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Gente de Opinião

Aroldo Vasconcelos

O GRITO DA PECUÁRIA


 
 
O ano de 2016 começou com um dos três pilares da economia rural de RO em movimento cáustico por melhoria nos preços de compra da matéria prima da cadeia agropecuária da carne. Como mencionei no artigo anterior, o estado de RO está na lanterninha dos preços da arroba do boi gordo, sendo que os frigoríficos aqui instalados aparentemente combinaram os valores, sendo que a equação que compõe o preço médio da aquisição desde outubro do ano passado estacionou de vez na casa dos R$ 120,00 para pagamento a prazo, registrando uma diferença (spread) entre os preços locais e aqueles de MT, MS, GO e SP os menores nos últimos anos; criando para o mercado produtor uma incerteza indelicada e uma possibilidade de que a tão alardeada crise nacional possa vir a configurar um cenário negativo para esse primeiro semestre. 
 
Vale debruçar um pouco nos números que estão sendo divulgados pela Associação APRRO e pela Federação FAPERON na chamada caravana do Grito da Pecuária onde mais de 500 produtores rurais e pecuaristas fizeram colocações, denuncias, reclamações e apontaram possíveis soluções para o empasse criado. O rebanho de RO é nos últimos dez anos de qualidade inegável, nossos rebanhos nos 52 municípios já somam 13.440.000 cabeças, sendo que os estoques de machos e fêmeas de até 24 meses de idade revelam um estoque apropriado para o crescente mercado de consumo nas Américas e na Europa, importando que ações governamentais possam desimpedir a documentação para que nova plantas e as atuais já instaladas e aguardando fiscalização para liberação do SIF possam empregar e gerar mais receitas para a economia. 
 
É fato que nos últimos dois anos cinco plantas industriais foram fechadas, mas não correspondem às necessidades de abate, sendo que estratégias de grandes unidades produtivas tem empurrado o preço de compra aqui na nossa região para baixo desde o mês de setembro de 2014, caracterizando Rondônia como um atual mero regulador dos preços para baixo. 
 
Isso para o leitor desse material, curioso, ou alerta para o futuro da nossa economia é algo parecido com o que ocorreu em 2009 e 2010 com os preços do litro de leite em Rondônia; o produtor aqui paga caro porque é esmerado em produzir muito, mas EM COMPENSAÇÃO é pouco ligado em associativismo, aconselhamentos e união. 
 
Digo isso porque ao longo de 15 meses de registros mensais do preço médio de compra da arroba do boi, o produtor rural aqui dessas paragens finalmente uniu-se como classe empresarial para afastar as águas do pescoço em novembro do ano passado depois que os deputados na Assembléia Legislativa, de posse dos primeiros números técnicos dessa defasagem cruel, repercutiram em debates e audiências públicas. Os preços de RO em relação aos estados do MT, MS e GO podem ser facilmente calculados, sem precisar utilizar números fabulosos e equações cabulosas de econometria. 
 
Simples. Os custos da criação do boi estão apanhados nas planilhas de 2013 e 2014 e aplicam-se ali os valores do frete e da diferença do ICMS entre nós e os demais, restando sempre uma diferença que oscilaria entre R$ 9,00 e R$ 15,00 Reais, ajustada aqui o período da inflação e seus desdobramentos. 
 
Pois bem, se ao longo de 2013 o preço médio da arroba servia bem aos pecuaristas a R$ 89,00 e também em 2014 atendia a esses custos de produção e comercialização a R$ 111,00 - falando sempre em média; não se conforma numa equação paritária o preço de 119,00 atuais. 
Vamos acrescentar em 15 meses os índices oficiais de inflação e teremos um valor básico de R$ 138,40 para comportar as despesas que o produtor rural arca ao criar e engordar a pasto seu plantel para o mês em vigor - janeiro de 2016. Entretanto as plantas frigorificas estão com abate programado para fevereiro pagando apenas os mesmos R$ 119,00 caracterizando total estacionamento dos preços que encontram-se já defasados.
 
Por isso o Grito da Pecuária é importante, imagine só que se os produtores se calarem e aguardarem piedade e melhor analise de seus custos corroídos, os seus estoques já não vão poder ser renovados e em pouco tempo as propriedades certamente vão diminuir sua produção, levando consigo a renda que gira o comercio e os serviços. E para se ter uma ideia das perdas no ano de 2015 com essa diferença de preços para baixo, o produtor rural, com o fruto de seu árduo trabalho deixou de movimentar aproximadamente 1 Bilhão de reais. Esses valores representam 3,44% do PIB atual do estado de RO. Calcule comigo. São aproximadamente R$ 3.335.000,00 por dia no global da comercialização da carne do estado. É imperativo retomar em curto prazo um preço compatível com as perdas de inflação do produtor e com os horizontes virtuosos que o negócio representa para a geração de riqueza e estabilidade econômica.
 
 
Gente de Opinião
FRANCISCO AROLDO VASCONCELOS DE OLIVEIRA
ECONOMISTA COM REGISTRO NO CORECON - RO  Nº 0462
FEIRA DE NEGÓCIOS E TECNOL RURAIS SUST, DE PORTO VELHO
Coordenador Executivo

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