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Gente de Opinião

Francisco Matias

PORTO VELHO, A CIDADE QUE ESTÁ BEM AQUI


                                  

Por Francisco Matias*

1. Em uma de suas últimas edições, a revista ÉPOCA publicou uma matéria muito interessante, com uma manchete emblemática: PORTO VELHO, A CIDADE QUE NÃO ESTAVA LÁ. E, como não poderia deixar de ser, referia-se ao novo momento econômico deflagrado com a construção das usinas do Madeira e seus desdobramentos geopolíticos. Em uma reportagem de primeira linha, a revista entrevistou várias pessoas que por aqui portaram nesses tempos de mudanças socioeconômicas, que, vindas de outras paragens, reclamavam do clima, da temperatura, dos efeitos das chuvas sobre o solo alagadiço, da distância e, sobretudo, da falta de estrutura habitacional. Reclamações à parte, é natural, e a revista deveria saber, que em uma região que está em desenvolvimento acelerado e fique  coração da Amazônia, estas coisas aconteçam, principalmente porque todos os dias centenas de pessoas desembarcam na rodoviária, no aeroporto, no porto fluvial e penetram em seus carros, motos e caminhões para se estabelecerem em Porto Velho.

2. É bem verdade que a cidade não estava preparada, sob nenhum ponto de vista, para esta demanda. Falta tudo e tudo falta, se considerarmos, por exemplo, as cidades de onde procedem estes novos imigrantes urbanos. Aqui por estas bandas não tem esgoto em mais de 3% da cidade, o que é muito grave. Ainda se vê, em pleno centro comercial, esgotos a céu aberto. O sistema de fornecimento de água potável atinge pouco mais de 30% da população. O Transporte coletivo é um “deus-nos-acuda” e tem uma confusão danada por causa da introdução de moto-táxi no sistema viário. As ruas, “nossa senhora!”, são estreitas e não permitem um escoamento como se espera e precisa. Tem quadras, (entre a avenida D. Pedro II e a rua Amazonas, por exemplo), que, de tão  extensas, não têm explicação viável para uma cidade moderna. Mas isto são coisas de um passado de compadrio, da cultura dos seringais (a cidade foi erguida em áreas de seringal. E ainda está sendo.) Por isso, , em que o poder público agia paternalmente, a fim de permitir o povoamento e a expansão urbana.  Mas isto será resolvido, com certeza.   
  
3. Porto Velho não é apenas uma cidade, nem se constitui em uma cidade-município, como querem alguns. É, isto sim um grande município, localizado na borda da fronteira com a Bolívia, entre as bacias hidrográficas do Madeira, do Abunã, do Gy-Paraná e do Jamary, formado por 14 distritos, sendo cinco com acesso fluvial, sete com acesso rodoviário, e um, com acesso aero-rodo-fluvial. Este  é a cidade de Porto Velho, distrito-sede, capital do município e do estado de Rondônia. É aqui, neste distrito-cidade, que as coisas estão acontecendo. É nesta cidade, que não é mais uma cidadezinha, como quem alguns, mas uma grande cidade, que a revista ÉPOCA não quis ver a realidade. A cidade está bem aqui. Só não ver quem não quer. Do mesmo modo, os problemas gerados por este começo de ciclo  estão bem aqui, para todo mundo ver e, se puder e quiser, resolver. Não. A reportagem da ÉPOCA não teve cunho ofensivo. Não se está afirmando isto. Mas demonstrou uma dose de  sensacionalismo no que refere à cidade de Porto Velho, que está novamente, capitaneando um grande projeto geoestratégico do governo federal, como fez com tantos outros passados.

4. Portanto, apesar de tudo, quem chega a Porto Velho se depara com um canteiro de obras urbano, que interioriza esta condição e está alterando substancialmente a vida dos moradores tradicionais, e vai modificar a vida dos que estão chegando, como fez em outras eras. Assim é Porto Velho, uma cidade muitas vezes confundida com o município e um município que à vezes se confunde com a cidade. Seja como for, aviso aos chegantes: Porto Velho está bem aqui, “prontinha” para se transformar em uma das mais importantes desse Brasil afora. Quem viver verá.

Historiador e analista político*
   

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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