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Domingues Junior

Diário de bordo



O filme 10 mil anos A.C. começa com uma frase dizendo que o tempo é que se encarrega de mostrar o que é lenda e o que verdade dentro da história. Transferi essa máxima para o esporte e passei a pensar naqueles que consideremos verdadeiras lendas exatamente porque fizeram algo extraordinário de fato. Quer dizer, viraram lenda não por causa da ficção, mas em razão de terem existido de verdade, fazendo algo que ninguém acreditava. É um paradoxo. Que se estende também para os legendários das artes, da ciência, da fé. São o que são, porque foram mais do que a maioria.

Pensando em alguns brasileiros que se encaixam no perfil das lendas do esporte, parei para refletir em como os brasileiros lidam com alguns deles. Unanimidade mesmo, preferência popular, são poucos. Pelé, Garrincha, João do Pulo, Fittipaldi, Maria Ester Bueno, Guga, Zico... a lista dos que são lenda no esporte, no quesito incontestáveis, é relativamente pequena. Não por falta de merecimento, mas em função do jeitinho brasileiro de lidar com seus ídolos. O senso de humor, a paixão clubística, a dificuldade em demonstrar amor de verdade, a ginga e o jogo impedem o fã nacional de escancarar.

Por conta disso, Senna, Piquet, Ronaldo, Romário,  Hortência, Paula, Oscar, e tantos outros, carregam o estigma do quase. Os pilotos porque a rivalidade dos torcedores impede a beatificação. Os atacantes porque a cobrança pelo que fizeram fora do gramado, com apimentadas pitadas de inveja e paixão atrapalham a consagração final. E a turma do basquete em função da pouca identificação do torcedor com esse esporte. Claro que jamais nos esqueceremos das conquistas que elas e ele alcançaram, mas também é óbvio que são poucas histórias contadas, ou poucas rodas de debate com alguém de fora do futebol e fórmula 1 em destaque. Daí a virar lenda mesmo, a distância é quilométrica.

A pior conclusão de tudo isso é que produzimos cada vez menos lendas e cada vez mais verdades. E no caso, era preferível ficar com as lendas. Onde estão os camisas  10? Ou os atacantes geniais? E os pilotos arrebatadores? Os cestinhas com mão santa, os tenistas imprevisíveis, os ginastas mágicos, os corredores com fôlegos a mais? Acho que a maioria deles está na prancheta da pesquisa que o Ministério dos Esportes tem em mãos, cujo resultado aponta para um potencial com mais de 500 mil possíveis atletas de alta performance. Pena que a verdade é que eles não se tornarão lenda. Não enquanto apenas pouco mais de 5 mil estiverem recebendo o apoio necessário para explodir e vingar.

Que pena! Um país com verdadeiras lendas do passado, graças ao esforço próprio e não às políticas de inclusão esportiva, reverenciar tão pouco os  que já foram e cuidar tão mal dos que poderiam vir. De fato o tempo se encarrega de separar o que é lenda do que é verdade. E no Brasil, a verdade é a pior possível.


Por aqui

Longe do debate sobre lendas e verdades, passado e futuro do esporte, o torcedor do Lobo do Cerrado vai ao Portal da Amazônia hoje. Vilhena e Avaí jogam pela Copa do Brasil, em mais uma partida do futebol de Rondônia na luta para dar um passo maior rumo ao Sul e um sonhado segundo jogo. Se conseguir a façanha o VEC escreve mais um capítulo na história. Se não der, a maioria vai dizer que já sabia. 

 
Pisadas

A Justiça decidiu que o São Paulo tem que devolver a Taça das Bolinhas. Ia falar mais sobre isso, mas nem vou dar bola. A justiça anda pisando muito nela...

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Fonte: Domingues Jr 
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