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Francisco Matias

RONDON, HOMENAGEM AO GRANDE CHEFE – PARTE I


RONDON, HOMENAGEM AO GRANDE CHEFE – PARTE I - Gente de Opinião

 
Por Francisco Matias(*) 
 

1. Hoje, 5 de maio de 2011, o Brasil comemora o Dia das Comunicações. O Dia de Rondon, que é o Patrono das Comunicações. Na verdade, o militar matogrossense Cândido Mariano da Silva Rondon é também o Patrono do estado de Rondônia. Os motivos são os mesmos para tanta homenagem a nível nacional e estadual. Cândido Mariano, ou simplesmente Mariano, nome pelo qual Rondon preferia ser chamado, percorreu toda a Amazônia brasileira em sua longa trajetória de sertanista e desbravador. Contudo, foi nos sertões do Mato Grosso que ele realizou suas maiores obras, notadamente na área geográfica que forma o estado de Rondônia, cuja maior porção foi desmembrada daquele Estado. Muito se tem falado e escrito sobre o marechal Rondon e suas aventuras pelas selvas da Amazônia rondoniense. As linhas telegráficas, chamadas pelos povos da floresta “as línguas de Mariano”, o sistema de varação da floresta, construído a foice e machado por legionários compulsórios, que deu origem à BR 364, chamada a Estrada de Rondon, as estações telegráficas estratégicas implantadas do Mato Grosso ao Amazonas, que geraram povoamento em suas cercanias e deram identificação a Rondônia constituem a base e o topo da obra de Rondon. Não resta dúvida.

2. No entanto, pouco se tem falado do projeto geopolítico da Comissão Rondon, cujo comando foi entregue ao major Cândido Mariano da Silva Rondon, na época com 44 anos de idade, engenheiro militar, geógrafo, astrônomo e sertanista ávido por aventuras. O governo federal, sob a presidência do Dr. Afonso Pena, decidiu priorizar a nacionalização da região tendo em vista a construção da ferrovia Madeira-Mamoré e a consolidação da posse do Acre, ambos com forte influência estrangeira na época. Por isto, criou o projeto da Comissão Construtora das Linhas Telegráficas Estratégicas do Mato Grosso ao Amazonas, CLTEMTA, cujo alcance se daria por todo o sertão do Mato Grosso até o Acre Federal, daí o nome ser “do Mato Grosso ao Amazonas”, o Amazonas, no caso, era o Acre. Mas, Rondon, por ser positivista, comungava com o pensamento da maioria dos oficiais do Exército que não aceitavam a forma como o Brasil tomou posse do Acre boliviano e estancou as “línguas de Mariano” em Guajará-Mirim, final do Mato Grosso e começo do Amazonas acriano, sem penetrar no Acre.

3. Se estivesse vivo, Rondon estaria completando 146 anos de idade. Mas, com certeza, iria questionar esta data. Ele negava o seu nascimento em 5 de maio, e dizia ter nascido em 28 de abril. Rondon era assim mesmo, um revolucionário até no seu nome, pois não gostava de ser chamado Rondon, nem da data do seu nascimento. Ainda como aspirante de oficial, participou do golpe militar que derrubou o império e instalou a república no Brasil, na condição de ajudante de ordens do marechal Deodoro da Fonseca, mas se recusou a tomar parte da revolução de 1930 e não deu combate às forças revolucionárias de Luiz Carlos Prestes, permitindo, de certa forma, a passagem da Coluna Prestes para a Bolívia, no hoje Mato Grosso do Sul. Por esta razão, foi perseguido pelo governo Vargas, tendo sido acusado de corrupção e de aplicar mal os recursos públicos, “construindo estações e implantando linhas telegráficas em regiões onde só habitavam índios”,como dizia o ministro Juarez Távora.

4. Rondon foi preso no Rio Grande do Sul , e colocado na reserva do Exército, na patente de general. Não conseguiu ser marechal na caserna e isto o frustrou profundamente até o final dos seus dias. No entanto, não foi somente o governo Vargas que o perseguiu e pretendeu destruir sua obra. A Madeira-Mamoré também se posicionou contra Rondon e seu sistema de telegrafia, que, diga-se de passagem, já estava obsoleto, por utilizar o Código Morse, enquanto a Madeira-Mamoré utilizava o cabograma e o telefone como forma de comunicação. Obsoleto ou não, o código Morse implantado por Rondon trouxe modernidade à região e viabilizou a comunicação nestes sertões amazônicos, cuja forma de se comunicar era através dos regatões que singravam os rios e infernizavam a vida dos seringalistas ao tempo em que facilitavam a dos seringueiros, e dos almocreves, como o lendário Vicentão, que levavam e traziam cartas e encomendas para os seringais em longas e demoradas viagens. A partir das estações telegráficas o quadro modificou-se e a Madeira-Mamoré passou a ter um concorrente poderoso e de maior alcance geopolítico: o governo brasileiro, graças ao marechal Cândido Mariano da Silva Rondon.

PS: A foto que ilustra este artigo tem tudo a ver com o passado histórico de Rondônia e a atualidade rondoniense. O governador Confúcio Moura, imigrante que se radicou nas cercanias da Estação Telegráfica Arikêmes, e a deputada Epifânia, rondoniense das terras de Rondon, deliberando sobre o estado de Rondônia, tendo ao fundo a fotografia do marechal Rondon.

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Fonte: Francisco Matias - Historiador e analista político

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