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Dom Moacyr

LEIGOS: Pedras vivas da Igreja



Na solenidade de Cristo Rei, cuja celebração aconteceu no domingo 22, encerramos o ano litúrgico, renovando nossa profissão de fé no Senhor da história que caminha com seu povo. Há um único Absoluto na história: é Deus, que, com seu Filho, instaura no mundo seu reino de justiça e verdade. Durante o anúncio do Reino, Jesus nos mostra o que este significa para nós como Salvação, Revelação e Reconciliação ante os projetos de morte que existem no mundo. O Reino de Deus é serviço e amor total e foi confiado à comunidade cristã. Somos reino e sacerdotes para Deus.

Junto com a Festa de Cristo Rei celebramos também o Dia Nacional dos Cristãos Leigos e Leigas. Vivemos um tempo privilegiado em que os leigos estão assumindo progressivamente o papel de protagonistas da vida eclesial. Ser leigo ou leiga no mundo de hoje é um permanente desafio de vida e testemunho. Os leigos ocupam importantes ministérios na vida da Igreja, animam as Comunidades Eclesiais de Base, que vivem o evangelho encarnado dentro da realidade de vida de cada uma delas e assumem sua vocação particular de constituir família, e aceitar com generosidade a vocação matrimonial que Deus lhes dá. Assumem o grande desafio de serem pedras vivas da Igreja e a vocação de atuar profissionalmente com ética, dedicação e diferencial positivo no sentido de ser uma pessoa diferente no meio de tantas; assumem ainda a sua vocação missionária dedicando-se aos mais carentes e excluídos.

O Papa João Paulo II, em diversos escritos valoriza o papel do leigo na Igreja e em todos os aspectos da vida eclesial, “de um espírito de comunhão arraigado no sensus fidei sobrenatural e na rica variedade dos carismas e das missões que o Espírito Santo oferece a todo o conjunto dos batizados, para os edificar na unidade e na fidelidade à Palavra de Deus” (LG, 12). Fala ainda “da compreensão da cooperação e da responsabilidade compartilhada, firmemente arraigada nos princípios de uma eclesiologia sadia que garante uma colaboração autêntica e fecunda entre os Pastores da Igreja e os fiéis leigos, sem o perigo de que esta relação seja alterada pela aceitação acrítica das categorias e das estruturas da vida secular”.

Ele se fez pobre para nos enriquecer

Com a proximidade do Advento, vamos iniciar no próximo domingo a preparação do Natal e viver a Campanha da Evangelização que neste ano tem como tema: “Ele se fez pobre para nos enriquecer”.

Todos os anos, a Igreja no Brasil realiza a Campanha para a Evangelização, que acontece no tempo do advento, buscando despertar na consciência de todos os cristãos, unidos a Cristo pelo Batismo, a responsabilidade diante da missão evangelizadora para que venham participar ativamente desta missão.

O tema deste ano foi escolhido para dar unidade ao ano litúrgico de 2010, que abordará a questão da economia tanto na Campanha para a Evangelização, que acontece no tempo do advento, como na Campanha da Fraternidade, que acontece no tempo da quaresma, e na Campanha Missionária, que acontece em outubro, durante o tempo comum.

O advento é tempo rico e significativo na vida e na espiritualidade das comunidades cristãs como celebração do Verbo que se encarnou para nos salvar e se fez solidário com as alegrias, sofrimentos, pecados e esperanças da humanidade.

As comunidades e as famílias se preparam para a festa do Natal por meio de novenas, orações em grupo, meditação da Palavra de Deus e gestos de solidariedade e caridade para com os mais pobres, para acolher e vivenciar a Boa Nova da presença e manifestação do Filho de Deus, que veio trazer vida em abundância para todos.

Advento é tempo de esperança. Esperança de dias melhores e de mais justiça e paz, de mais liberdade e igualdade. Esta esperança foi o sonho do povo do Antigo Testamento. A chegada do Messias deveria trazer a realização desse sonho. Os profetas denunciaram as injustiças e a escravidão e colocaram na vinda do Messias a esperança da libertação e da salvação para todos. Mas a vinda do Messias não resolveria os problemas do povo de forma mágica e milagrosa. Exigia empenho e compromisso de todos. Postulava a mudança de vida. Comportava a conversão do coração e a abertura para a partilha, a quebra do egoísmo e do individualismo. Saída da auto-suficiência que supunha a penitência e a oração.

A preparação do povo para a chegada do Messias foi o compromisso dos

profetas e das lideranças, por meio da pregação, do exemplo de vida e de gestos de despojamento. O nascimento de Jesus Cristo é celebrado todos os dias pelos cristãos. No advento, a cuidadosa preparação e as celebrações ajudam a reviver a Palavra dos profetas, a entrar na atitude e na proposta de João Batista e a acolher, no silêncio e na oração, o Sim de Maria, mãe de Jesus.

A liturgia desse tempo é cheia de símbolos eclesiais e tem um caminho que conduz para a celebração da chegada do Messias no coração dos fiéis. Nada poderá substituir essa liturgia. Advento, portanto, é tempo de evangelização nas comunidades. Cultiva‐se a chegada do Messias, Filho de Deus, em seu projeto de vida nova, liberdade, partilha e fraternidade.

Evangelizar é levar as pessoas a responder de forma positiva à proposta de Cristo e a assumir como próprios, os valores do Evangelho. Esta é a missão permanente da Igreja, Corpo Místico de Cristo, como continuadora da sua missão através dos séculos. Jesus Cristo é o Bom Pastor que cuida do rebanho e dá a vida por suas ovelhas (Jo 10, 1‐21). Ele afirmou que haverá um só rebanho e um só pastor e, para isso, é necessário ir atrás das outras ovelhas que não são do seu redil. Por isso, é importante que a Igreja apresente a todas as pessoas, de forma convincente, a pessoa de Jesus e a mensagem do Reino de Deus. A partir daí, as pessoas podem seguir o itinerário proposto pela Missão Continental: o encontro com Jesus Cristo, através do anúncio do querigma, fio condutor de um processo que culmina na maturidade do discípulo e deve renovar‐se constantemente pelo testemunho pessoal e pela ação missionária na comunidade. A conversão, resposta inicial de quem crê em Jesus Cristo e busca segui‐lo constantemente. O discipulado, amadurecimento constante no reconhecimento, amor e seguimento de Jesus Mestre, quando também se aprofunda o mistério de sua pessoa, de seu exemplo e de sua doutrina, graças à catequese permanente e à vida sacramental.

A comunhão, pois não pode existir vida cristã fora da comunidade: nas famílias, nas paróquias, nas comunidades de vida consagrada, nas comunidades de base, nas outras pequenas comunidades e movimentos, tal como acontecia entre os primeiros cristãos; a comunhão na fé, na esperança e no amor, deve estender‐se aos irmãos e irmãs de outras tradições cristãs; a missão deve acompanhar todo o processo,embora diversamente, conforme a vocação e o grau de amadurecimento humano e cristão de cada um, tendo Maria como modelo perfeito do discípulo missionário (DGAE 92). Assim, a missão de Jesus que foi enviado para evangelizar os pobres e anunciar o ano da graça do Senhor ( Lc 4, 14‐21) prossegue pelos caminhos da história até a sua conclusão,quando tudo o que está nos céus e na terra será recapitulado em Cristo (Ef 1, 10).

Fonte: Pascom

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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