Segunda-feira, 18 de agosto de 2025 - 08h15
18.08.2025
Mais uma vez tenho a honra de repercutir um
artigo de meu Mestre Higino Veiga Macedo.
Militar
e Diplomacia
(Cel Eng Higino Veiga Macedo)
Uma
Nação que confia em seus direitos, em vez de confiar em seus Soldados,
engana-se a si mesma e prepara a sua própria queda. ([1])
(Spenser Wilkinson)
________________________________________
O diabo é diabo não porque é sábio, mas porque é velho. ([2])
Estamos vivendo talvez a maior tragédia moral do EB.
Pela história, imagino que é bem pior que os “desmantelos” do pós Guerra do Paraguai. Houve a necessidade de Sena Madureira ir a holocausto para a revalorização do Exército.
Em 1955, a eleição de Kubitschek Kubitschek de Oliveira fugia da lógica eleitoral embora a Constituição de 1946 não exigisse a maioria absoluta (metade mais um dos votos válidos). Juscelino teve em torno de 36% e a soma dos outros candidatos 64%. Portanto, 64 % dos eleitores não queriam Juscelino. Isso criou o imbróglio conhecido como “A Revolta de Jacareacanga” ([3]), liderada pelo Major Aviador Haroldo Veloso e Capitão-Aviador José Chaves Lameirão. Entre os militares o problema não era Juscelino, mas João Goulart com a nova ideologia, tido como “incitador de greves e articulador da República Sindicalista”, variante do marxismo.
No governo Sarney, os baixos salários em todo o Exército, levou, no dia 22 de outubro de 1987, o capitão Walther, à indisciplina, premeditada: cercou a Prefeitura de Apucarana com sua Companhia de Fuzileiros aprestada. ([4])
Sinto, por ser velho, que a atitude dos Comandantes de todas as Forças Militares estão forçando, por omissão, novas manifestações de rebeldia para tomar alguma atitude. Aliás, é um dos itens previsto no RDE (Nº 113, do Anexo I) – Induzir ou concorrer intencionalmente para que outrem incida em transgressão disciplinar.
Hoje eles “Administram a Força”. Não lideram e nem comandam. É deduzível que esperam um ato para se postarem de legalistas e soltarem uma Nota de Esclarecimento “repudiando o Ato” e “aplicando a força da lei”.
O EB sempre foi o grande garantidor da República (eleição do administrador) com as eleições votadas por todos (étimo de democracia). Foi muito mais garantidor, ainda, das liberdades ameaçadas pelo nazismo, pelo fascismo e pelo marxismo, devastadores da sociedade ocidental. Foi muito mais que o garantidor de governos livres, embora algumas vezes permitisse que, para combater aproveitadores, os chefes de governo fizessem uso de forças mais pontuais. A falácia de “uso de forças desproporcionais” não tem respaldo na lógica: superar confronto haverá uma força maior e em sentido contrário para vencer qualquer outra força. Seja lei da física, da moral ou ideológica.
Vivemos momento de grande desmoralização do Exército por comando de homens com deformação da finalidade da força e promovidos, por escolha, mas sem os valores militares, invejosos a promíscuas lides partidárias. Promovidos por valores “prezado amigo”.
Pensar que esse mesmo EB EDUCAVA seus componentes com os sentimentos na NACIONALIDADE e não por ilegitimidade (legal, mas imoral).
A minha referência foi a mais próxima de mim: eu como ator. Em trinta e cinco anos de serviço “duro” fiz do ofício uma devoção. Agi sempre, por vocação. Professei a atividade, sagradamente. Assim, fui PROFISSIONAL do meu ofício. Trabalhei para tentar estar apto a guerrear até às 24:00 do dia e continuar às 00:00 do dia seguinte.
Isso obrigou a assimilar, das literaturas voltadas para a guerra e em biografias de grandes líderes, pensamentos que incorporei, não no cérebro, mas na alma:
– Todos falam de honra, mas não há dois homens que lhe deem a mesma definição. (Paolo Mantegazza);
– A Honra é o pudor viril. (Alfred de Vigny);
– Ao rei a vida e os bens devem ser dados, mas a honra é patrimônio da alma, que pertence apenas a Deus. (Calderón de la Barca);
– Um homem desonrado é pior que um homem morto. (Miguel de Cervantes)
– Nossas vidas e nossos bens pertencem a nossos reis. A alma pertence a Deus e a honra a nós. Pois sobre a minha honra meu rei nada pode. (Blaise de Monluc).
