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Abnael Machado

A quase guerra de Portugal contra Porto Velho



No transcurso do centenário de instalação do Município de Porto Velho no povoado da mesma denominação, surgido em 1907, é mister relembrar episódios de nossa história, por insignificante que pareçam, não deixam de serem importantes, embora desconhecidos pela maioria dos integrantes da comunidade portovelhense. No caso a revolta dos portugueses contra o Superintendente Municipal, major Fernando Guapindaia, em represália por haver este determinado ao tenente Aristides Leite, delegado de polícia prender um comerciante e quem o apoiou, assim como quem tentasse impedir, trancafiando-os na cadeia pública* aplicando-lhes uma corretiva surra com chicote umbigo de boi. Ordem dada cumprida à risca. Esta decorreu por ter o cidadão português e seus apoiantes detratado com descabidos impropérios, incluisiveis obscenos, a professora Teivelinda e suas acompanhantes, as quais percorriam o comércio, angariando donativos em dinheiro, destinados à construção da capela do Cemitério dos Inocentos situado em uma área de 9.900m2, limitada ao Norte pela atual rua Almirante Barroso, ao Sul pelo Mocambo, ao Leste e ao Oeste, pelas atuais ruas Treze de Maio e Prudente de Morais, respectivamente.

A agressividade dos lusos foi a forma de externarem seus protestos contra a obrigatoriedade de pagamento de impostos à Comuna. Liderados por seus patrícios Antônio Pinto da Silva, Antônio Rodrigues da Silva e Antônio José Machado, decidiram aliciar empresários, comerciantes, contratistas e populares como ativos apoiadores uma sedição a fim de pela força libertar os prisioneiros e destituir de seus cargos as autoridades estaduais e municipais. Não houve dificuldade de arregimentar aliados, em vista da maioria do empresariado está insatisfeita com o governo do Guapindaia em decorrência da sujeição do pagamento de impostos. Em conluio com o mister W. Little e João da Silva Campos, Superintendente da Madeira-Mamoré Railway e engenheiro chefe da 1ª Divisão Federal de Fiscalização, respectivamente, obtiveram destes o repasse de armas (rifles 44 papo amarelo) e munições de forma velada intermediadas pelo português chefe do almoxarifado da empresa.

Os sediciosos se considerando superiores em número e armamentos, por um parlamentar, o senhor Felinto da Costa diretor da Agência Postal (Correios), intimaram o Major Guapindaia, a libertar os prisioneiros, no prazo de 48 horas, findo o qual, não só os libertariam pela força, assim como ocupariam os órgãos públicos. Em resposta ao ultimato, refutando-o expondo que a força repeliria pela força.

Com os Intendentes membros do Conselho Municipal e correligionários se entrincheirou em sua residência, providenciou a segurança da Superintendência armando seus funcionários, tudo ultimando para o confronto bélico.

O parlamentar voltou comunicando-lhe que os revoltosos haviam sequestrado um funcionário da comuna, e o delegado de polícia tinha fugido. E mais que esses se propunham a negociar um acordo. Mediante tal situação, mesmo contrariando seus brios de valoroso soldado, vencedor de batalhas contra o exercito peruano nos confrontos bélicos no alto Rio Juruá expulsando-o da vila brasileira de Amônea, sem alternativa concordou em dialogar com os adversários, ficando estabelecido que o senhor Felinto da Costa agora delegado de ambas as força beligerantes supervisionaria a libertação dos portugueses e do funcionário municipal. Os revoltosos assumiram renunciar de quaisquer ações bélicas contra o governo do município, e a depor as armas, entregando-as ao delegado dos conflitantes. Firmando o acordo, foi restabelecida a paz.

Entre mortos e feridos escaparam todos. Em 1º de janeiro de 1917, o major Guapindaia empossava o primeiro Superintendente eleito pelo Partido Republicano Conservador, Dr. (médico), Joaquim Augusto Tanajura, com mandato de janeiro de 1917 a 31 de dezembro de 1919. Sendo eleito novamente, com mandato de 1º de janeiro de 1923 a 31 de dezembro de 1925.

Dinâmico e competente administrador, ex-integrante da Comissão Rondon (1907/1912), primeiro prefeito do município de Santo Antônio do Rio Madeira.

Duas vezes eleito Superintendente do município de Porto Velho, entre suas realizações estruturais, econômicas e sociais, destaca-se a compra de um sobrado de propriedade do empresário João Soares Braga, neste instalando no doa 13 de maio de 1924, a sede administrativa do governo municipal. Restaurado em 2014, nenhuma alusão lhe é feita, quando por mérito o prédio deveria ostentar o seu nome. Edifício, Memorial, seja lá o que fôr, “Dr. Joaquim Augusto Tanajura”.

(*instalada numa casa situada na rua Júlio de Castilho esquina com a rua Dom Pedro II, na época subúrbio).

Abnael Machado de Lima

Membro da Academia de Letras de Rondônia

        

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