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Gente de Opinião

Lucio Albuquerque

CONTA GOTAS - 09/08/2009


 
Ao final das notinhas o importante pronunciamento do presidente Oscar Arias, da Costa Rica, na Cúpula das  Américas em Trinidad e Tobago, 18 de abril de 2009 (foi-me enviado pelo advogado Amadeu Machado). E a seguir datas importantes para Rondônia nesta semana de 10 a 17 de agosto.
 
 
LIVRO
Meu livro, Da Caixa Francesa à Internet - 100 anos da Imprensa em Rondônia, pode ser adquirido. Basta ligar para 9965-5835 e fazer o pedido.
 
ACADEMIA
A Academia de Letras de Rondônia, e suas congêneres de Ji-Paraná, Vilhena e Cacoal, já têm definida uma programação até fim do ano. Dia 5 de setembro o Encontro de Escritores e Feria de Livros de Autores Rondonienses, em Ji-Paraná. Lá deverá participar também a Academia de Letras de Ariquemes, a mais jovems do grupo.
 
BLOG
Esta coluna e outras novidades também estão no blog http://100release.blogspot.com
 
 
PARA REFLETIR
Palavras do Presidente Oscar Arias, da Costa Rica, na Cúpula das  Américas em Trinidad e Tobago, 18 de abril de 2009
 
 

"ALGO HICIMOS MAL"


 
CONTA GOTAS -  09/08/2009 - Gente de Opinião


 "Tenho a  impressão de que cada vez que os países caribenhos e latino-americanos se  reúnem com o presidente dos Estados Unidos da América, é para pedir-lhe  coisas ou para reclamar coisas.
Quase sempre, é para culpar os  Estados Unidos de nossos males passados, presentes e futuros.
Não creio  que isso seja de todo justo.  Não podemos  esquecer que a América Latina teve universidades antes de que os Estados  Unidos criassem Harvard e William & Mary, que são as primeiras  universidades desse país.

Não podemos esquecer que nesse continente,  como no mundo inteiro, pelo menos até 1750 todos os americanos eram mais ou menos iguais:
todos eram pobres.  Ao aparecer a  Revolução Industrial na Inglaterra, outros países sobem nesse vagão:  
Alemanha, França, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e  aqui a Revolução Industrial passou pela América Latina como um cometa, e  não nos demos conta.
Certamente perdemos a oportunidade.   Há também uma  diferença muito grande.

Lendo a história da América Latina, comparada  com a história dos Estados Unidos, compreende-se que a América Latina não  teve um John Winthrop espanhol, nem português, que viesse com a Bíblia em  sua mão disposto a construir uma Cidade sobre uma Colina, uma cidade que  brilhasse, como foi a pretensão dos peregrinos que chegaram aos Estados  Unidos.  Faz 50 anos, o  México era mais rico que Portugal.

Em 1950, um país como o Brasil  tinha uma renda per capita mais elevada que o da Coréia do Sul.
Faz 60  anos, Honduras tinha mais riqueza per capita que Cingapura, e hoje  Cingapura em questão de 35 a 40 anos é um país com $40..000 de renda anual  por  habitante.
Bem, algo nós fizemos mal, os latino-americanos.   Que fizemos  errado?

Nem posso enumerar todas as coisas que fizemos mal.
Para  começar, temos uma escolaridade de 7 anos.
Essa é a escolaridade média  da América Latina e não é o caso da maioria dos países asiáticos.  
Certamente não é o caso de países como Estados Unidos e Canadá, com a  melhor educação do mundo, similar a dos europeus.
De cada 10 estudantes  que ingressam no nível secundário na América Latina, em alguns países, só  um
termina esse nível secundário.

Há países que têm uma  mortalidade infantil de 50 crianças por cada mil, quando a média nos  países asiáticos mais avançados é de 8, 9 ou 10.  Nós temos países  onde a carga tributária é de 12% do produto interno bruto e não é  responsabilidade de ninguém, exceto nossa, que não cobremos dinheiro das  pessoas mais ricas dos nossos países.  
Ninguém tem a culpa disso,  a não ser nós mesmos.  

Em 1950, cada cidadão  norte-americano era quatro vezes mais rico que um cidadão  latino-americano.
Hoje em dia, um cidadão norte-americano é 10, 15 ou  20 vezes mais rico que um latino-americano.
Isso não é culpa dos  Estados Unidos, é culpa nossa.  No meu  pronunciamento desta manhã, me referi a um fato que para mim é grotesco e  que somente demonstra que o sistema de valores do século XX, que parece  ser o que estamos pondo em prática também no século XXI, é um sistema de  valores equivocado.

