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Hiram Reis e Silva

Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – XIV


Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – XIV - Gente de Opinião

Bagé, 30.12.2024

 

Continuando engarupado na memória:

 

 

Tribuna da Imprensa n° 3.205, Rio, RJ

Quarta-feira, 20.11.1963

 

Em Primeira mão

(Hélio Fernandes)

 

 

Procurando desenvolver seu esquema político rumo ao Golpe de Estado que o manteria no poder, onde, até hoje, não disse a que veio, o sr. João Goulart mandou o general Assis Brasil a São Paulo, para conversar com o General Pery Bevilacqua sobre sua exoneração do comando do II Exército, em São Paulo.

 

O general [comunista] Assis Brasil, que comanda o dispositivo golpista e esquerdista do sr. João Goulart, cumpriu fielmente, e com muita satisfação, a missão de que foi incumbido. Voou sábado pela manhã de Brasília a São Paulo.

 

Foi encontrar o Comandante do II Exército em casa, tranquilamente e com o mesmo estado de espírito que o levou a denunciar, em mais de uma oportunidade o esquema revolucionário de esquerda, comandado por vários deputados trabalhistas e pelegos sindicais do CGT, CNTI, PUA e outros órgãos de agitação.

 

Com a mesma tranquilidade, o General Pery Bevilacqua recebeu a comunicação do general Assis Brasil e afirmou categoricamente que não aceita o “convite” para trocar o comando do II Exército pela chefia do Estado-Maior das Forças Armadas, que lhe foi oferecida pelo presidente da República, através do chefe de sua Casa Militar.

 

Sinto-me bem aqui e não tenho motivos para trocar o comando do II Exército pela chefia do EMFA” declarou o General Pery Bevilacqua em resposta ao “convite” do General Assis Brasil. O General Pery deixou bem claro durante a conversa que não durou mais do que quinze minutos, que não aceita convites, nem sugestões nem imposições de quem quer que seja. Considera que a sua demissão tem caráter puramente político e só interessa aos agitadores da esquerda revolucionária denunciados por ele.

Afirmou a Assis Brasil que o sr. João Goulart está atendendo às pressões dos agitadores para se recompor com as esquerdas. Aceita, como não poderia deixar de aceitar, a demissão pura e simples, pois o seu cargo é de confiança pessoal do presidente da República. Mas quer que o ato de demissão seja do conhecimento público e que fique bem caracterizada a intenção política da decisão presidencial.

 

O General Pery Bevilacqua está disposto a pronunciar-se politicamente, na oportunidade da transmissão do comando do II Exército.

 

Nesse pronunciamento pretenderia, deixar caracterizada a posição dúbia e vacilante do presidente da República que no momento em que aparentemente se desloca para o centro democrático, fazendo acenos às forças conservadoras, põe na chefia da Casa Militar um oficial notoriamente comunista o se empenha duramente na destituição do Comandante do II Exército, devido tão somente a sua atuação em favor do regime democrático e contra a revolução esquerdista.

 

Setores militares democráticos, a imensa maioria das Forças Armadas, empenham-se agora, no sentido de evitar o pronunciamento do General Pery Bevilacqua, que viria a dar pretexto ao sr. João Goulart para desfechar uma nova e poderosa ofensiva contra as Instituições. E acreditam que no desenvolvimento da crise criada artificialmente seria fatalmente concretizada a intervenção nos Estados da Guanabara e São Paulo.

 

O General Pery mantém-se, ainda assim, disposto a fazer a denúncia à Nação. Julga do seu dever de militar de Chefe do Exército e de democrata revelar os detalhes da trama que setores do governo armam contra o regime. Não se sabe até onde o General Pery poderá ser dissuadido de sua intenção.

 

Tribuna da Imprensa n° 3.209, Rio, RJ



Segunda-feira, 25.11.1963


Boaventura: Militares Solidários

 

Oficiais do Núcleo da Divisão Aeroterrestre, solidários com o Tenente Coronel Francisco Boaventura Cavalcanti Júnior, preso desde sábado, no Regimento de Cavalaria de Guardas, vão divulgar, nas próximas horas, um manifesto condenando a determinação do ministro da Guerra.

 

O general Jair Dantas Ribeiro determinou a prisão do Coronel Boaventura por ter este protestado, através de carta, contra a “esdrúxula justiça” do ministro da Guerra, que resolveu determinar sua transferência para Curitiba, em face do incidente criado quando da tentativa de atentado contra o Governador Carlos Lacerda.

 

Na carta que escreveu ao ministro da Guerra, o Coronel protestou contra o fato de ter sido punido com transferência por ter se recusado a cumprir ordens ilegais.

 

A carta foi lida na tribuna da Câmara pelo Deputado Pedro Aleixo, líder da Oposição. O Coronel Boaventura foi preso pelo coronel Domingos Ventura, comandante da PE, em sua residência à Rua Domingos Ferreira, em Copacabana, sendo imediatamente recolhido ao Regimento de Cavalaria de Guardas.

 

O Deputado Costa Cavalcante, irmão do oficial preso desde sábado encontra-se na Guanabara e já foi visitá-lo, encontrando-o de ânimo elevado.

As manifestações de solidariedade ao Coronel Boaventura segundo se informava, ontem, nos meios militares, não se limitará apenas ao âmbito do Corpo de Paraquedistas. Prevê-se que a manifestação atinja todas guarnições da Vila Militar.

 

O ministro da Guerra general Jair Dantas Ribeiro, deverá ainda hoje fixar o prazo de prisão do Coronel, prevista em 30 dias. Colegas do oficial preso desde ontem articulam a divulgação da carta por este dirigida ao ministro da Guerra e que deu motivo à sua prisão.

 

(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;

 

Link: https://youtu.be/9JgW6ADHjis?feature=shared

 

Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989);

Ex-Vice-Presidente da Federação de Canoagem de Mato Grosso do Sul;

Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);

Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);

Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);

Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS);

Ex-Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);

Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);

Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);

Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO);

Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);

Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS);

Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG);

Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN);

Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós (IHGTAP)

E-mail: hiramrsilva@gmail.com

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