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Gente de Opinião

Amazônia Especial

NOVA ERA PARA A FLORESTA QUE GUARDA OS SEGREDOS DA VIDA



AMAZÔNIA:  
BRASIL IGNORA O MAIS IMPORTANTE 
BANCO GENÉTICO DO PLANETA  (VIII)
 

 

Roberto Gueudeville   

 

O brasileiro Rubens Ricúpero avisou que o mercado ia implodir. 

NOVA ERA PARA A FLORESTA QUE GUARDA OS SEGREDOS DA VIDA - Gente de Opinião

Rubens Ricúpero

“O fim do socialismo foi um maremoto político. O vácuo ideológico e o desequilíbrio de forças conseqüentes tornaram possível aquilo que era antes inconcebível: a absoluta hegemonia dos mercados financeiros e os excessos responsáveis pelo colapso atual. Nesse clima, poucos ganharam muito, mas a desigualdade explodiu.” 

Ricúpero ainda lembra dos avisos, em 2002, da Enron, da WorldCom que ocasionaram ao Nasdaq rombo de US$5 trilhões. Agora, quando a ganância dos investidores criou, com os seus derivativos, outra economia informal, num mercado cuja auto – regulação é conto de carochinha, os chineses gritam de lá para Europa e Estados Unidos equilibrarem os dois mercados, o real e o informal. Isto é possível? 

Não é preciso ser economista para entender que o mundo precisa de outro Bretton Woods, mas para fazer o quê? Poucos respondem algo de concreto. 

O ERRO ESTÁ NA CABEÇA DO HOMEM BRASILEIRO

Instalou-se na Amazônia um capitalismo predatório, ungido pelos incentivos fiscais com 90% retornando a São Paulo e apenas 10% aplicados, que levou todo o sistema à sua autodestruição. Grande parte dos projetos, apesar de bem elaborados, eram utilizados apenas para encobrir negociatas. A gestão destruía a convergência da sustentabilidade, que é a soma do social, o econômico e o ambiental (3Ps). 

O Banco da Amazônia (então banco da Borracha) não foi criado segundo um planejamento que ensejasse o desenvolvimento da região, mas como um instrumento de guerra aliado, tendo como função, apenas, a de financiar os produtores e monopolizar as compras. Daí as dificuldades em atuar como legítimo Agente do Desenvolvimento, permanecendo como um simples banco comercial, aplicando, apenas R$5,5 bilhões em 2009. O Banco do Nordeste, somente para atender as micro e pequenas empresas, no mesmo ano, tem R$7 bilhões. 

Em resumo, a nossa incapacidade de conquistar e integrar a Amazônia é, e tem sido parte integrante do homem brasileiro. Porque tantos projetos, alguns até racionalmente bons, não deram certo? Diante de tantos insucessos, os governos têm até medo de tocar no assunto e quando o fazem se expõe ao ridículo, aqui e lá fora, como faz o atual governo. Então, é preciso reformar e reformular a cabeça do homem brasileiro. Não é difícil encontrar as razões porque erramos sempre – trata-se da falta de espírito de promoção desenvolvimentalista por parte dos organismos que os devem aplicar, como tão bem analisa Miranda Neto em seu livro “O Dilema da Amazônia”, editora Vozes, 1979. E aprofunda: “desenvolvimento é um estado de espírito; é a criação de algo que não existe, exige de quem o promove propósitos definidos, fé nesses propósitos e espírito criativo. As maiores dificuldades ocorrem realmente com a incompreensão e a falta de cooperação dos homens. O agente de desenvolvimento deve ter, por isso, liberdade de movimentos, boa formação moral, autoridade, esquemas de operações simples e rápidas. Sua ação é uma batalha contra obstáculos freqüentemente inesperados e, por isso, são-lhe essenciais audácia, persistência, criatividade.” 

Em vez disso, o Brasil vive enredado num processo burocrático em que cada funcionário público, todo dia, religiosamente, o realimenta. E daí, ele conscientemente ou não, aduba o terreno para outro vício insanável, que é a corrupção. 

É como diz Horácio Martins de Carvalho:
 
-“Há uma dor, uma dor profunda que magoa o coração do povo latino americano. Não lhe é suficiente a dependência econômica, política e cultural perante os países centrais e que lhe arranca o melhor produto do seu trabalho. Há uma burocracia nacional que cresce e se multiplica sem cessar, absorvendo as esperanças da população ao manipular, em seu nome, símbolos vazios de significado, ao disputar o poder político, ao invés de servir...” 


NOVA ERA


Diante dos fatos e da realidade mundial, é preciso que os brasileiros repensem a Amazônia. Não podemos contar com o atual governo que já demonstrou absoluta falta de vontade e de apetite para encarar o assunto. Também não adianta o Pará criar o Instituto Alerta Pará, uma medida insípida, inodora e incapaz de atingir, sozinha, qualquer objetivo. 

O governo que assumir em 2010 inicialmente terá que convocar três cidadãos capazes, apenas três de cada Estado Amazônico e conceder-lhe noventa dias para apresentar os projetos importantes, com seus respectivos orçamentos. Não vão precisar criar nada, tudo o que é preciso fazer já está escrito. Existe um navio inteiro onde cabe o que já foi escrito sobre a região. Basta separar o joio do trigo. E banir as idiossincrasias de Mangabeira Unger e de seus sucessores, ignorantes absolutos em Amazônia. Ninguém sabe, por exemplo, o que fez o Ministério do Futuro... 

