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Francisco Matias

BRASIL – QUE PODER É ESSE? PARTE VII


          
FRANCISCO MATIAS ESCREVE

BRASIL – QUE PODER É ESSE? PARTE VII - Gente de Opinião

Á direita, o presidente João Figueiredo, em cujo governo foi criado o Partido dos Trabalhadores, PT, recebe o presidente Tancredo Neves, eleito por um colégio eleitoral em 1985, marcando o início da redemocratização do Brasil. Mas este modelo não agradava o PT, cuja pretensão política era a que estamos vendo hoje “nesse país”.

1.O Partido dos Trabalhadores, PT, começou sua trajetória seguindo a cartilha dos bolcheviques soviéticos focando suas ações nos pequenos, forjando a criação de  associações de moradores, controlando as Comunidades Eclesiais de Base na Igreja católica, conselhos de saúde e de educação, sindicatos e federações, grêmios estudantis do ensino fundamental e médio, corpos docentes e discentes das universidades públicas e demais organizações da sociedade civil, que os petistas definem como “sociedade organizada”. Nascia o confronto entre PROGRESSISTAS e CONSERVADORES. Quem era do PT, ou de esquerda, era “progressista”, quem não fosse era rotulado “conservador”. Às vezes a rotulação apresentava os que não eram petistas como “anticomunistas”, ou, pecados de todos os pecados, “antilulas”. Parecia uma coisa messiânica. Quem estivesse contra o petismo era considerado ANTICRISTO, um pecador capitalista, de direita, conservador e outros adjetivos ideológicos. Tudo isso com o apoio da mídia nacional.    

2.Por sua vez, os partidos liberais e conservadores, com ênfase ao PMDB e PSDB,não queriam agir da mesma forma que o PT. Achavam que podiam dominar o país por mágica, sem participar diretamente da nova formatação da sociedade civil. Acreditavam que o caminho que o PT trilhava não daria certo e, em se tratando de eleições nacionais, o PT não sairia desse rol, como um cachorro tentando morder o próprio rabo. Ledo engano, como se veria a partir das eleições 2002. Derrotado duas vezes em 1989 pelo então governador do estado de Alagoas Fernando Collor (1º e 2º turnos) e duas vezes em primeiro turno pelo sociólogo Fernando Henrique Cardoso, o PT traçou uma nova estratégia para chegar ao poder central. Para isso mudou de rosto, confiou a barba e trocou de terno. Assim, com aparência mais classe média e menos revolucionária, o candidato Luís Inácio Lula da Silva venceu em segundo turno o candidato do PSDB, José Serra e tornou-se presidente da República. Não sem antes divulgar uma carta á nação assegurando que iria manter a política econômica do governo FHC, assegurar o valor do real e respeitar contratos. Era o “lulinha paz e amor” que de fato jamais existiu, mas parecia existir.

3.Como se sabe, desde a promulgação da Carta Magna de 1988, o Brasil é uma República Federativa Presidencialista, Representativa, Bicameralde Coalizão. É também pluripartidário, com trinta e quatro partidos políticos registrados. Poucos, no entanto, atuam fora das eleições. A maioria parece colchas de retalho e boa parte está nas gavetas de presidentes inescrupulosos, que só esperam o período eleitoral para fazer coalizões que possam lhes beneficiar eleitoralmente ou, às vezes, fiduciariamente, sem se importarem com os interesses coletivos. Muitas vezes servem apenas para aumentar o horário eleitoral dos grandes partidos.

4.Contudo, somente o PT e o PSDB podem ser considerados partidos nacionais por serem os únicos com chances reais e imediatas de elegeram presidentes da República. O PMDB, maior partido brasileiro, é forte regionalmente e fraco nacionalmente, mas dá equilíbrio à governabilidade. Ou não. Esse quadro passou a ser melhor observado quando da primeira eleição direta para presidente da República, em 1989. Naquele pleito, a avaliação partidária ficou desequilibrada e prevaleceu a escolha pessoal. Não era PT ou PRN, mas Collor e Lula.  Para melhor compreensão da conjuntura política nacional à época, havia o ranço dos 25 anos do regime militar. A despeito da existência de partidos políticos, do funcionamento do Senado e da Câmara dos Deputados, os generais de plantão não queriam formar lideranças políticas. Não lhes interessava uma classe política que poderia ganhar prestígio e lhes apear do poder. O que fizeram foi calar lideranças e tentar matar a política partidária. Na verdade, os militares achavam que a questão política poderia ser resolvida por tecnocratas a seu serviço e deixaram de lado as entidades civis que os havia ajudado a desfechar o golpe militar em 1964.

5.O resultado foi uma nação sem lideranças políticas jovens, àdireita,  centro-direita e centro-esquerda, e o envelhecimento da direita que, sem alternativas, substituiu pais por filhos, esposos por esposas  e irmãos mais velhos por mais novos. Enquanto isso, nas universidades, a juventude acadêmica ficava frente a frente com as doutrinas comunistas, anticapitalistas, embutidas nas aulas, nos congressos, nas palestras e nos discursos, sob o falso manto da democracia e da liberdade de expressão. Os professores – a maioria petista - passaram de EDUCADORES para POLITIZADORES a serviço da causa do comunismo internacional. Surgiu uma juventude pós-acadêmica majoritariamente comunista, ora silenciosa, ora ruidosa, ora pacata, ora violenta, mas muito influente nas décadas que se seguiriam à redemocratização. Essa juventude seria inserta no projeto de poder do petismo e disseminada pelas redes de ensino, no judiciário, ministérios públicos e nos três poderes da República com a missão de difundir a esquerda e o PT onde quer que estivesse conforme projeto elaborado quando da fundação do Partido dos Trabalhadores, no Colégio de Sião, em São Paulo, sob o patrocínio do segmento marxista, stalinista e castrista da Igreja católica.

Historiador e Analista Político*

Membro da Academia Rondoniense de Letras,ARL.

Porto Velho, 24.09.2015

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