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Francisco Matias

RÉQUIEM PARA WALTER BARTHOLO - II


Por Francisco Matias(*)

1.A História Política de Rondônia reserva pouco espaço para seus atores, sejam os principais, sejam os coadjuvantes, restam poucas lembranças registradas em livros, ou em trabalhos acadêmicos. Parece que Rondônia tem medo dos seus líderes, e, nesse caso, prefere esquecê-los. Nesta linha de comportamento, RÉQUIEM PARA WALTER BARTHOLO - II - Gente de Opiniãomuitas injustiças são cometidas, e muitos dos nomes que ajudaram a construir a vida deste lado da Amazônia Ocidental Sul, estão enterrados nas valas do esquecimento. Talvez seja este o destino de WALTER BARTHOLO. Se isto ocorrer, será mais uma injustiça que se cometerá com a memória história de Rondônia. Quis o destino que Walter Bartholo morresse aos 85 anos de vida, no dia 22 de novembro de 2012. Esta foi uma peça que o destino pregou na própria História. Este não é um dia qualquer para o estado de Rondônia. É a data em que se comemorava os 35 anos de emancipação política do município de Ji-Paraná. Melhor dizendo. A instalação do município.

2.O município de Ji-Paraná integrou o rol dos primeiros municípios criados no âmbito do Território Federal de Rondônia, por força da Lei Complementar nº 6.448, de 11 de outubro de 1977. O destino de Ji-Paraná e o de Walter Bartholo se cruzaram bem antes. Em 1976 o atual município de Ji-Paraná era denominado Vila de Rondônia, um distrito pertencente ao município de Porto Velho. Naquela época, o distrito porto-velhense de Vila de Rondônia centralizava o imenso fluxo migratório de sulistas e nordestinos, dentre outros, para Rondônia, notadamente para as áreas dos PIC Ouro Preto e Padre Adolpho Röll e, por isto mesmo, estava sendo preparado para ser emancipado. Desse modo, a prefeitura de Porto Velho passou a agir com maior interesse com o distrito, destinando recursos para obras de infraestrutura na região. Para conduzir tão estratégico empreendimento geopolítico, o prefeito de Porto Velho, Antonio Carpintero, nomeou Walter Bartholo como administrador distrital de Vila de Rondônia, com a promessa de influenciar para ele ser o primeiro prefeito, quando o distrito passasse a município. Walter Bartholo tomou posse no dia 29 de junho de 1976 e revelou-se um competente tocador de obras.

3.Portanto, quando o governo federal (regime militar) decidiu pela criação dos primeiros municípios rondonienses, lá estava Walter Bartholo, administrador da complicada e fervilhante Vila de Rondônia nas rodadas de conversação, com muita bala na agulha, por assim dizer. Como administrador distrital não mediu esforços e não deu bolas para a burocracia. Desta forma, agilizou a construção do hospital da Fundação SESP, dos colégios Gonçalves Dias e José Francisco, da Escola Agrícola, do mercado municipal e abriu o Projeto Urupá, um desdobramento do PIC Ouro Preto na área do rio Gy-Paraná. O distrito de Vila de Rondônia estava pronto para virar o município de Ji-Paraná.

4.No dia 11 e outubro de 1977, foram criados os primeiros municípios rondonienses: Ariquemes, Ji-Paraná, Cacoal, Pimenta Bueno e Vilhena. Foi aí que entrou em cena o prestígio político do prefeito de Porto Velho Antonio Carpintero e o valor das ações do último administrador do ex-distrito de Vila de Rondônia. Interesses paroquiais daqui, ação política dali, o governador do Território Federal de Rondônia, coronel Humberto Guedes, nomeou Walter Bartholo como o primeiro prefeito do município de Ji-Paraná. Era mais uma peça pregada pelo destino na História. Seria o cruzamento definitivo de Walter Bartholo, coração de seresteiro, com Ji-Paraná,  coração de Rondônia. Prego batido, ponta virada. Walter Bartholo entraria para a História como o último administrador do distrito de Vila de Rondônia, e o instalador do município de Ji-Paraná, naquele 22 de novembro de 1977, há trinta e cinco anos. Eis a maior peça pregada pelo destino na história de vida de Walter Bartholo e na trajetória de Rondônia. Além de ser o autor do hino de Ji-Paraná, Walter Bartholo instalou o município. Conduziu os trabalhos de emancipação política do segundo maior município rondoniense. Quis o destino que Walter Bartholo morresse exatamente no dia em que Ji-Paraná festejava sua emancipação. Não poderia haver dia mais favorável para o não-desaparecimento da biografia desse pioneiro de Rondônia.

 Historiador e analista político(*)

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