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Gente de Opinião

Dom Moacyr

Semana da Família e a missão sublime dos pais!


Aos pais, nossa saudação e prece neste dia. “A paternidade é uma
altíssima vocação, que tem como pauta a responsabilidade” (Doc. CNBB
79, n.73).

Queridos pais, nesta “sua missão sublime de pai”, vocês “são os
cooperadores do amor de Deus criador e como que os seus intérpretes”.
Sim, foi a vocês que “Deus, senhor da vida, confiou para que
desempenhassem dum modo digno, o nobre encargo de conservar a vida”
(GS 48-51).

  Hoje em dia, a participação paterna na vida afetiva e educacional
dos filhos é cada vez maior. O pai está tendo mais oportunidades para
aproximar-se dos filhos e mais espaço para trazer para casa não
somente o sustento financeiro, mas também o sustento afetivo e
educativo.  Segundo a psicóloga Cláudia Sigaran (CLIP, P.Alegre), o
pai não só auxilia, mas divide as tarefas domésticas e participa do
cuidado da prole. Esse crescente envolvimento tem levado o homem a
reivindicar uma atuação mais efetiva na vida dos filhos.

  A paternidade tem sido permanentemente desafiada pelas aceleradas
mudanças da sociedade e pela transformação dos padrões tradicionais
familiares (Dra. Andréa S. Magalhães), contudo, temos uma nova
acentuação: o ideal passou a ser um pai participativo, afetivo e com
autoridade. Essa autoridade, segundo o psicólogo e terapeuta Marcelo
S. Verdi, não decorre de direitos superiores, mas de sabedoria, senso
de justiça e preocupação com os filhos. Claro que todo mundo gostaria
de ter um pai assim, para si e para os outros. Na vida real, todavia,
existem diversos tipos de pais contemporâneos, o que continua a nos
fazer sonhar com o ideal.

  Como manter o afeto em casa e, por outro lado, fazer essa casa
funcionar segundo as regras impessoais e frias do mundo produtivo,
questiona a especialista em Saúde Mental Infanto-Juvenil, Beatriz
Mizrahi. A família deveria educar os filhos para se tornarem
trabalhadores eficientes e, ao mesmo tempo, desenvolver uma rica
intimidade doméstica. Temos aqui uma importante contradição. No
entanto, enquanto a frieza do mundo do trabalho foi parcialmente
contrabalançada pelas proteções sociais, esse ideal de afetividade
entre pais e filhos encontrava ainda um mínimo respaldo na sociedade,
que neutralizava parcialmente essa contradição. Agora, no entanto, os
pais estão cada vez mais perdendo sua voz e tornando-se meros
instrumentos do mercado. Isso porque a lógica econômica fria invade
indiscriminadamente todos os espaços. Quanto mais enfraquecidos estão
os pais, pela falta de suportes efetivos, mais eles recorrem aos
especialistas em educação. Estes muitas vezes culpam a família ao
invés de enxergar o problema em toda a sua complexidade social. Os
pais vão ficando submissos e as crianças acabam com isso não tendo
acesso ao ambiente cuidadoso e firme que precisam (Revista IHU,
ed.230).

Diante desse contexto nosso olhar se volta para a família, a fim de
que se torne um lugar propício para a convivência na base do respeito
e do diálogo, um lugar propício ao afeto e ao cuidado de um para com o
outro, um lugar de honradez e de compromisso com o que está à nossa
volta. É um amor que não termina na porta de sua casa. É um amor que
deve projetar-se não somente na pequena família, mas na família
humana. Dom Romero formulou-o da seguinte maneira: “Ninguém se casa
somente para ser feliz. O matrimônio tem uma grande função social, tem
que ser tocha que ilumina ao seu redor, homem e mulher tem que sair de
casa, preparados para promover, também na política, na sociedade, nos
caminhos da justiça, as mudanças que são necessárias e que não
acontecerão enquanto houver oposição de parte das famílias. Mas será
fácil quando desde a intimidade de cada família formem-se meninos e
meninas que não pensem somente em ter mais, mas em ser mais; não em
agarrar tudo para si, mas dar as mãos cheias aos demais. Devemos
educar-nos para o amor. A família não é nada mais do que amar e amar é
dar-se, amar é entregar-se ao bem-estar de todos, é trabalhar pela
felicidade comum” (homilia, 7/10/1979).

  Estamos iniciando hoje a SEMANA DA FAMÍLIA (11-17/08) no contexto do
ano da fé e em sintonia com a Jornada Mundial da Juventude. Todo
cristão batizado é sujeito da nova evangelização, por vocação e
missão, mas, em particular, a família no seu conjunto é decisiva na
transmissão da fé. Para Dom Bruno Forte, que atuou no último Sínodo
dos Bispos, a Família aparece como um dos maiores destaques entre os
protagonistas da nova evangelização.

