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Francisco Matias

SÉRIE RONDÔNIA, TRINTA ANOS - 2


  

Por Francisco Matias(*)

1.Faltando pouco mais de dois meses para Rondônia completar 30 anos como uma Unidade Federada brasileira, esta coluna insiste na recuperação da memória histórica regional, a partir da guarda e divulgação de suas principais datas históricas. Pois bem. No mês de outubro algumas datas são por demais importantes para este trabalho. Por exemplo: o dia 2 de outubro de 1914, data em que se comemora o aniversário de criação do município de Porto Velho, fato ocorrido por força da lei nº 757, de autoria do deputado estadual Pedro de Alcântara Barcellar, do estado do Amazonas e sancionada pelo governador Jônathas de Freitas Pedroza. O 2 de outubro, ao contrário de outras datas, é comemorado com um feriado municipal. Portanto, não é esquecida. Mas, pergunte-se aos jovens rondonienses que freqüentam escolas públicas ou privadas por este município que se obterá, em grande maioria, o desconhecimento desta data e de sua importância. Portanto, compete à prefeitura de Porto Velho, não apenas guardar o feriado, mas realizar eventos nas escolas e outras entidades, com vistas a difundir a data em que foi criado este município e os nomes dos protagonistas da época, no caso o deputado Barcellar e o governador Jônathas Pedrosa, além do primeiro administrador, no cargo de superintendente, o major Guapindaia.

2.Outra data que guarda um significado político dos mais importantes é o 11 de outubro de 1977. Neste dia o presidente da República Ernesto Geisel, sancionou a lei complementar nº 6.448, que criou os cinco primeiros municípios genuinamente rondonienses: Ariquemes, Ji-Paraná, Cacoal, Pimenta Bueno e Vilhena. A partir desta data e deste fato político, o Território Federal de Rondônia ganharia condições reais de ser elevado à categoria de Estado. Ora, até o ano de 1977, Rondônia possuía apenas dois municípios, Porto Velho e Guajará Mirim, sendo o de Porto Velho o maior município do mundo em área territorial. Isto quer dizer que o prefeito de Porto Velho administrava até onde se localiza o atual município de Vilhena, e o de Guajará Mirim, tinha sob sua jurisdição, uma região que se estendia até onde fica Pimenteiras do Oeste. Era praticamente impossível realizar uma boa administração, principalmente por conta do aporte de milhares de imigrantes atraídos pelos projetos colonizadores e de assentamento executados pelo INCRA a partir do início da década de 1970.

3.Por esta forma, o governo do Território, na época conduzido pelo coronel Humberto da Silva Guedes, com o apoio das respectivas câmaras de vereadores, requereu do governo federal o envio da mensagem de projeto de lei ao Congresso Nacional, dispondo sobre a criação desses municípios, cujo desmembramento territorial seria procedido, em sua quase totalidade, das terras porto-velhenses. Apenas o município de Vilhena recebeu terras de Porto Velho e Guajará Mirim. E lá se vão 34 anos.

4. Neste contexto histórico-político, surge uma data que não deve ser comemorada, mas deve-se guardar como exemplo a não ser seguido. É o dia 16 de outubro de 1990. Nesta data, Rondônia e o Brasil foram surpreendidos com a morte do senador Olavo Pires, do PTB de Porto Velho. Candidato a governador, vencedor do primeiro turno das eleições de 3 de outubro, Olavo Pires estava na disputa eleitoral com o ex-prefeito de Rolim de Moura, Valdir Raupp, que havia ficado em segundo lugar naquele pleito. Na terceira colocação, o deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa Oswaldo Piana Filho era carta fora do baralho até que um pistoleiro disparou 14 tiros de submetralhadora no senador Olavo Pires, na cidade de Porto Velho. A morte de um senador da república, candidato ao cargo maior do Estado, mudou o cenário político rondoniense na medida em que o segundo turno passou a contar com Valdir Raupp, o segundo colocado, e Oswaldo Piana Filho, o terceiro que virou o primeiro.

5.Desde então, o medo tomou conta do pensamento e dos pensadores. Muitos morreram no rastro das investigações, falsas e verdadeiras, e o dito ficou pelo não dito. Portanto, a data de 16 de outubro de 1990, há 21 anos, não pode nunca ser festejada por sua tragicidade, mas deve ser refletida devido seus desdobramentos políticos e jurídicos e pelo recado que foi dado ao povo rondoniense. Se um senador é morto da forma como Olavo Pires foi e a impunidade imperou, qualquer político pode ser. É só uma questão de momento, de interesses e de logística.

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Fonte: Francisco Matias - Historiador e analista político
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