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Dom Moacyr

Advento é tempo de esperança



Estamos vivendo o primeiro domingo do Advento; este é um tempo de expectativa, de conversão e de esperança. O Tempo do Advento corresponde aos quatro domingos (4 semanas) antes do Natal. Iniciamos também um novo Ano Litúrgico. Para a Igreja Cristã no Advento inicia-se o novo ano. O primeiro Domingo de Advento é o início do calendário litúrgico da Igreja que organiza e determina as comemorações, as celebrações e os principais conteúdos da vida comunitária dos cristãos.

Advento é tempo de grande compromisso com o projeto de Deus. Olhando a realidade de nosso povo, constatamos que há um abismo entre o que o Senhor quer e a situação em que se encontra a maioria da nossa gente. Contudo, os anseios do povo coincidem profundamente com o plano divino: a paz que é fruto da justiça(V.Pastoral).

Advento é um tempo apropriado para fomentar a construção da esperança, uma esperança que transcende os limites das necessidades materiais e imediatas, uma esperança que inclui uma visão de mundo, de tempo e espaço onde é possível a dignidade, a justiça, a paz e o amor, o equilíbrio da vida e da Criação de Deus. Para a construção desta esperança se faz necessário resistir aos apelos do consumo, próprios desta época em que o comercio e a sociedade de consumo propõem, subvertendo os conteúdos e as tradições criadas em torno do Natal de Deus no mundo.

A Novena do Natal é uma das grandes riquezas na nossa caminhada pastoral. Refletem a piedade popular como lugar de encontro com Jesus Cristo e “uma sede de Deus que somente os pobres e simples podem conhecer” (EN 48). É o momento de encontro das famílias, de oração e de reflexão voltada para as questões da ecologia e da missão e aos problemas do dia-a-dia familiar. Gestos concretos e opções pastorais claras em favor da comunhão e da missão. 

Neste Advento somos convidados a viver intensamente os compromissos assumidos em nossa última Assembléia Arquidiocesana, que aconteceu de 06 a 08 de Novembro de 2009 e teve como objetivo avaliar e renovar nossa caminhada pastoral.

Iniciamos à luz de Aparecida na qual reafirmamos que a paixão pela pessoa de Jesus Cristo caminho, verdade e vida nos mobiliza na luta em favor da vida humana e da natureza. Animados e fortalecidos pelas alegrias e esperanças trazidas pelos participantes do 12° Intereclesial. Reafirmamos as diretrizes da ação evangelizadora da Arquidiocese, conhecemos a realidade que nos interpela no mundo de mudanças e partilhamos o grande acontecimento eclesial, apresentando alguns pontos relevantes que foram contemplados na caminhada das paróquias, pastorais, movimentos e serviços:

1. A Experiência do 12° intereclesial foi um sinal de unidade, fruto da ação do Espírito Santo e, de maneira admirável de nossas paróquias, mostrou o grande pentecostes realizado em nossa Igreja, promovendo o envolvimento de novos participantes, surgindo novas lideranças, novos grupos de reflexão, animando e reanimando as comunidades, abrindo novos horizontes, no campo da acolhida, solidariedade, maior envolvimento pastoral e um olhar atento sobre a realidade urbana numa pastoral de conjunto;

2. Colocar em prática o objetivo geral, a partir do encontro com Jesus Cristo, tendo um olhar de compaixão (Mc. 6,34), que nos convida ao seu seguimento através de uma evangélica opção pelos pobres, assumindo os gritos: que vem da água, da terra, da floresta, dos povos tradicionais e cidades, compromissos assumidos no 12° intereclesial, a serviço dos nossos irmãos numa ligação de fé e vida;

3. Como discípulos missionários de Jesus Cristo dentro do espírito do “vinde e vede” (Jo 2,39) somos chamados com renovado ardor a vivermos a nossa vocação incentivar e organizar meios para o surgimento e acompanhamento das vocações para os ministérios ordenados e de cristãos leigos e leigas para serem enviados a todos os povos (Mc. 16,15). Situações que nos desafiam ainda hoje, de maneira especial são: ribeirinhos, presos, migrantes, jovens, diálogo interreligioso e ecumênico, as usinas hidrelétricas como um novo impacto, violência urbana e rural, desvalorizando e “coisificando” a pessoa, sendo necessário mudar o coração e a mente, para testemunhar e evangelizar nos ambientes próprios de trabalho: educação, saúde, serviços – públicos e no meio político - econômico – social, atuando com uma consciência ética cristã;

4. Retomamos os eixos das Diretrizes da Ação Evangelizadora da Arquidiocese que nos impulsiona a olhar para a Pessoa, na sua formação integral na vivência de uma espiritualidade centrada na pessoa de Jesus Cristo. Na Comunidade, através do fortalecimento dos grupos de reflexão, intercâmbio entre as comunidades e visitas nas famílias. Na Sociedade, Escola de Fé e Política e Cooperativismo. E aponta-nos a acolhida das novas tecnologias como ferramenta para uma nova evangelização.

Enviados pelo espírito de Deus, retornemos as nossas atividades com renovado ardor, fazendo com que todos os povos se tornem discípulos missionários de Nosso Senhor Jesus Cristo, sob a proteção de Maria Santíssima nossa mãe. (Carta Final da 18a Assembléia Arquidiocesana de Pastoral/08/11/09).

Durante o Tempo do Advento somos também convidados a viver a Campanha para a Evangelização que neste ano tem como tema: Ele se fez pobre para nos enriquecer. Como falamos anteriormente, este tema foi escolhido para dar unidade ao ano litúrgico de 2010, que abordará a questão da economia tanto na Campanha para a Evangelização, que acontece no tempo do Advento, como na Campanha da Fraternidade, que acontece no tempo da quaresma. 

No próximo final de semana, as dioceses do Regional Noroeste, inclusive a Arquidiocese de Porto Velho, estarão presentes com suas equipes da CF para o curso de multiplicadores da Campanha da Fraternidade 2010, sob a coordenação de Pe. Vanzella da CNBB. 

Nossas comunidades cristãs são convocadas a deixar-se interpelas pelas palavras de Jesus: "Não acumuleis para vós tesouros na terra, onde as traças e os vermes arruínam tudo, onde os ladrões arrombam as paredes para roubar. Mas acumulai para vós tesouros no céu." (Mt 6,19-20a). "Ninguém pode servir a dois senhores: ou odiará a um e amará o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro" (Mateus 6,24). Toda a vida de Jesus foi um testemunho de simplicidade no uso dos bens materiais, de solidariedade com os pobres, de distribuição gratuita dos dons de Deus. 

As Igrejas Cristãs no Brasil, presentes no Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil – CONIC, apresentam a Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2010, com o tema Economia e Vida e o lema “Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro” (Mateus 6,24). Esta é a terceira campanha da fraternidade realizada de forma ecumênica, e tem como objetivo geral: “Colaborar na promoção de uma economia a serviço da vida, fundamentada no ideal da cultura da paz, a partir do esforço conjunto das Igrejas Cristãs e de pessoas de boa vontade, para que todos contribuam na construção do bem comum em vista de uma sociedade sem exclusão”. É necessário conclamar a todos e todas para construir uma nova sociedade, educar essa mesma sociedade afirmando que um novo modelo econômico é possível, e denunciar as distorções da realidade econômica existente, para que a economia esteja a serviço da vida.

Fonte: Pascom

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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