RONDÔNIA-ESTADO, 27 ANOS DEPOIS - PARTE 1

1. Hoje, dia 22 de dezembro de 2008, o estado de Rondônia completa 27 anos de criação, fato político dado e passado através da lei complementar número 041, moldada pela presidência da República, sob a chefia do presidente João Baptista de Oliveira Figueiredo, nos estertores do regime militar. Na época, Rondônia era o Território Federal de Rondônia, formado por 13 municípios, contando com pouco mais de 490 mil habitantes e vivenciando a consolidação do Ciclo da Agricultura e o declínio do da Cassiterita. O governador era o coronel Jorge Teixeira de Oliveira, e a classe política era, basicamente, centrada nas 13 câmaras municipais,  em prefeitos nomeados e dois deputados distritais federais que formavam  a representatividade no Congresso Nacional. E, claro, o poder imperial do coronel Teixeirão. 

2. Passadas quase três décadas, Rondônia está completamente modificado nos aspectos político, social, econômico e na divisão territorial. Composto por 52 municípios, e contando com quase 1,5 milhão de habitantes, é notável o avanço desse Estado, apesar da notoriedade dos atrasos. Nos avanços, pode-se apontar a própria sociedade rondoniense, distanciada daquela que ajudou na fundação desta 23ª. UF do Brasil, que não se restringe mais à ferrovia Madeira-Mamoré, ou aos ciclos agrícola e do estanho, constituindo-se em uma sociedade urbana e urbanizada, vivendo a maior parte nas cidades (65%), desenvolvendo-se rapidamente, em todos os segmentos socioeconômicos, com chances de melhorar a cada ano seu grau de capacitação profissional. Jovens rondonienses – natos ou imigrados – trabalham, estudam e se projetam nos campos econômicos com uma intensa atividade, sem dever nada, em termos de profissionalização, a nenhuma região do país, mesmo porque, o rondoniense, de um modo geral, é egresso, de uma forma ou de outra, de todas as regiões do Brasil e do Mundo.

3. No plano político, Rondônia já fez duas constituições estaduais (1983 e 1989), participou do Colégio Eleitoral que elegeu Tancredo Neves a presidente da República e mudou o país, e da elaboração da Constituição Federal de 1988, por seus representantes políticos. A "Era Teixeirão" já vai longe, e o seu legado, está sendo seguido, a trancos e barrancos, mas está. Pela Assembléia Legislativa já passaram 168 deputados estaduais eleitos e 23 suplentes. Em duas legislaturas, funcionaram Assembléias Constituintes. Mas, nas sexta legislatura a Casa caiu, sob a bazuca governamental, resultando em prisões espetaculares, fugas, perseguições e coleiras postas pela PF em sua operação Dominó.

4. O governador Ivo Cassol, foi o sexto e o sétimo eleito pelo povo, e o primeiro reeleito, inaugurando dois momentos na trajetória política de Rondônia: o da reeleição possível, e do estilo Cassol que ninguém sabe na verdade o que é. Olho por olho, fita por fita, a Era Cassol será lembrada por muitas coisas, dentre as quais o próprio Ivo Cassol. De Teixeirão a Cassol, muita coisa mudou em Rondônia, e isso é bom, na medida em que as mudanças buscam melhorias na vivência política e socioeconômica. Do Ciclo da Agricultura, inaugurado em 1970, ao novo ciclo que se instala a partir deste ano com as duas usinas hidráulicas do Madeira, Rondônia tem muita coisa para ser mostrada de positivo e de negativo, mais de uma que de outra. Seja como for, o jovem rondoniense que vive de Calama a Chupinguaia, do Corgão ao Guajarajus, de Sagarana a Pacarana, de D´Jaru´aru à Cunha do Marechal, não deve esquecer daqueles que há 27 anos juntaram forças para cantar o Hino de Rondônia, - até então era o Hino de Porto Velho -, sentindo que realmente aqui toda a vida se engalana e somos, de fato, destemidos pioneiros que, nestas paragens do poente, gritamos com força: somos brasileiros. Somos Rondônia. Pra o que der e vier.

Francisco Matias

Historiador e analista político