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Dom Moacyr

Jornada dos jovens e novos sinais de mudança!


 
     Muitos acontecimentos são destaques no mês de julho. O mais importante, sem dúvida, é a realização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). O Vaticano escolheu a cidade do Rio de Janeiro para o maior encontro de jovens católicos do mundo (23-28/07/2013). Criada em 1984 pelo papa João Paulo II, a Jornada vai reunir mais de dois milhões de jovens com a presença do Papa Francisco. O Brasil vai abraçar e acolher a juventude durante este Encontro Mundial e na Semana Missionária que antecede o evento (13-21/7).
 
     Cada três anos acontece a Jornada Mundial da Juventude. Em 2011 aconteceu em Madri, Espanha, expressando o vigor evangelizador da juventude e motivando ainda mais a mobilização dos jovens rumo ao Rio (175 nações estão confirmadas). Nesse período, 276 dioceses do Brasil se prepararam simultaneamente para esta Jornada e agora enviam suas lideranças e jovens delegados para esta experiência missionária de fé.
 
     A Pastoral da Juventude da Arquidiocese de Porto Velho tem mostrado todo seu dinamismo e criatividade na preparação da JMJ e da Semana Missionária: “É o momento em que todas as dioceses do Brasil abrem suas portas para acolher os jovens peregrinos de outros países e para oferecer-lhes a oportunidade de partilhar suas respectivas vivências pastorais”, escreveu Dom Esmeraldo no dia 12 de junho a todas as Comunidades.
 
     Durante a Semana, a Arquidiocese receberá 36 peregrinos da França (diocese de Besançon), que participarão de diversos momentos de fé e animação pastoral. “Impulsionados pela Jornada Mundial da Juventude, os jovens sejam protagonistas de um mundo novo”proclama a oração da JMJ 2013.
 
A Semana Missionária que tem como objetivo, possibilitar à juventude mundial conhecer um pouco mais as Igrejas locais, através da troca de experiência, enriquecimento da fé e intercâmbio cultural, vai ajudar os jovens peregrinos em nosso país de acolhida.
 
     Em sua Mensagem para esta Jornada, o papa Bento XVI, ao renovar o convite aos jovens do mundo inteiro para que participem deste importante evento, definiu o tema da JMJ 2013: “Ide e fazei discípulos entre as nações!” (Mt 28,19).  “Queridos jovens, escreve o Papa, sejais envolvidos neste impulso missionário de toda a Igreja: fazer conhecer Cristo é o dom mais precioso que podeis fazer aos outros”.
 
     Outro destaque neste mês é a celebração do 4º ano da realização do 12º Intereclesial das CEBs (Porto Velho, 21-25/7/2009) e a proximidade do 13º Intereclesial: a cidade de Juazeiro do Norte, a 548 km de Fortaleza (CE), receberá nos dias 7 a 11 de janeiro de 2014, o 13º Intereclesial de Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Com o tema “Justiça e Profecia a serviço da vida”, e lema “CEBs, romeiras do Reino no campo e na cidade”, o encontro reunirá cerca de 3500 pessoas representando mais de 80 mil comunidades espalhadas por todo o Brasil e convidados do exterior.
 
     Mais do que a diocese do Crato, todo o Regional Nordeste 1 da CNNB assumiu o Intereclesial e suas dioceses estão mobilizadas com equipes para acolher os delegados. Os Regionais no Brasil já escolheram seus delegados nas dioceses. Nas comemorações dos 50 anos do Concílio Vaticano II esse evento será um marco importante de uma Igreja que vê o leigo como sujeito eclesial, que tem opção pelos pobres e como ponto de partida a vida comunitária.
 
     O último intereclesial (2009/P.Velho) teve como foco o meio ambiente, missão e ecologia. Para Sérgio Coutinho, assessor nacional das CEBs e da Comissão do Laicato da CNBB, presidente do Cehila e professor na Universidade Católica de Brasília, ainda falta muita justiça no nosso país e as CEBs devem continuar sendo essa voz profética, que denuncia as injustiças que matam e exploram a vida. Nesse contexto entram as questões da justiça, ecológica, as ligadas às minorias, a questão fundiária, essas grandes temáticas. É fundamental que as CEBs falem de justiça e profecia em defesa da vida. A justiça e a profecia estão voltadas para a vida, para que todos tenham vida e vida em abundância. As CEBs não querem perder esse foco de serem comunidades missionárias, mas também proféticas e que lutam pela justiça.
 
