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A intemporalidade da Banda do Vai Quem Quer


A intemporalidade da Banda do Vai Quem Quer - Gente de Opinião

Por William Haverly Martins

Parece que foi ontem, a Banda foi criada em 1981, o tempo passou, mas, ao longo dos anos, deixou marcas em cada um de nós, como se nesta interação com a transcendência do discorrer, o tempo deixasse de ser tempo para ser eternidade, algo que não pode ser medido pelo tempo, atemporal. Neste instante de folguedos carnavalescos, a perspectiva de causalidade e tempo nos permite viajar no passado e projetar o futuro, estendendo ao infinito, momentos de prazer: poucos são os feitos atemporais, porém, quando ocorre, imortaliza o autor pelo resultado. O tempo inexiste, a façanha permanece no outro em sucessivo devir, para a posteridade: foi assim com Manelão, está sendo assim com a Banda do Vai Quem Quer.

Nada mais sublime do que alcançar a imortalidade através da permanência na memória do outro, mediante a criação de uma ferramenta que induz à alegria, ao prazer e à satisfação: na Banda do Vai Quem Quer o tempo é uma experiência energética que vai além da expectativa de duração, enquanto houver vibração popular, cada instante feliz se multiplicará ao infinito, na ansiedade da espera dos próximos anos, ao longo da existência de vidas e vidas.

Existem bandas espalhadas nos quatro cantos deste nosso brasilzão, o DNA da alegria está no sangue do brasileiro. Difícil se falar em originalidade, no entanto, aos olhos do amor a esta terra, a nossa Banda é uma feliz mistura de vários estados deste país e, talvez seja a única, neste tempo de “presidenta”, comandada por uma “generala”, a competente Siça Andrade Mendonça.

Saliente-se aqui a prioridade dada aos nossos compositores carnavalescos durante o desfile da Banda, pelas principais avenidas. Nada de música importada. Embora a marchinha tema, de autoria do presidente da Fundação Iaripuna, Altair “Tatá” dos Santos, manifeste a falta do fundador, no verso “falta você general Manelão”, a presença do general era evidente: estava na alegria, no riso de cada brincante, era como se a saudade houvesse sido substituída pelo deslumbre do folião, gritando a plenos pulmões num turbilhão de alegria: “eu não vou, vão me levando”.

De parabéns estão todos os organizadores, aos quais cumprimentamos nas pessoas de Silvio “Zekatraca” Santos e Silvio José, os discursos, em suas várias vertentes, lembraram a pluralidade e as múltiplas faces de nossa cultura, herdeira do centenário cosmopolitismo da EFMM.

Também centenário, meu conterrâneo Jorge Amado permitiu que pulassem de suas páginas muitas de suas personagens e incorporassem inúmeros foliões pela Carlos Gomes, Joaquim Nabuco e Sete de Setembro, carnavalizando o mundo com a alegria de viver e parodiando Caetano: atrás da Banda do Vai Quem Quer, só não vai quem já morreu.

Para os que festejam, o tempo é muito curto, para os que guardam o estandarte da Banda, o tempo é medido em anos na feliz e necessária repetição da lembrança, mas, para os que amam esta cidade e defendem idéias brilhantes como a de Manelão, o tempo não existe, existe o momento do tempo que a história registra e o povo intemporaliza.

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Detalhes biográficos: baiano de nascimento, mas rondoniense de paixão, cursou Direito na UFBA e licenciou-se em Letras pela UNIR, é professor, escritor, presidente da ACRM – Associação Cultural Rio Madeira, ocupa a cadeira 31 e é o vice-presidente da ACLER – Academia de Letras de Rondônia.             

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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