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Henrique Nascimento

Senadora Heloisa Helena: competência, coragem, determinação



O ano de 2006 está chegando próximo do seu final.  O dia 13 de dezembro, o mesmo número que supersticiosos infundadamente receiam e que outros confiantemente agradecem, ficará para sempre registrado nos anais do Senado Federal. Não obstante, é evidente, ficará gravado de modo indelével nas mentes e corações de mulheres e homens que -  adolescentes, adultos e idosos -, naquele dia assistiram à transmissão da TV Senado, do plenário político daquela Casa, ao brilhante discurso e mais os apartes de dezenas de senadores ali presentes, representantes de, praticamente, todos os partidos políticos brasileiros .

Para os que, como eu, só puderam  ver e ouvir a incomparável Senadora das Alagoas pronunciar seu expressivo e memorável discurso da tribuna do Senado Federal, na repetição à noite, cujos apartes e o próprio discurso tiveram, excepcionalmente, a duração de cerca de três horas, hão de ter ido dormir, se é que conseguiram, por volta das 02h00 da manhã do dia seguinte.

Insone inveterado a mim só me restou, antes de iniciar o fugidio sono e sempre que me lembro, rezar em intenção dos meus mortos muito amados que já partiram desta vida para a eternidade e, das pessoas  vivas que estimo e que com elas continuamos  a "peregrinar por, 'desculpe amigo leitor, ainda esta vez usar a metáfora',  este vale de lágrimas";  superar o cansaço ou a preguiça para fazer as habituais leituras; e sonhar, ultimamente,  em reescrever  aquilo que um dia o ilustre desembargador aposentado,  Dr. Florêncio Alencar, um dos primeiros a conhecer o enredo,  achou por bem intitular de "O golpe", livro inconcluso e, porquanto, nem sequer chegou no prelo ou   um dia sairá do forno.

Mas, como vinha dizendo, ela vem cumprindo e honrando como nenhum outro mandatário político, já  passados quase oito anos do seu primeiro mandato conferido pelo estado de Alagoas, uma intensa atividade parlamentar, exercida sempre com seriedade, espírito público, honestidade, competência, coragem e determinação.

Desde a mais tenra idade, praticamente uma recém-nascida, pois aos dois meses ficou órfã do seu pai,  como revelou emocionada da tribuna, e, sabemos, quanto é difícil e sofrido órfãos percorrerem as sendas da vida, sem poderem contar com a necessária proteção e amor de um ou de ambos os progenitores.

Razão por que, após as muitas dificuldades da orfandade pela ausência paterna, todos aqueles seus predicados, por de fato muito merecer, receberam guarida e fixaram residência na mente, no coração e no espírito da Senadora Heloisa Helena: exemplo de mulher, filha, irmã e mãe extremada, e que ora homenageio nesta despretensiosa crônica. Atributos aqueles que, repito, certamente todos os que há muito lhe são próximos, os familiares, amigos e parlamentares são conhecedores o bastante.

Demais de ser verdadeiro intuir-se que em sua formação de mulher e mãe exemplar, enfermeira abnegada e professora universitária devotada, ao longo de toda sua trajetória profissional, demonstrou sua firmeza de  caráter, generosa afetividade, incomum intelectualidade, em suma, sua rica e notável personalidade. E, por que não dizer, sua  singular beleza brasileira e nordestina das Alagoas.

De quantos sinceros e espontâneos apartes que (creio que nenhum/a outro/a senador/a, em discurso de despedida da tribuna do Senado, foi mais aparteado/a  do que ela)  lhe fizeram, na  histórica e comovente sessão do Senado Federal, os notívagos ou não que estavam sintonizados puderam ver e ouvir da telinha àquela imperdível sessão no Senado Federal.

Daí que, na sincera opinião e percepção deste escriba e psiquiatra, ou do telespectador minimamente informado, a despeito de partido político ou de ideologia,  ter sido possível de perceber-se nos apartes feitos pelos senadores e senadoras, por suas relevantes significações plasmados afetivamente tanto na forma como no conteúdo, em que pese somente a ela, Sen. Heloisa Helena, a intelecção e filtragem para interpretá-los e auscultá-los com seu magnânimo coração, os apartes, dentre os quais destaco os seguintes: Jefferson Peres (que em deferência e profunda amizade foi o único que a aparteou de pé, PDT/AM), Arthur Virgílio (grande e admirável orador, PSDB/AM), Almeida Lima (que, ao final do aparte, declinou ter votado em seu nome para presidente nas eleições de outubro, PMDB/SE), Romeu Tuma (a quem ela ofereceu sua Bíblia Sagrada, PFL/SP), José Agripino (estive presente à sua primeira diplomação e dos demais senadores diplomados em 1982, a convite de um dos três ex-senadores eleitos pelo Estado de Rondônia, amigo que não vejo há muitos anos, PFL/RN), Mão Santa (notável  médico-cirurgião piauiense, que com sua reconhecida verve e estilo, sintetizou: "... Homem se escreve com um H, mulher se escreve com dois HH, de Heloisa Helena!", esquecendo-se de, por estar implícito, pronunciar seu bordão – "atentai bem!...", PMDB/PI), Patrícia Gomes (de sua grande estima e amizade, que ela considera amiga-irmã, PSB/CE) e o admirável político brasileiro Pedro Simon (que se ofereceu para acompanhá-la em visita ao Rio Grande do Sul, como incentivo para, a partir das belas e politizadas  cidades gaúchas, realizar visitas e palestras e a partir do solo gaúcho reiniciar jornada por todo o nosso país, PMDB/RS).

