam cursos, inclusive de História, mas em realidade tanto elas quanto órgãos ligados à cultura e à Educação parece nem fazer questão de lembrar datas e fatos como tais.

Pior para nós, para nossos filhos, para nossos netos para os quais até um dos poucos vínculos culturais que tínhamos, o Céus de Rondônia, vem sendo colocado de lado.

Inté outro dia, se Deus quiser!

Lúcio Albuquerque
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