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Francisco Matias

BRASIL: O FIM DAS MANIFESTAÇÕES. VIVAS AOS BLACK BLOCS



Por Francisco Matias*
 

1.Entre as personalidades eleitas como os brasileiros do ano 2013, estão a presidente Dilma Vana Rousseff, o senador Aécio Neves, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos e o técnico da seleção Luiz Felipe Scolari. Mas, estranhamente, foi eleito um personagem tão abstrato quanto concreto: o Manifestante. Mas, foi feita uma injustiça na escolha desses brasileiros do ano. Faltou conceder o titulo ao Black Bloc.  Por muitos motivos. O grupo identificado por Black Bloc atua no Brasil em várias células nos estados e distrito federal. Seguindo a senda dos Black Blocs da Alemanha, da Inglaterra e dos EUA, esses grupos vestem-se de preto e usam capuzes para esconder o rosto. São muito bem organizados, ideologicamente formados, jurídica e politicamente protegidos e ricamente financiados. Sua missão: destruir o pensamento do MANIFESTANTE. Não. Eles não são financiados para acabar com as manifestações. São pagos para destruir o pensamento, a vontade, a força e a capacidade de mudar o Brasil que os manifestantes demonstraram ter.  

2.Tudo começou em junho do ano passado, quando milhões de jovens detodos os níveis sociais foram às ruas “desse país” para protestar contra o aumento das passagens de ônibus, os elevados gastos com a copa do mundo, a corrupção, a PEC 37, a falta de moralidade pública das pessoas públicas e de políticas que visem melhorias nas áreas da saúde, educação, transportes e infraestrutura.  Mas havia um problema: os Manifestantes não eram partidários. Não eram do PT nem levavam a bandeira da CUT, nem de outros partidos da nossa briosa esquerda ou de sindicados. Suprema heresia. Como se atrevem, jovens brasileiros, ter tanta força política em suas mobilizações, amedrontarem as elites dominantes (Executivo, Legislativo e Judiciário,) fazerem convocações pelo Facebook e, além de tudo, não admitirem a penetração de bandeiras partidárias? Inadmissível nesse país “democrático”. 

3.De repente, os Vândalos. No meio das manifestações pacíficas surgem gruposdesorganizados dispostos a quebrar vitrines, incendiar prédios públicos, virar carros de polícia e desmoralizar as intenções dos Manifestantes. De repente, a polícia para combater os vândalos. De repente a imprensa para combater a polícia. Não se pode prender nem tocar nos jovens vândalos, eles estavam apenas “exercendo seu direito de expressão”, com pedras, coquetéis Molotov, cordas, facas e outros badulaques em suas mochilas. De repente o cordão protetor. E, aos poucos os vândalos foram ganhando força e proteção ideológica. A polícia, que deveria representar o Estado no combate à violência, passou a sofrer violência. Os vândalos ganharam força e capacidade de organização e mostraram a cara. Melhor dizendo: cobriram a cara com máscaras e capuzes. Passaram a usar uniformes pretos, mas parecidos com a juventude hitlerista e fascista dos anos 1930 da Alemanha e Itália. De repente, os BLACK BLOCS.

4.A proteção ideológica continuava e aumentava à medida em que os Black Blocs passaram a autodenominar-se “marxistas” e “anarquistas”. Não eram mais simples vândalos. Eram politicamente dirigidos, financiados e estavam em todas as manifestações. Estas, aos poucos foram se esvaziando. Os jovens que tiveram força para sair às ruas com cartazes com frases dizendo “desculpem o transtorno, estamos mudando o Brasil”, não interessava ao governo, nem ao PT nem aos demais partidos da esquerda reacionária. Era necessário seu esfacelamento, nem que fosse sob os capuzes negros do medo e da impunidade. Foi preciso que a própria imprensa tivesse um mártir, o cinegrafista da BAND, Santiago Andrade, atingido covardemente por um rojão, lançado por um jovem Black Bloc, para que o aparato de segurança “desse país” demonstrasse que sabe e pode atuar com inteligência para identificar criminosos. Foi preciso o sacrifício de Santiago, um pai de família, trabalhador brasileiro, morto em serviço, para que as autoridades revelassem que os Black Blocs estão longe de serem apenas vândalos, mas sim, terroristas a serviços de partidos políticos de esquerda, pagos por ONGS agregadas ao governo e dispostos a tudo para que as mudanças propostas pelos manifestantes jamais ocorram.

5.Por isso, os Black Blocs merecem o título de cidadãos brasileiros de 2013.Pelo poder que demonstram ter. Pela proteção política, financeira, organizacional, capacidade de arregimentação e mobilização e, sobretudo, por terem acesso a armas e munições e saberem que podem quebrar, queimar, agredir e até matar, que seus costados estarão muito bem protegidos por pessoas, partidos políticos e grupos poderosos nesta republiqueta de bananas chamada Brasil. Enquanto isso, o Manifestante, escolhido cidadão brasileiro 2013, foi silenciado, ficou amedrontado de fazer de novo o que fez de mais bonito, tentar mudar o país. Até conseguiu com o arquivamento da PEC 37, a aprovação de uma lei que classificada a corrupção como crime hediondo e a prisão de deputados e outros poderosos condenados, sobretudo, na Ação Penal 470. Mas, a despeito de tantas vitórias, o Manifestante foi derrotado pelos Black Blocs, a SA brasileira do século XXI, pontas de lança de um projeto arcaico, mas em andamento, de transformar o Brasil em uma grande Cuba. Mil vivas aos Black Blocs. Réquiem ao Manifestante.

Historiador e analista político(*)

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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