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Leo Ladeia

Politica & Murupi - Onde estão os estadistas do mundo?


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Num momento em que o mundo assiste estarrecido a inflexão para uma política internacional da fragilizada ONU voltada para a esquerda é imperioso pensarmos sobre a quase total falta de lideranças democráticas no mundo e na multiplicação de ações ditatoriais nas diversas nações mundiais, inclusive as que mantem tradição democrática, índices de educação, liberdade, qualidade de vida e estrutura de serviços públicos invejáveis. Exemplo claro é o que ocorre numa área dos Estados Unidos – a Califórnia – virada de cabeça para baixo e bastante distante do sonho americano. E tudo isso ocorre dentro de um espaço internacional em que as fronteiras praticamente inexistem por conta da quantidade e velocidade de informações, notícias e conhecimentos que viajam pela web. Constata-se que muito ao contrário do que se poderia supor, a globalização pelas redes sociais nivelou por baixo, ou melhor, puxou a todos nós para baixo. Que fique claro, o volume de benefícios que esse movimento trouxe para a nossa vida, para a vidas das organizações, das empresas, países, escolas é infinitamente superior a qualquer período anterior, desde que a internet passou a fazer de nossas vidas. Como diz o Zé de Nana, “mas não tem bom sem defeito”.

Essa conversa surgiu quando eu lia o comentário do Leonêncio Nossa sobre o momento terrível das chacinas em Israel e Palestina e ele nos leva a lembrar de uma figura brasileira importante para a criação do estado de Israel. Oswaldo Aranha era dessas figuras que faziam sombra para os presidentes. Ministro das Relações Exteriores e da Justiça de Getúlio Vargas por muitos anos, guardava a ideia de presidir o Brasil com ideias próprias, nem sempre acolhidas, como se viu na segunda guerra mundial, quando ele propunha uma aliança com EUA. Quando assumiu o poder em 1947, o presidente brasileiro Dutra queria distância dele e ele estava em Nova York, quando Pedro Leão Veloso, representante do Brasil na ONU sofreu um infarto.  Sem opção Dutra o nomeou e estava ali outra chance: a cadeira do Brasil para o Conselho de Segurança da ONU e ele a ocupou. Um dia, durante uma reunião em que ele acidentalmente secretariava a ONU, o órgão decidiu repartir o território da Palestina entre dois estados: um judeu e outro árabe. De novo a dicotomia da história que nasceu com Abraão e seus dois filhos. Os judeus desde o final do século IXX retornavam ao seu local de origem e viviam de forma pacífica com os árabes que eram a maioria. A partilha da Palestina era defendida pelo presidente norte-americano Harry Truman e, ao mesmo tempo, pelo Kremlin, que tinha pressa em reduzir a força do império britânico no Oriente Médio, mas não havia votos para tanto. Os judeus depois do sofrimento que lhe fora imposto por Hitler sonhavam com sua pátria e havia uma espécie de simpatia e comoção internacional pelo pedido.  A hora era aquela e vendo isso Osvaldo Aranha adiou a votação e depois conseguiu aprovar a votação por 33 votos contra 13 com 10 abstenções. Uma tacada de mestre do Aranha. Deu certo, mas novamente o conflito se antevia amplificado pela história fratricida e sangrenta de tantos séculos.

Era só o início da guerra entre árabes e israelenses. Ainda em 1948, quando o Estado de Israel foi instalado, forças palestinas e de países árabes atacaram Tel Aviv. Com o fim desse conflito, Israel passou a dominar 79% do território da Palestina, mas outras guerras ocorreriam em 1956, 1967 e 1973. Os palestinos jamais conseguiram firmar seu Estado, como previa a resolução da ONU. Mas é certoobrigatório dizer também que nenhum império conseguiu aniquilar o povo judeu. Nem mesmo os árabes e nem seu maior algoz, Hitler. E por falar em algoz Osvaldo Aranha, um brasileiro pouco conhecido pelos brasileiros e tratado como algoz do povo árabe e herói pelo povo judeu, morreu em 1960, sem chegar à Presidência do Brasil. De nada adiantou sua performance internacional ou o esforço de um irmão em busca de recursos para sua campanha presidencial. Santo de casa não faz milagres.

Nesta hora de mais um conflito entre as duas forças que guerreiam desde Abraão, faltam aos políticos a paciência, inteligência e o preparo diplomático de homens como Osvaldo Aranha e sobram escorregões e trapalhadas de tipos como Celso Amorim, tido pelos seus colegas do Instituto Rio Branco como o maior anão diplomático do mundo.

2-O ÚLTIMO PINGO

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O aumento do ICMS está dando pano pra manga. Acho que alguém do governo – dizem que foi da Casa Civil, colocou o cabrito na sala e os deputados não alinhados com o governo ficaram como bode expiatório. Mas é bom lembrar que mesmo das grandes derrotas ou dos enormes vacilos é possível extrair aprendizados para a vida. Em política não se deve estar tão perto que não possa se afastar e nem tão longe que não possa se aproximar. As derrotas mais infames e os grandes vacilos podem ensinar muito. Lembrem-se de Augusto do Anjos “mão que afaga é a mesma que apedreja” e Zé de Nana deixa cair o último pingo: “sabedoria quando é muita vira bicho e engole o sabido”.  

 

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