– Coragem é resistência ao medo, domínio do medo, e não ausência do medo. (Mark Twain)”.
– Quem não tem Exército próprio, terá o Exército de outros Países dentro do seu. (Sunt Zu).
Começo, pela idade talvez, entrar em colapso de esperança.
Não vejo os atuais comandantes com os mesmos brios, aos que cultuei, vi cultuar e aprendi a cultuar. Eles não seguiram na mesma direção e nem no quantum de dignidade.
Em poucos anos, a dureza profissional que aprendi, para as coisas de interesse nacional, passaram a comportamento de convescote de autoridades onde a dureza que a profissão exigem fosse transformada em necessidades de ser agradável, gracioso, atencioso, fidalgo, simpático, cativante, requisitado...
Há necessidade de criar jargões, palavras de ordens como se mudar nomes e palavras, criar chavões mudam procedimentos, atitudes, dedicação.
Fiquei enojado quando soube existir um pacto de procedimento, como se segredo exotérico fosse, do PACTO DE NÃO AGRESSÃO. Isto é, cada General do Alto Comando, faz o que lhe der na telha. Não há quem exija dele o cumprimento do previsto. A não ser o previsto por ele. Ele executa o seu. Os dos outros... O doutrinário que se aprende desde Cadete: coordenação do Estado Maior, com um Chefe de Estado Maior, já não se usa mais. A “não agressão” é fidelizada.
Hoje, não administra a coisa pública, mas faz gestão; não faz Reunião Administrativa, mas CONSCIÊNCIA SITUACIONAL. Espero que ainda ASSUMAM O COMANDO DA TROPA e não assumam a GESTÃO DA TROPA.
Senti que na década de noventa a relação de oficiais por escolha, particularmente se presente autoridades civis, os oficiais se desmanchavam em atitudes de cortesão sem a fidalguia orgulhosa do era. Parecia ser obrigado a se portar dentro de uma diplomacia, mas não altiva, orgulhosa, consciente do valor que carrega.
Senti que as lideranças se perderam quando: – para dentro impera o “mando eu”; – para fora o “tudo eu”.
Sou obrigado, ao final da vida, a tolerar e até aplaudir, um governo externo atuar e impor sansões ao Brasil por não ter líderes militares com valores, mas com preço, para defender o que juraram. Amanheço na esperança de encontrar um Tenente Coronel Sena Madureira, um Major Veloso, um Capitão Walter para restabelecer nosso valores de guardiões, não de CONSTITUIÇÃO, papel escrito que sempre é rasgado, mas dos valores da NACIONALIDADE e não sentir a dor pungente ao topar com o pensamento de Sunt Zu acima colocado.
Em Repúblicas modernas, nunca houve militar refinado, conciliador, cortesão. Todo conciliador cede o que nunca lhe pertence ou, não tem convicção do que quer e trata. Cede ou por medo ou por conveniência.
Há anos guardo nos alfarrábios, o quadro abaixo:
SE
DIZ |
NÃO |
TALVEZ |
SIM |
O
DIPLOMATA |
NÃO
É DIPLOMATA |
NÃO |
TALVEZ |
O
MILITAR |
NÃO |
NÃO
É MILITAR |
SIM |
Não há MILITAR DIPLOMATA.
Higino
(*) Hiram Reis e
Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor,
Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
YYY Coletânea desafiando o Rio-Mar YYY
https://www.ecoamazonia.org.br/2022/05/projeto-desafiando-rio-mar/
YYY Coletânea de Vídeos das Náuticas
Jornadas YYY
https://www.youtube.com/user/HiramReiseSilva/videos
Campeão do II
Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989);
Ex-Vice-Presidente
da Federação de Canoagem de Mato Grosso do Sul;
Ex-Professor do
Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
Ex-Pesquisador do
Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do
Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
Ex-Membro do 4°
Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS);
Ex-Presidente da
Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
Membro da
Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do
Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da
Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO);
Membro da
Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Membro do
Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós (IHGTAP)
Comendador da
Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS);
Colaborador
Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG);
Colaborador
Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN);
E-mail: hiramrsilva@gmail.com
[1] Spenser Wilkinson – The Great
Alternative: A Plea for a National Policy (1894). Já foi atribuída a Ruy
Barbosa. (Higino)
[2] Provérbio espanhol – “El diablo
sabe por diablo, pero más sabe por viejo". (Higino)
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