Segunda-feira, 27 de outubro de 2025 - 07h50

Bagé, RS, 27.10.2025
Mais uma vez tenho a honra de repercutir um artigo de meu Mestre Higino Veiga Macedo. “Consentio in genere, numero et gradu”
Porque
Sou Brasileiro Republicano
(Cel Eng Higino Veiga Macedo)
A partir do momento que tive contato com a literatura clássica como a de Platão; a Renascentista como a de Maquiavel; a dos Iluministas como John Locke, Montesquieu e Jean-Jacques Rousseau, estes últimos com suas ideias sobre o pleno uso da razão, da liberdade de expressão e a separação de poderes, como forma de questionar o absolutismo e a tradição com “hereditarismo”; e, ainda, os filósofos empiristas: Thomas Hobbes, John Stuart Mill e John Locke. – ([1]) – pude notar os malefícios dos governos monárquicos.
As monarquias sempre foram nefastas para qualquer tipo de sociedade humana. No reino animal, as sociedades dos mamíferos, em particular, as que vivem em comunidade, têm sempre um líder – macho ou fêmea. E esse líder se manifesta por conduta, por experiência. Não há relato de líder, entre os mamíferos, que seja HEREDITÁRIO. Já agora, nos dias de Tecnologia da Informação e Inteligência Artificial a investigar o DNA (em português ADN) não há relato de que, pai ou mãe muito inteligentes, passam geneticamente ou hereditariamente essa inteligência para os filhos. Portanto, não há lógica, no mundo, que me convença que o sistema monárquico foi, ou é ou será a melhor forma de conduzir uma sociedade (palavra dos iluministas) ou – governar um povo passando a administração de pai pra filho, filha, neto, genro.
E, o pior, isso sempre teve a complacência das religiões. Tanto santificavam os monarcas quanto copiavam, para suas estruturas, o monarquismo. Criaram até um REINO DO CÉU.
Essas considerações eram usadas para dizer que a República no Brasil foi um ato moral, oportuno, necessário e adequado para o futuro do Brasil.
E porque moral, oportuno, necessário e adequado?
Há matizes marxistas que se postam de saudosos da monarquia (a ditadura do proletariado é uma monarquia ideologizada) e alegam que a Proclamação da República foi um GOLPE DE ESTADO. A mim, nunca há Golpe de Estado... Como nós brasileiros prestamos pouca atenção aos significados que moram nos dicionários, fui buscar luz no Houaiss na UOL 14/10/25:
– passando ao largo dos derivados latinos, encontra-se: “do grego – kólaphos,ou” - no sentido de “golpe na face, bofetada”... ou o popular português brasileiro – “tapa na cara”?; Purificado pelo latim, em português – literal – encontrei: – “movimento pelo qual um corpo vem a chocar-se com outro; pancada, batida”; acolhi o item – “6 fig. ato pelo qual a pessoa, utilizando-se de práticas ardilosas, obtém proveitos indevidos; estratagema, ardil, trama” [ipsis litteris]
Portanto, a nossa República nunca foi GOLPE DE NADA. Apenas expulsão de um monarca de personalidade fraca, diferente do pai de quem não herdou nada.
Dom PEDRO II
Não se nega a sua formação intelectual, educacional, artística. Como administrador era nulo. Aprendeu desde os quatorze anos a ser, ele, governado por espertos cortezões e, depois, num parlamentarismo capenga, por uma Assembleia de Ministros que utilizavam a prática de GOLPE, na definição do “item 6” do Houaiss, acima listado. “Imperava mas não governava”.
D Pedro II ou - Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga, foi pouco feliz em sua família, pois seus filhos homens, herdeiros aparentes, faleceram ainda criança: Dom AFONSO PEDRO e Dom PEDRO AFONSO. Passou a ter como herdeira monarca a sua filha mais velha: Princesa Izabel.
