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Francisco Matias

A COPA DO MUNDO E O GOVERNO – PARTE I


 
1.A Copa do Mundo da FIFA, 2014, revela-se um campeonato onde os times sulamericanos parecem ter superado o complexo de inferioridade diante das dos europeus. Isso é muito bom. Nesse cenário de surpresas, o Brasil é o único que disputa a copa pela vigésima vez e possui cinco títulos mundiais. Está em busca do hexa campeonato. Por isso se diz que o Brasil é o “país do futebol”. Por isso temos o rei do futebol mundial, Pelé, apesar de não jogar bola há quase duas décadas. Por isso a seleção canarinha impõe tanto respeito às demais e torna-se ambição política de todos os governos e oposição. Não é de estranhar que presidentes da República, governadores, prefeitos e demais mandatários da Nação tentem colar suas imagens políticas aos jogadores brasileiros. Foi assim em todas as vezes que a seleção sagrou-se campeã mundial e o oposto quando perdeu a taça. De repente, os mesmos políticos que se ombreavam com canarina vitoriosa, esconderam-se na derrota. Esta Copa do Mundo não será diferente.

2.Estamos nas quartas-de-final e hoje o jogo é com a Colômbia. Este artigo está sendo publicado antes do jogo. Todos os brasileiros e milhões de torcedores mundo à fora estão com os sentidos voltados para a seleção. A classe política nacional está mais ainda. A presidente Dilma Rousseff que foi vaiada e “outras cositas más” na abertura dos jogos, está torcendo duplamente pela seleção. Primeiro, como cidadã brasileira e, segundo, na condição de política e presidente que disputará a reeleição apenas três meses depois da Copa do Mundo. Se o Brasil for campeão, ela e o PT correrão para adicionar a estrela petista às estrelinhas da seleção. Em vez de seis estrelas, o time do Brasil terá sete no peito. Uma do PT. Mas, se o Brasil for desclassificado ou perder a Copa, a presidente Dilma e o PT, na maior cara dura, sequer posarão para fotos com a seleção derrotada. Tem sido assim desde 1950, na primeira copa do mundo no Brasil quando a seleção sagrou-se vice-campeã mundial ao ser derrotada pelo Uruguai por 2x1. Observe-se: não se fala que a seleção foi vice-campeã do mundo. Isso não interessa. O que trás para a História é a derrota em pleno Maracanã, fato que os uruguaios chamaram “maracanazzo”. Deus nos livre de um “castelanazzo”,  em Fortaleza, imagine de um “maracanazzo”.  
 
3.Mas, vamos voltar na História das Copas do Mundo, na do Brasil e no regime militar imposto entre 1964 e 1985. Vamos voltar à Copa do Mundo do México, em 1970, à disputa pela Taça Jules Rimet e o tricampeonato do Brasil. Na tarde do dia 21 de junho de 1970, o estádio Asteca, na cidade do México, estava lotadíssimo. Mas de cem mil torcedores foram assistir à final com Brasil e Itália. A seleção, treinada por Zagalo, tinha nomes estrelados como Jairzinho, o “furacão da Copa”, Gerson, o “canhotinha de ouro”, Rivelino, o “garoto do Parque” e Tostão. Tinha também Clodoaldo, Brito, Piazza, Félix no Gol, Carlos Alberto, o capitão. Mas, tinha, sobretudo, o Rei Pelé, no auge da carreira. Era um time imbatível e venceu todos os jogos das oitavas à final, não deu pra ninguém. Inglaterra, Polônia, Uruguai e Itália, todos conheceram a categoria e a vontade de vencer da seleção canarinha. A TAÇA DO MUNDO ERA NOSSA, definitivamente. A Jules Rimet era do Brasil e dos brasileiros.

4.Naquela época o Brasil estava sob os tacões das botas do Golpe Militar de 1964. Fazia seis anos que a democracia fora suprimida e uma ditadura de direita tomou conta do país. Fazia dois anos que o AI-5 havia imposto um sistema policial-militar, a censura estava em todos os lugares, das artes à política, da imprensa ao pensamento, do indivíduo às massas. Em todo canto o medo se instalou. Nos quartéis, militares morriam de medo de militares. O silêncio era de ouro. Na sociedade civil, o caos do AI-5 caiu pesadamente. O presidente da República era o general Emílio Garrastazu Médici, o mais duro general do ciclo dos generais. Não obstante, um desportista, torcedor do Grêmio, que ia aos estádios com um radinho de pilha. Foi aí que o caldo entornou. O regime militar modernizou as telecomunicações, criou a EMBRATEL e o povo brasileiro pode, pela primeira vez, assistir à Copa do Mundo ao vivo e a cores. Mas, havia outro problema relacionado à seleção e a Copa do Mundo. Era um pequeno detalhe que antecedeu ao campeonato e interferiu pesadamente nos resultados.


 

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