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Francisco Matias

AMAZONAS - PORTO VELHO E ELEIÇÕES/ PARTE 2


Por Francisco Matias(*)

1.Continuando com a história das eleições de 1926, com o objetivo de contribuir com a memória histórica do município de Porto Velho, com vistas ao centenário do município ano que vem.Como ficou observado no artigo anterior, as eleições ocorreram no dia 6 de maio de 1926. Mas, dois dias antes, o prefeito Djalma Cavalcanti decidiu afastar-se do cargo e embarcou para Manaus, a bordo do navio Madeira-Mamoré. Em seu lugar ficou o chefe de gabinete Prudêncio Borgéia de Sá, depois nomeado prefeito interino. Desse modo, as eleições ocorreram com o município sem prefeito/interventor, sendo administrado por um encarregado do expediente. Com a posse de Prudêncio Borgéia de Sá na prefeitura, o chefe de gabinete passou a ser Manoel Blunn, que, eventualmente, respondia pela prefeitura.

2.O resultado das eleições foi o seguinte: para deputado estadual a chapa do Partido Republicano do Amazonas,PRA, obteve  109 votos em Porto Velho, com os candidatos Antonio Monteiro de Souza, Adriano Augusto de Araujo Jorge, Alexandre Carvalho Leal, Anchises Raposo de Câmara e Coriolano Durant.   Para a intendência municipal (Câmara ou Conselho Municipal) a chapa do PRA foi eleita com os seguintes candidatos: Arthur Napoleão Lebre, com 49 votos, Esron de Menezes, 49 votos, Oscar Theophilo, 46 votos, Manoel da Cunha Freitas, 34 votos e Cincinatto Elias Ferreira, 32 votos. Os suplentes foram José Penha, 20 votos, Horácio Bilhar, 20 votos, Francisco Souto, 13 votos, José Augusto Barbosa, 13 votos e Abel Carlos Monteiro, 13 votos. A oposição, formada pelo Partido Republicano Conservador,PRC, lançou três candidatos: Raul Andrade, 12 votos, Jorge Medina, 12 votos e Américo Pinto, 9 votos.

3.A votação ocorreu em duas seções eleitorais. Uma foi montada no paço municipal, em frente à prefeitura, ou superintendência municipal, situada na rua José Bonifácio (Ladeira Comendador Centeno). A outra funcionou no prédio da Colletoria Estadual, na avenida 7 de Setembro. Na seção do paço municipal votaram eleitores cujos nomes começavam pela letra A, até o eleitor José Ribeiro Dantas, de número 250. Na seção da Colletoria Estadual votaram os demais eleitores, do número 251, cujo nome era José de Souza Mello, até os de letra Z. As chapas foram distribuídas aos eleitores. O PRA designou os filiados Antonio Brasileiro e Manoel da Cunha Freitas para distribuírem as chapas aos eleitores em cada uma das seções.

4. A junta apuradora foi presidida pelo juiz de direito Arthur Virgilio do Carmo Ribeiro, com a participação do promotor de justiça, Dr. Guilherme Bessa, e do escrivão Israel Paz. Aos intendentes eleitos foi expedido diploma. Aos suplentes, a junta apuradora expediu certidões de suplência. Destarte,  o prefeito interino Prudêncio Borgéia de Sá não só não participou do processo eleitoral, - talvez como eleitor - como não foi o último prefeito eleito no município de Porto Velho, como consta nos livros de história regional. Como se pode observar, não ocorreram eleições para prefeito/superintendente. Apenas para vereadores/intendentes, e para deputado estadual. Desse modo, o prefeito interino nomeado Prudêncio Borgéia de Sá permaneceu no  cargo até a nomeação de um outro prefeito pelo governador/interventor do estado do Amazonas.

5.Contudo, a interinidade do prefeito durou apenas noventa dias. O prefeito licenciado, Djalma Cavalcanti, decidiu oficializar seu afastamento através de um pedido de exoneração o que ocasionou a efetivação de Prudêncio Borgéia de Sá, que terminou nomeado prefeito titular, fato ocorrido no dia 8 de setembro de 1926. A comunicação chegou através de um telegrama enviado pelo governador Epfhigênio de Salles, nos seguintes termos: “Tenho prazer em comunicar ao prezado amigo a sua nomeação de prefeito desse município, esperando que envidará esforços e todo patriotismo em prol do engrandecimento desta região. Saudações cordiais, Efphigênio Salles”.

6.Mas, qual razão da interinidade do prefeito? Voltemos ao ano de 1924 quando ocorreram eleições para superintendente (prefeito) e intendente (vereador). Naquele pleito, o Dr. Joaquim Augusto Tanajura foi eleito ao cargo de prefeito e, simultaneamente, ao de deputado estadual à Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas. Era prefeito de Porto Velho e deputado estadual ao mesmo tempo. Tinha que dar expediente na prefeitura e a 950 km de distância, na cidade de Manaus. Com os desdobramentos da revolta tenentista no Amazonas, o deputado Joaquim Augusto Tanajura licenciou-se do cargo executivo e ficou no exercício do cargo legislativo, e na presidência do Partido Republicano do Amazonas, PRA. Nas eleições de 1926 ele atuou como o grande cabo eleitoral do seu partido e conseguiu, com seu prestígio político, obter uma importante vitória eleitoral para seus correligionários em Porto Velho. Portanto, registre-se por quem interessar possa que o Sr. Prudêncio Borgéia de Sá não foi prefeito eleito em 1926.  

Historiador e analista político(*)

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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