Princesa Izabel
Oficialmente batizada como - "Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga". “Era a filha mais velha do Imperador D. Pedro II e da Imperatriz D. Teresa Cristina (princesa do Reino das Duas Sicílias, Itália), que após a morte de seus dois irmãos homens na infância, foi reconhecida como herdeira presuntiva de seu pai” [negritei]. ([2])
Pela linhagem e por ser a sucessora ao trono, substituiu o Imperador em três vezes, por ocasião de viagens dele. Ao ler com mais atenção a biografia da Princesa, particularmente a sua maioridade, 25 anos, a obrigaram a prestar juramentos de fidelidades. A mim, me parece, que as viagens do Imperador tinham o objetivo de dar “oportunidade” à filha de se “postar na mídia” como se diz hoje. E em duas oportunidades, de viagem do Imperador, ela assinou decretos que foram de repercussão mundial. Os mesmos “arrumadinhos” governamentais, atual.
Teve educação esmerada, falava três idiomas, mas... conhecimentos abstratos. Para uma “futura Monarca”, não lhe foi dada a oportunidade de praticar, assistir, participar, observar de perto os problemas nacionais e internacionais. Parecia ter personalidade forte, mas sem domínio dos esmeros diplomáticos. Foi criada com as preocupações domésticas e não as governamentais. Talvez pelas distâncias continentais do Brasil, o conhecia muito pouco. Aliás, conhecia Rio e Petrópolis. Pela internet encontrei uma viagem dela pelo Sul e Sudeste do Brasil, depois de casada com Conde d’Eu, entre novembro de 1884 e março de 1885. Nunca pelo Nordeste e muito menos pelo Norte. Era Princesa que desconhecia seu principado.
Para a Europa, apenas na Lua de Mel e depois em tratamento de filho.
Aos nove anos de idade seu pai já procurava na Europa um candidato para seu CASAMENTO.
Conde d'Eu
“Conde d'Eu (em francês: Louis Philippe Marie Ferdinand Gaston d'Orléans; Neuilly-sur-Seine, 28 de abril de 1842 – Oceano Atlântico, 28 de agosto de 1922), foi um príncipe e militar francês [...]” Aos treze anos de idade, em 1855, iniciou a sua carreira militar seguindo o curso de artilharia, o qual concluiria na Escola Militar de Segóvia, Espanha, [...] Foi capitão de cavalaria na Guerra Hispano-Marroquina [...] ([3])
A origem do título de Conde d’Eu, “foi Condado de Eu na França... Localização: A comuna francesa de Eu, que ficava no departamento de Sena Marítimo, no Norte da Normandia. História: O condado remonta à Idade Média e foi disputado entre a França e a Inglaterra durante a Guerra dos Cem Anos”. Seu nome informal era “Gastão de Orléans, Conde d'Eu” [...]
“Casamento e título: Ao se casar com a Princesa Isabel em 1864, Gastão, que era neto do rei Luís Filipe I da França, renunciou aos seus direitos ao trono francês e se tornou o Conde d’Eu, título que o conectava ao condado de Eu, na França”. ([4])
Continuando a busca pela internet, encontrei um “link” que, embora satírico, traz informações que jamais plantariam em publicações formais e acadêmicas. Daí extraí o que me interessa como curiosidade e como fortalecimento de minha convicção pela extinção da Monarquia no Brasil.
– Troca de esposas e Guerra do Paraguai: O Conde d'Eu em 5 curiosidades
– 2.
Casamento com a Princesa Isabel”
([5])
O tio do Conde d’Eu, o Rei Fernando II de Portugal, foi quem arranjou seu casamento com uma das filhas de D. Pedro II. No entanto, Gastão se casaria a princípio com Leopoldina e o primo do Príncipe, Augusto de Saxe, desposaria Isabel. Porém, quando os pares se conheceram, em setembro de 1864, decidiram realizar uma troca, por questão de afinidade. O Imperador aceitou o pedido e um novo arranjo foi feito. Assim, Gastão e Isabel se casaram no dia 15 de outubro de 1864, partindo em viagem de núpcias pela Europa logo em seguida. [...]
– 4.
Figura Controversa e Impopularidade
Muitas das ações tomadas por Gastão, na guerra e em diversas outras ocasiões, foram fortemente criticadas por pesquisadores, enquanto outros o defenderam, alegando que o Príncipe sofreu injustiças em sua época. Os setores políticos enxergavam o Conde como um estrangeiro, sendo o mesmo impopular tanto entre os liberais quanto entre os conservadores, que não concordavam com suas ideias.