Brasília precisa urgentemente elaborar a lei de biodiversidade, especialmente para a Amazônia. Um assunto tão sério não pode ser regulado por medidas provisórias ditatoriais. Se o Ministro do Meio Ambiente resolver usar a sua disposição para prender madeireiro, na promulgação dessa lei, ela poderá sair. 

Após, o Governo federal criará um FUNDO ESPECIAL PARA A AMAZÔNIA, com reservas de R$100 bilhões, para ser usado em 10 anos, sem aumentar impostos. A fonte será do R$1 trilhão que o povo paga, todo ano de impostos. O comando da operação não será de Brasília. Os recursos serão dirigidos diretamente a cada comissão, que contará com a fiscalização de: 

1. Conselho Comunitário;
2. Ministério Público Federal;
3. Ministério Público Estadual;
4. Tribunal de Contas da União;
5. Tribunal de Contas do Estado;
6. Tribunal de Contas dos Municípios;
7. Câmeras de Vereadores;
8. Assembléia Legislativa;
9. Prefeituras;
10. Imprensa. 

Em cada Estado. 

Para se roubar será preciso corromper todas as 10 instituições, o que é extremamente trabalhoso. Todo o capital investido será reembolsável à sua fonte, com carência de 10 anos e prazo de 20 anos, com juros de 3% a.a. 

OS PROJETOS

Cada Estado montará seus projetos, em cima de um modelo básico de desenvolvimento, sem muito blá – blá – blá. 

As prioridades são: 

1. Manejo florestal correto e obrigado a todos que trabalham no ramo;
2. Fim da impunidade para os bandidos e definir situação fundiária;
3. Implantação de Sistemas Agroflorestais em todos os níveis, incluindo a recuperação dos grandes seringais, enriquecendo-os com uso de ciência e tecnologia;
4. Implantação de centros de ciência e tecnologia em cada bacia fluvial, em toda a hiléia;
5. Projetos exclusivos para a Várzea;
6. Organização do Sistema Pesqueiro, com psicultura e aqüicultura;
7. Aplicação de biotecnologia na diversidade biológica da floresta (genética);
8. Mineração – levantamento de 1/100.000 e geofísica, em toda a área. Congresso deve regulamentar mineração em área indígena;
9. Projetos específicos para os índios, de acordo com o grau de aculturação;
10. Centro de Arte, Cultura, Artesanato e Folclore em cada Estado;
11. Escola – classe (modelo Anísio Teixeira) com adaptação do currículo à cultura amazônica;
12. Postos de puericultura – prevenção da doença. Pequenos hospitais bem montados, em todos os municípios;
13. UNIVERSIDADE DA FLORESTA (enfoque amazônico de educação e cultura);
14. Recuperação de 80 milhões de há com implantação de grandes florestas produtivas (florestais e frutíferas) e energéticas, com parceria de FUNDOS DE PENSÃO brasileiros;
15. Dois grandes pólos de etanol no Pará (que tem 9 milhões de há degradados que pesquisas da EMBRAPA, USP e Viçosa indicam) e outro no Acre, para, via Pacífico, atingir a costa oeste dos Estados Unidos e a Ásia;
16. Hidrovia Araguaia – Tocantins e as Hidrelétricas programados;
17. Habitação;
18. Saneamento básico – projeto extra, do governo. 

Quem não concordar com isto, ou não entende nada de Amazônia ou quer tumultuar a vida de 25 milhões de brasileiros, vítimas do descaso e incompetência dos governos. 

Aquele que por acaso se sentir atingido, em algum momento, por esta série de matérias, poderá argüir que a prova de que a democracia plena existe é a liberdade que tem o jornalista de expressar os seus pensamentos. 

Certo, mas isso constitui meia verdade. Tenho certeza absoluta que toda vez que for identificado como autor da critica a determinado órgão aqui registrado, serei considerado “persona non grata”, como já aconteceu várias vezes. E no interior do Brasil, a reação é um pouco mais dura. Matam o jornalista. Consegui escapar por seis vezes. 

Pedirei ao meu neto, Gabriel Gueudeville, hoje com 2 anos, que fique alerta para, daqui há 20 ou 30 anos, verificar se o que se sugere aqui foi levado a sério por algum governo. Deus queira que sim! 

A continuar o descaso, todos nós teremos que falar inglês, nós e os índios.
Mas fica o peso na consciência (apenas das pessoas sérias) de não ter conquistado a integração da Amazônia, que permanecera distante. Então, vamos procurar o novo mundo inebriante de 

ARAKYSSAWA

O HOMEM EM BUSCA DA TERRA SEM MAL, A POUSADA DO SOL, a utopia de todos os índios. Para eles, a terra é como a extensão do seu próprio corpo. Depois, veio o homem branco e roubou Arakissawa. Poluiu e contaminou toda a terra, os rios, os lagos, destruiu as árvores e matou os bichos. Desrespeitou todas as leis naturais de Arakissawa, a terra sem mal, a Pousada do Sol. E o homem branco conseguiu destruir a si próprio, implantando o mal na terra virgem e sagrada de Arakissawa. Depois de sua morte, o rei sol convidou todos os deuses para recriar a terra sem mal, só para os índios. Assim, todos os anos, no verão, eles saem em longas viagens, rumo ao poente, em busca de Arakyssawa, a Terra sem Mal, a Pousada do Sol. 

Fonte: Roberto Gueudeville (Encaminhado por Sílvio Persivo ao Portal Gentedeopinião).

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