     Na última Assembleia Geral da CNBB (51ª) o tema de Aparecida sobre a conversão pastoral e renovação missionária foi retomado para que todos os cristãos possam contribuir na reflexão sobre “Comunidade de comunidades: uma nova paróquia”. Pensar uma paróquia que seja Rede de comunidades é também o desafio das CEBs. Segundo o assessor nacional das CEBs, temos muitas experiências de paróquias Rede de Comunidades de Base. A ideia é que a paróquia não fique num modelo centrado na matriz exclusivamente voltada para os sacramentos, mas que se renove a partir de dentro. Nisso as CEBs podem contribuir por que mostram como organizar a Igreja a partir de comunidade de base. Para isso é preciso compreender as CEBs como um nível, não uma comunidade qualquer ou diferente. Ela é um nível de organização como um ponto de partida para se organizar a diocese. A paróquia, no seu nível, faria a mediação com a diocese.
 
     Quando se coloca como tema central do 13º Intereclesial “Justiça e Profecia a serviço da vida” e lema “CEBs, romeiras do Reino no campo e na cidade” é justamente para mostrar que elas estão atentas às grandes questões como a fundiária, ecológica, indígena, dos quilombolas, violências, direitos humanos, entre outras. As CEBs estão envolvidas no enfrentamento dessas causas sim e não perdem de vista essa inserção na sociedade e querem enfrentar com discussões proféticas essas grandes questões que não saíram da pauta. Existem também outros interlocutores com os quais é preciso dialogar. Um dos temas, por exemplo, que as CEBs contribuíram muito foi com o Movimento Ficha Limpa, na coleta de assinaturas. Isso mostra que elas estão muito atentas a esses temas. Nos regionais muitas lideranças continuam dando testemunho com o martírio, isso mostra que as CEBs seguem firmes.
 
     Retomando o tema “justiça a serviço da vida”, destacamos em terceiro lugar, as noticias que circulam na mídia sobre os acontecimentos que continuam atingindo a nossa sociedade e comprometendo o futuro do nosso Estado e Capital.
 
     Trata-se da corrupção envolvendo determinados políticos dos diversos poderes, que nos fazem exclamar com o papa Francisco: Quanto mal causaram os corruptos nas comunidades cristãs! Que o Senhor nos livre de escorregar neste caminho da corrupção”.
 
     Na homilia da missa celebrada no dia 03 de junho (2ª feira) na Casa Santa Marta, inspirada na leitura do Evangelho (Mc 12,1-12: parábola dos vinhateiros maldosos), o papa Francisco ressaltou que os corruptos fazem muito mal à Igreja. Penso, disse ele, nos três tipos de cristãos na Igreja: os pecadores, os corruptos e os santos. Dos pecadores não é preciso falar muito, porque todos nós somos tais. Conhecemo-nos a partir de dentro e sabemos o que é um pecador. Os santos, ao contrário, fazem muito bem, são a luz na Igreja”. Para o Papa Francisco, os corruptos são os mais perigosos para as comunidades cristãs: eles são os que cortaram a relação com o Senhor e se tornaram adoradores de si mesmos.
 
     E sobre a corrupção voltou a falar no dia 4 de Junho, propondo uma reflexão sobre a linguagem que habitualmente é usada pelos corruptos, isto é, a da hipocrisia. A hipocrisia, frisou, é a língua dos corruptos. Eles não gostam da verdade. Têm o coração mentiroso; não podem dizer a verdade. Esta linguagem, que parece persuasiva, produz erro, mentira. Certamente não é a linguagem da verdade, porque a verdade nunca vem sozinha, mas sempre com o amor. Não há verdade sem amor. O amor é a primeira verdade. E se não há amor não há verdade.
 
     Lembremos que “a recuperação da política passa pela formação e pela moralização dos políticos. Se existe, hoje, um descrédito da atividade política e da administração pública em todos os níveis (federal, estadual e municipal), é que há maus políticos. Eles são os maiores responsáveis pelas imoralidades que acabam por desmoralizar a política. Importa, pois, encorajar os políticos bem intencionados para que atuem como fermento de uma “nova prática política”. Que sejam verdadeiros “homens de Estado”, compenetrados de sua alta vocação ética, magnânimos e não omissos ou coniventes com os “negociantes do poder”, enredados em jogadas pessoais e mesquinhas”(doc 50, 137 da CNBB).
 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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