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Francisco Matias

BRASIL – QUE PODER É ESSE? PARTE V


         

FRANCISCO MATIAS ESCREVE

  

1.A profusão de casos de polícia que envolve diretamente o Partido dos Trabalhadores, e os presidentes Lula e Dilma, por meio de familiares, amigos, aliados, correligionários e comensais é tão intensa que às vezes só permite à grande mídia noticiar os fatos, não sobra espaço para análises. A partir do dia 23 de novembro 2015, o que era ruim ficou pior. Foram presos o grande amigo e financiador pessoal do superpresidente Lula, o pecuarista José Carlos Bunlai, do Mato BRASIL – QUE PODER É ESSE? PARTE V - Gente de OpiniãoGrosso do Sul, o bilionário do banco BTG/Pactual, André Esteves, mecenas das campanhas Lula/Dilma, na ordem de espantosos 22 milhões de reais. Porém, a prisão em flagrante do líder do governo no Senado, senador Delcídio do Amaral, PT do Mato Grosso do Sul, foi surpreendente e impactante em todos os aspectos. Foram presos também seu chefe de gabinete e o advogado do ex-todo poderoso da Petrobras, Nestor Cerveró, grafado no livro do propinoduto do “Clube do Bilhão”, como “lindinho”, não se sabe bem por que, como não se sabe por que o superpresidente Lula está grafado como “brahma” na mesma agenda pagadora. Mas isto são apenas detalhes. O certo é que a Operação Lava-Jato, em suas várias e reveladoras fases, deveria mudar de nome e passar a ser “Operação Limpa-Fossa”, ficaria mais adequado.

2.Causou espanto e abalou as estruturas do Senado Federal a prisão de um senador. E não era um simplessenador. Delcídio Amaral era o líder do governo no Senado, portanto, muito bem relacionado com o Palácio do Planalto e com o Instituto Lula, principalmente na atual conjuntura em que ser líder de um governo duplo e duplamente desacreditado não deve ser tarefa das mais fáceis e nem permite ao líder distanciar-se dos gabinetes palacianos. Mas o senador Delcídio Amaral entrou pela porta dos fundos da história política brasileira como o primeiro senador a ser preso no exercício do mandato, tomando a dianteira do senador Ivo Cassol, PP de Rondônia, que corre esse risco real e iminente por ter condenação transitada em julgado. Mas com Delcídio Amaral a coisa foi diferente. Até ser preso, ele parecia ser um quadro raro do petismo, sem aparecer nas delações premiadas ou nas investigações do Ministério Público ou da Polícia Federal. Era ouvido pela presidente Dilma e até pelo superpresidente Lula, que não costumam ouvir ninguém. Mas havia uma face oculta no senador sulmatogrossense que, ao ser exposta à luz revelou que ele, infelizmente, não era um quadro tão raro assim na militância petista. Tramava um plano horrível e audacioso para salvar a si mesmo e, quem sabe, à presidente Dilma Rousseff e ao super Lula. “foi tudo uma questão de humanidade”, “petetizou-se” ainda mais em seu primeiro depoimento.

3.Como pode um homem público, conhecedor de ambos os lados da política, sair como uma dessas, que tramar uma fuga, prometer proteção jurídica e financeira a um condenado do “Petrolão” do porte de Nestor Cerveró, dar rota de fuga e ponto de refúgio, dizer que era uma questão de humanidade? Foi a veia do PT, na parte que corre o sangue da enganação e do desprezo pelo país. Mas nem sempre foi assim no senador de segundo mandato Delcídio Amaral. Para quem não lembra ou quer esquecer, ele foi o presidente da CPI dos Correios que, entre 2005 e 2007, revelou o Mensalão do PT. No relatório final, o senador Delcídio Amaral não hesitou em indiciar petistas de alto coturno, como o poderoso José Dirceu. Nesse momento ele entrou na história brasileira pela porta da frente e foi defenestrado pelo Partido dos Trabalhadores. Ao terminar a leitura do relatório da CPI, aproximou-se da Mesa diretora o também senador Jorge Bittar, do PT do Rio de Janeiro, que, dedo em riste e derramando um mar de saliva no rosto de Delcídio Amaral, gritou: “você não é um bom petista, é um mau petista”. Delcídio Amaral, o mau petista do Mensalão, tornou-se um bom petista no Petrolão. Triste destino para quem tinha uma carreira política brilhante e havia conseguido um segundo mandato de senador em um partido que não o queria por perto.   

4.Agora, Delcídio Amaral não sabe o que fazer, nem se será senador ou militante do PT. Sabe apenas que foi jogado aos tubarões. Sabe também que não poderá sofrer calado a prisão, uma provável condenação, os impropérios do superpresidente Lula e o abandono partidário. Sabe que é uma testemunha de acusação poderosa, que tem segredos a revelar e se revelados foram o Senado vai tremer, o PT vai lamentar e os presidentes Lula e Dilma terão muito que explicar à justiça e à nação. Delcídio Amaral não é um bom petista, mas dinheiro é dinheiro e muito dinheiro é muito dinheiro. Falou-se em cinquenta mil reais por mês para sustentar a família de Nestor Cerveró e quatro milhões de reais para o advogado e outras transações. Quem fala de uma quantia vultosa dessas tem muito mais café no bule. O PT sabe disso, Lula e Dilma também, o presidente do Senado, Renan Calheiros também sabe, Eduardo Cunha também sabe. Deixar Delcídio Amaral se revolver por dentro no interior de uma cela de um presídio qualquer, não é uma boa. Quem viver, verá.

Historiador e Analista Político*

Da Academia Rondoniense de Letras, ARL,

Do Instituto Histórico e Geográfico de Rondônia

Porto Velho, 01.12.2015

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