Ah, permita-me amigo leitor,  vivo fosse e estivesse presente no plenário o Senador mineiro Lauro Campos (1928-2003), de reconhecida envergadura intelectual e notável professor, que o grande governador Jorge Viana (PT/AC) do vizinho Estado do Acre, homenageou,  pioneira unidade hospitalar para os idosos, denominando-a de Hospital do Idoso Senador Lauro Campos (admirava-me e gostava de ouvi-lo discursar da tribuna do Senado, sempre com seu enfático cacoete verbal, "de modo que então..."),  o seu aparte, certamente, seria o mais rico e sincero em elogios, ternuras e conselhos!

Nunca é demais relembrar que ela recebeu quase seis milhões de votos dos eleitores brasileiros de todo o território nacional, na última eleição para a Presidência da República,  de todas as faixas etárias, principalmente dos jovens, e das mães e avós desses mesmos jovens que votaram por primeiro, exercício este  de cidadania que souberam exercer livres  e espontaneamente,  votando em Heloisa Helena para Presidenta da República do Brasil.

Tal e tamanha pioneira proeza a Sen. Heloisa Helena  decidiu e  escolheu por candidatar-se, numa incrível, extenuante e desigual campanha política, de parcos e poucos recursos, com limitadíssimo tempo na televisão e no rádio, e tendo ao mesmo tempo de enfrentar a toda sorte de enormes dificuldades e provocações, até de ameaças de morte de covardes coveiros da liberdade e da democracia, mas, felizmente, com seus amigos e correligionários superou  com coragem e determinação, grandeza e humildade,  acima de tudo e de todos, sob o  manto, imprescindível,  da providência divina.  

A par de ter recebido diversos convites para lecionar em Universidades Européias,  a Sen. Heloisa Helena disse em alto e bom som que vai mesmo retornar para a sua Universidade Federal de Alagoas. Sem ter deixado, porém, confiantes e esperançosos a todos os que lhe apartearam no plenário e, os milhões de telespectadores desse ainda tão desigual e injusto país. Decidiu-se por cumprir carga horária de vinte horas,  para que possa ter o resto do seu tempo livre devotado a estudar e debater as questões básicas e as prioridades sociais brasileiras sabidas e consabidas,  para a sociedade brasileira de fato poder viver dias melhores. E, é claro, organizar e difundir os pontos programáticos do seu novel e promissor partido, o PSOL.

Ao encerrar, amigo leitor, por duas ocasiões estive bem próximo de conhecer e cumprimentar, pessoalmente, a competente, corajosa e determinada Sen. Heloisa Helena: uma, no aeroporto de Brasília, que ou por timidez ou porque estivesse conversando  naquela oportunidade,  não quis interrompê-la e aproximar-me para  cumprimentar-lhe como gostaria e dizer-lhe o quanto a admiro por sua atividade política no Senado Federal; a outra, já este ano,  a convite do professor universitário Adilson Siqueira (PSOL/RO), por ocasião da sua candidatura ao Governo do Estado, quando ela veio prestigiá-lo, visitando nossa cidade de Porto Velho, (que, inexplicavelmente, até hoje, salvo melhor juízo, o presidente Lula jamais visitou);  não me sendo, então, possível, por motivo da minha viagem (o apagão aéreo ainda não havia estourado) de férias, no início do mês de julho, já tendo comprado o bilhete, para estada na minha eterna cidade de São Luís; só restando-me assim, sinceramente, declinar da honra do convite do Adilson para ir, juntamente com os admiradores ou simpatizantes da Sen. Heloisa Helena  ao seu encontro no Aeroporto Jorge Teixeira de Oliveira, a fim de recebê-la e cumprimentá-la pessoalmente.

Em outubro, como já declarei em crônica anterior, votei  no seu nome para Presidenta do Brasil.

 

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