Porque não pode ser que o mundo rico dedique  100.000 milhões de dólares para aliviar a pobreza dos 80% da população do  mundo
"num planeta que tem 2.500 milhões de seres humanos com uma renda  de $2 por dia"
e que gaste 13 vezes mais ($1.300.000.000.000) em armas  e soldados.   *Como disse  esta manhã, não pode ser que a América Latina gaste $50.000*
milhões  em armas e soldados.

Eu me pergunto: quem é o nosso inimigo?
Nosso  inimigo, presidente Correa, desta desigualdade que o Sr. aponta com muita  razão, é a falta de educação;
é o analfabetismo;
é que não  gastamos na saúde de nosso povo;
que não criamos a infra-estruturar  necessária, os caminhos, as estradas, os portos, os aeroportos;
que  não estamos dedicando os recursos necessários para deter a degradação do  meio ambiente;
é a desigualdade que temos que nos envergonhar  realmente;
é produto, entre muitas outras coisas, certamente,
de  que não estamos educando nossos filhos e nossas filhas.   Vá alguém a uma  universidade latino-americana e parece no entanto que estamos nos  sessenta, setenta ou oitenta.

Parece que nos esquecemos de que em 9 de  novembro de 1989 aconteceu algo de muito importante, ao cair o Muro de  Berlim, e que o mundo mudou.
Temos que aceitar que este é um mundo  diferente, e nisso francamente penso que os acadêmicos, que toda gente  pensante, que todos os economistas, que todos os historiadores, quase  concordam que o século XXI é um século dos asiáticos não dos  latino-americanos.
E eu, lamentavelmente, concordo com eles.  

Porque enquanto nós continuamos discutindo sobre ideologias,  continuamos discutindo sobre todos os "ismos"
(qual é o melhor?  capitalismo, socialismo, comunismo, liberalismo, neoliberalismo,  socialcristianismo...)
os asiáticos encontraram um "ismo" muito  realista para o século XXI e o final do século XX,
que é o  *pragmatismo*.

Para só citar um exemplo, recordemos que quando Deng  Xiaoping visitou Cingapura e a Coréia do Sul, depois de ter-se dado conta  de que seus próprios  vizinhos estavam enriquecendo de uma maneira  muito acelerada, regressou a Pequim e disse aos velhos camaradas maoístas  que o haviam acompanhado na Grande Marcha:
"Bem, a verdade, queridos  camaradas, é que a mim não importa se o gato é branco ou negro, só o que  me interessa é que cace ratos".
E se Mao estivesse vivo, teria morrido  de novo quando disse que
"a verdade é que enriquecer é glorioso".  

E enquanto os chineses fazem isso, e desde 1979 até hoje crescem a  11%, 12% ou 13%, e tiraram 300 milhões de habitantes da pobreza, nós  continuamos discutindo sobre ideologias que devíamos ter enterrado há  muito tempo atrás.  A boa notícia é  que isto Deng Xiaoping o conseguiu quando tinha 74 anos.
Olhando em  volta, queridos presidentes, não vejo ninguém que esteja perto dos 74  anos.
Por isso só lhes peço que não esperemos completá-los para fazer  as mudanças que temos que fazer.  

Muchas gracias."  


 

DATAS DE RONDÔNIA
(10 a 17 de agosto)
 
Dia 10 – Em 1940 – O presidente Getúlio Vargas faz em Manaus o Discurso do Rio Amazonas anunciando projetos reais para desenvolvimento da região. (A Questão Geopolítica da Amazônia, Nelson de Figueiredo Ribeiro)
Dia 10 – Em 1960 – Inaugurada a primeira escola em Vilhena, a "Wilson Coutinho", tendo como professora a senhora Noeme Pereira (Vilhena conta sua História, Pedro Brasil_
Dia 10 – Em 1976 – O executor do Incra em Cacoal, Expedito Rafael, entrega documentos dos primeiros lotes urbanos de Rolim de Moura (João Batista Lopes, Rolim de Moura, seus pioneiros e desbravadores)
Dia 11 - Em 1940 - O presidente Getúlio vargas chega a Porto Velho para visita de três horas e fica quase três dias, quando decide criar o Território Federal do Guaporé, mas agregando o município amazonense de Porto Velho à região matogrossense dos rios Guaporé e Mamoré. (Fonte: Professor Abnael Machado de Lima).
Dia 11 – Em 1942 – Fundado em Porto Velho o Aeroclube (Antonio Cantanhede, Achegas para a História de Porto Velho)
Dia 15 – Em 1823 – A Província do Grão Pará (suas terras abrangiam todos Estados da (hoje) Amazônia brasileira) dá sua adesão à Independência do Brasil (A Questão Geopolítica da
Amazônia, Nelson de Figueiredo Ribeiro)

Dia 17 – Em 1981 – O presidente João Figueiredo manda ao Congresso Nacional o projeto de lei que cria o Estado de Rondônia (Lúcio Albuquerque, A Marca da Nossa História (20 anos da ALE-RO)

Lúcio Albuquerque
[email protected]

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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