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Francisco Matias

AMAZONAS-PORTO VELHO/ RONDON - PARTE 10


Por Francisco Matias(*)
 

1.O MARECHAL RONDON EM PORTO VELHO, continuação - Parte III  - Como foi abordado em dois artigos anteriores, caiu por terra o debate sobre o patrono do estado de Rondônia, o marechal Cândido Mariano da Silva Rondon versus cidade de Porto Velho, no tocante à questão ausência do sertanista na povoação ou na cidade de Porto Velho-Amazonas, ou mesmo de sua propalada aversão pela cidade. Neste artigo, a coluna vai continuar tratando das visitas do então coronel Cândido Mariano da Silva Rondon à povoação, depois cidade de Porto Velho. No artigo anterior ficou uma pergunta no ar: - Mas, afinal, o que fazia o militar e sertanista Cândido Mariano da Silva Rondon em Porto Velho? Vamos aos fatos. Em meados 1918 Rondon realizava vistoria na linha telegráfica e em suas estações construídas nos sertões do Mato Grosso, incluindo a porção territorial que daria origem ao estado de Rondônia. Naquele seis de agosto, ele estava em sua principal estação telegráfica localizada na Vila de Santo Antonio do Rio Madeira, onde ficava a linha-tronco, inaugurada três anos antes. Foi ali que ele soube da visita do deputado federal, Dr. Alfredo Mavignier, do Partido Republicano Conservador do Mato Grosso, seu conterrâneo e amigo, à povoação de Porto Velho, depois de ter passado na Vila de Santo Antonio.

2.Destarte, o superintendente interino de Porto Velho, Luzitano Correa Barreto, que substituía o titular, Dr. Joaquim Tanajura, iria oferecer um chá dançante no dia 7 de agosto, 4ª feira, para homenagear o importante político mato-grossense antes de seu embarque para Manaus. Foi este fato que levou Rondon a deslocar-se da Vila de Santo Antonio para a povoação amazonense de Porto Velho. O evento ocorreu na Associação Recreativa, cujo diretor social era o capitão Alencarliense Fernandes da Costa, chefe do 3º. Distrito Telegráfico do Mato Grosso. Estiveram presentes as seguintes pessoas: o superintendente (prefeito) Luzitano Correa Barreto, o Dr. Juventino Luís Themudo, juiz de Direito, o capitão Esron de Menezes, delegado de polícia, o engenheiro João da Silva Campos, fiscal da Madeira-Mamoré, o capitão H. Amazonas, comandante do destacamento da polícia militar em Santo Antonio do Rio Madeira, e o gerente interino da Madeira-Mamoré, Abel Macedo. Além desses, compareceram os comerciantes João Zeferino Lopes de Almeida, João Evangelhista Tanajura, José Vieira de Souza e o 1º tenente H. de Carvalho Santos.

3.Mas, o coronel Rondon perdeu a festa. Ele chegou atrasado devido a um problema mecânico no automóvel que o conduzia da Vila de Santo Antonio,MT, à povoação de Porto Velho-Amazonas. Contudo, uma pequena cerimônia de despedida no porto, deu tempo para Rondon apresentar suas despedidas ao amigo deputado, que já havia embarcado no navio “Ajudante” que o conduziria a Manaus. Dentre os que prestaram homenagem ao deputado federal Alfredo Mavignier, estava a Loja Maçônica União e Perseverança que designou uma comissão formada por José Jorge Braga Vieira, intendente (vereador), pelo comandante Francisco Rio Machado e Manoel Martins da Silva, que discursaram em homenagem ao ilustre visitante. Foi o que salvou a viagem de Rondon. Os discursos atrasaram um pouco a saída do barco e ele pode, enfim, cumprimentar o deputado.

4.No dia seguinte, Rondon e comitiva embarcaram no trem-horário da Madeira-Mamoré com destino a Guajará Mirim, com pernoite na vila de Presidente Marques, atual Abunã, principal estação intermediária da ferrovia, onde foi recepcionado pelo médico José de Mendonça Lima, o qual, em um futuro próximo, seria o primeiro presidente da Câmara Municipal de Guajará Mirim,MT. O coronel Rondon ficou hospedado no Hotel Abunã. Após o jantar foi assistir a um filme no Cine Bohemia, em companhia do Dr. José de Mendonça Lima. Na manhã seguinte, antes do embarque, recebeu alunos da escola municipal que cantaram o hino do município de Santo Antonio do Rio Madeira, em sua homenagem. Agradecido, Rondon embarcou no trem e, ao anoitecer chegava ao distrito de Guajará Mirim. Mas, no dia 11 de agosto já estava de volta à Vila de Santo Antonio de onde partiria para vistoriar as estações Arikemes, Jaru e Presidente Pena, nos vales do Jamary e do Gy-Paraná.

5.Estava encerrada mais uma visita do futuro Marechal Rondon à povoação de Porto Velho. Mas ele ainda voltaria a Porto Velho-AMAZONAS. Isto ocorreria no dia 6 de outubro de 1918. Rondon estava na Vila de Santo Antonio. Nesse dia, desloca-se para a povoação de Porto Velho-AMAZONAS para participar de uma exposição de quadros do famoso pintor Celino Porciúncula de Moraes, na sede do jornal Alto Madeira. Naquele domingo, a nata da sociedade portovelhense esteve reunida e surgiu a idéia de se adquirir um quadro, no valor de um conto de réis, para ser doado à Intendência do município. Um conto de réis é muito dinheiro. Por isso, muitos dos presentes darão sua contribuição financeira para a aquisição do quadro.

6.Dentre os que colaboraram destacam-se o Dr. Luís Themudo, juiz de Direito, o Dr. João da Silva Campos, promotor de Justiça, o seringalista coronel C. M. Assensi, dono do Seringal 70, o delegado de polícia Esron de Menezes, os irmãos Rosas, donos do Cine Phoenix, o capitão Alencarliense Fernandes da Costa e o coronel Cândido Mariano da Silva Rondon. Portanto, como se pode observar, o Marechal Rondon, que seria o patrono do futuro estado de Rondônia, esteve em Porto Velho diversas vezes. Em nenhuma delas consta qualquer atitude ou palavra inamistosa contra a cidade. Ao contrário, ele participou de eventos, foi bem recebido e sempre cordial. Para reexame da História, antes que se complete um século da criação do município.     

Historiador e analista político (*)

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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