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Francisco Matias

RONDÔNIA E O 21 DE ABRIL – 2ª. PARTE


Por Francisco Matias(*)

 1. 4ª. feira, 21 de abril 2010, o Brasil comemorou três datas muitoimportantes para sua formação história e política. A morte de Tiradentes, a fundação de Brasília e a morte de Tancredo Neves. Na primeira parte, esta coluna mostrou uma parte da Inconfidência Mineira e a morte do Tiradentes. Nesta segunda parte, vamos nos reportar à fundação de Brasília e a morte do presidente Tancredo Neves. Por coincidência, Brasília foi construída pelo presidente JK, conterrâneo de Tiradentes, e Tancredo Neves também era de Minas Gerais. Ambos, de certa forma, foram inconfidentes mineiros do século XX.

2. A morte do presidente Tancredo de Almeida Neves, o fundador da Nova República, ocorrida em 21 de abril de 1985, causou arrepios à Nação e tremores à recém-instalada democracia brasileira. Eleito em 15 de janeiro daquele ano, pelo Colégio Eleitoral, Tancredo Neves tornou-se o primeiro presidente civil depois da derrocada do regime militar. Foi, o melhor presidente que o Brasil quase chegou a ter. Sua morte, no dia da posse, surpreendeu e mudou o Brasil. Em consequência, assumiu o vice-presidente, José Sarney, que enfrentou um verdadeiro calvário político e econômico, lançou o Plano Cruzado, convocou uma assembleia Nacional Constituinte, não conseguiu debelar a inflação galopante e terminou senador pelo Amapá. Do Maranhão ao Amapá, do PDS ao PMDB, Tancredo Neves e José Sarney tiveram grande influência na vida política de Rondônia. Tancredo Neves, candidato a presidente, visitou Rondônia no final de 1984. Estava em busca dos votos dos delegados do Estado ao Colégio Eleitoral. Foi recebido pelo presidente da Assembleia, deputado José Bianco, e pelo 1º. Secretário,  deputado Oswaldo Piana. De ambos, recebeu a garantia dos votos da direita, que agora estava contra o candidato do PDS, Paulo Maluf.

3. Com o governador Jorge Teixeira, Tancredo Neves costurou um acordo em troca dos votos da esfera de influência do governador, que viu ruir por terra a candidatura do ministro Mário Andreazza e não votava de jeito nenhum no candidato do seu partido, Paulo Maluf. Em troca, Tancredo Neves garantiu a Jorge Teixeira sua permanência no governo de Rondônia até 14 de março de 1987, como estava previsto na lei complementar 41/1981, que criou o estado de Rondônia. Mas o destino escreve o destino dos outros como não se espera. A morte inesperada de Tancredo Neves alterou o quadro político de Rondônia. A posse de José Sarney, antes correligionário de Jorge Teixeira, foi a gota d’água em seu governo. Sarney e Teixeira não se bicavam desde que, em visita a Rondônia, o então presidente nacional do PDS, José Sarney, não foi recebido pelo governador. A vingança veio a cavalo. Melhor dizendo: por telefone. Tão logo assumiu a presidência da República, José Sarney demitiu o governador Jorge Teixeira com um telefone curto e seco, e nomeou para o cargo o deputado Angelo Angelim, do PMDB de Vilhena.

4. Seja como for, a  Nova República  e a redemocratização do país, teve em Tancredo Neves a principal expressão de liberdade e cidadania. Em Porto Velho, como no Estado em geral, existem várias homenagens ao presidente morto naquele 21 de abril.  São bairro (na zona leste), rua (na zona sul),  escolas, enfim, homenagens justas a um homem justo. Tancredo de Almeida Neves, mineiro, foi de tudo na política nacional, até 1º Ministro por duas vezes e signatário da lei que criou o estado do Acre, mas não conseguiu ser o que mais queria ser: governante do Brasil. Morreu há 25 anos.

5. BRASÍLIA – 50 ANOS – A fundação de Brasília, em 21 de abril de 1960, foi o marco divisor de um Brasil rural, oligarca e atrasado, para o país de economia emergente de hoje em dia. Ouvindo um programa de rádio, em rede estadual, ouvi o apresentador comentar sobre os males de Brasília. Corrupção. Corrupção. Corrupção. Não é culpa da cidade. A cidade de Brasília não foi construída para este fim. É a sede dos três Poderes, a capital da Republica Federativa do Brasil. Sua arquitetura é das mais avançadas. O arquiteto Oscar Niemeyer e o engenheiro Lúcio Costa deram o melhor de seus conhecimentos técnicos para edificar a mais moderna capital do mundo. Se há corrupção é exatamente por ser o centro do poder. Poderia ser o Rio de Janeiro ou outra cidade qualquer. Não se pode ver Brasília como responsável pelas mazelas partidárias e políticas do país. Os corruptos e os corruptores são os que detêm o Poder. Se o governador de lá foi preso, a culpa é do governador e não da cidade. Ali está a maior concentração humana do país. A maior densidade demográfica, 480 habitantes por km quadrado. Em Rondônia são apenas 6,8 habitantes por km quadrado.

Historiador e analista político(*)

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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