  A Igreja, através da Palavra de Deus, revela à família cristã a sua
verdadeira identidade, o que ela é e deve ser segundo o desígnio do
Senhor. Evidencia o quanto está sujeita a ataques pela mentalidade
corrente. Reafirma a bondade originária do ser humano, criado como
homem e mulher e chamado ao amor fiel, recíproco e fecundo. Do grande
mistério nupcial deriva uma imprescindível responsabilidade dos pais
em relação aos seus filhos. De fato, pertence à autêntica paternidade
e maternidade a comunicação e o testemunho do sentido da vida em
Cristo: através da fidelidade e unidade da vida familiar, os esposos
são, para os seus filhos, os primeiros anunciadores da Palavra de
Deus. A comunidade eclesial deve sustentá-los e ajudá-los a
desenvolverem a oração em família, a escuta da Palavra, o conhecimento
da Bíblia (VD 85).

A Semana da Família tem como tema “A transmissão e educação da fé
cristã na família” e o subsídio “Hora da Família 2013” oferece sete
encontros de reflexão em torno da missão dos pais, que são convocados
por Cristo na Igreja ao anúncio do Evangelho, com um mandato que é
sempre novo, uma nova evangelização, para descobrir de novo a alegria
de crer e reencontrar o entusiasmo de comunicar a fé. Os encontros tem
uma sequência: Pai e Mãe, primeiros e principais transmissores da fé;
Desafios Cristãos na educação dos filhos na fé; Valores que
permanecem; Educar pela presença; Educar com fortaleza e docilidade de
alma; Iniciação Cristã; Projeto de Vida Pessoal e Familiar.
 A família é, portanto, o lugar privilegiado do encontro com Deus. O
encontro com Cristo, graças à ação invisível do Espírito Santo,
realiza-se na fé recebida e vivida na Igreja (DAp 246). É no seio de
uma família que descobrimos os motivos e o caminho para pertencer à
família de Deus. Dela recebemos a vida, a primeira experiência do amor
e da fé. O grande tesouro da educação dos filhos na fé consiste na
experiência de uma vida familiar que recebe a fé, que a conserva,
celebra e transmite dando testemunho dela. Os pais devem tomar uma
nova consciência de sua feliz e irrenunciável responsabilidade na
formação integral de seus filhos (DAp 118).

A ação evangelizadora da Pastoral Familiar propõe que a Semana
Nacional da Família 2013 seja um dos preciosos momentos para promover
encontros e celebrações evangelizadoras, com o propósito de motivar e
capacitar os membros das famílias católicas, os agentes da Pastoral
Familiar, ao valor único e próprio da família; e procurar, como Igreja
doméstica querida por Deus Pai, realizada por Jesus Cristo e assistida
pelo Espírito Santo, a responderem aos desafios apresentados no
Diretório da Pastoral Familiar.

No último domingo (04 de agosto) celebramos nas comunidades o patrono
dos párocos, São João Maria Vianey (o Cura d’Ars), orando por todos os
sacerdotes e pedindo mais vocações à vida sacerdotal e fidelidade aos
que foram chamados. Neste mês vocacional estamos refletindo o tema
“Eis-me aqui, envia-me”, em referência à Campanha da Fraternidade e à
proposta da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) “Ide e fazei discípulos
entre todas as nações”.

Hoje estamos celebrando a vocação dos pais e realizando a Semana
Nacional da Família. No próximo domingo celebraremos a vocação dos
religiosos e das religiosas, ou seja, a Vida Consagrada (18/8) e no
dia 25 de agosto, a vocação dos cristãos leigos, com destaque a todos
os catequistas.

O Serviço de Animação Vocacional visa “ajudar os jovens a descobrir o
sentido da vida e o projeto que Deus tem para cada um” (DAp, 314) e a
orientar o cristão na sua opção vocacional cristã e missionária,
mediante a fé adulta, de tal modo que expresse seu serviço ministerial
dentro das atividades da Igreja.

  A Arquidiocese de Porto Velho, para o último domingo do mês
vocacional, está preparando e mobilizando toda a Juventude das
Comunidades e Pastorais, Organismos, Serviços e Movimentos, sobretudo,
a pastoral vocacional, familiar e catequética para o II Encontrão da
Juventude, a fim de fortalecer sua vocação de seguidores e seguidoras
de Jesus Cristo, como discípulos missionários a serviço do Reino de
Deus, por uma sociedade mais justa e solidária.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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