Perigo Monárquico
Pelas informações, se pode tirar algumas deduções.
Como em toda Monarquia, os arranjos de hereditariedade nunca foram por valor pessoal, mas por família. Leiloa-se as filhas a quem possa melhorar, não a genética, mas os títulos nobiliários (nobres) da Corte. Deve ser cortesãos vegetativos de diferentes Cortes. Repetindo, nunca por mérito.
D Pedro II era um intelectual. Jamais um administrador. Jamais um líder. No máximo um praticante de diplomacia submissa. Buscou casamento em Cortes europeias. No Brasil, não havia nenhuma pessoa capaz de se casar com sua Princesa. E se tivesse, numa canetada, ele criaria um título a qualquer genro. Era atribuição do Imperador criar nobres como o foi o Marques de Caxias, o Marques do Herval, Barão do Rio Branco, Barão de Mauá e outros.
A nossa Princesa deixa entender que era bastante insegura. Tanto que entre dois primos, ela escolheu o do lado errado o que nunca teria título de nobre. Em um corre, corre, trocaram de posição e ela desposou o Gastão de Orléans, Conde d’Eu. Este tinha título. Já era Conde francês!!!
Por viagem, estrategicamente pré estudada, do pai, e para fortalecer seu poder de Princesa, coube-lhe em duas oportunidades agir contra o escravagismo. Pela ausência do Imperador, foi obrigada assumir postura firme em dois grandes eventos: em 27 de setembro de 1871, Isabel sancionou um novo ato antiescravidão aprovado pela Câmara dos Deputados - A Lei do Ventre Livre. E, em 13 de maio de 1888, após ser aprovado no Senado, antigo Palácio do Conde dos Arcos, a Princesa Isabel assinou a lei n° 3 353, que abolia a escravidão em todo território do Império do Brasil. Seu pai viajara, a conselho médico, para a Europa. Hoje seria para “desestressar”.
Ainda há ameaça do monarquismo, por ocasião da invasão do PARAGUAI, por Uruguaiana. Estava o Conde em viagem de lua de mel e veio às pressas para orientar o Imperador que fora a Uruguaiana. Por autorização do Imperador, o conde d’Eu – “Foi nomeado Comandante geral da artilharia e Presidente da Comissão de Melhoramentos do Exército em 19 de novembro de 1865”. ([6]) O Conde se ofereceu algumas vezes para participar da guerra, mas havia enormes desconfianças das demais autoridades brasileiras.
Entretanto, o Genro do Imperador não poderia passar em branco nessa guerra entre negros escravos (brasileiros) e indígenas guaranis (paraguaios)! Esperaram a guerra estar pelo fim, para não correr riscos. As tropas brasileiras já haviam entrado em Assunção. Solano Lopes fugira para Cerro Corá. Grande oportunidade!!! Destituíram Caxias do Comando da Tríplice Aliança. Acharam uma doença para Osório. E o Conde d’Eu, Comandante em Chefe da Tríplice Aliança e Comandante Supremo do Exército Brasileiro foi o glorioso vencedor que eliminou o atroz Presidente Republicano, mas Ditador, do Paraguai. Nada como um MONARCA PARA ELIMINÁ-LO.
Mas, o Imperador D Pedro II, além de não ser um guerreiro, estava idoso. Os partidários, escravagistas e republicanos, se digladiavam para ter mais influência no poder. A Princesa sem trato diplomático e sem vivência em coisas administrativas do Império seria facilmente manipulada pelo marido insinuante. Tanto era insinuante que se candidatou a participar da guerra com o Paraguai. O que teria um incomodo: como o Conde ficaria subordinado a dois Presidentes da República – Argentina e Uruguai sendo um Monarca francês?
Com essa mesma visão, os militares brasileiros e os partidários, agora só republicanos, deduziram o ÓBVIO: Após a morte do Imperador, quem reinaria seria o CONDE D’Eu. O Brasil, indiretamente, seria um Estado Monárquico submetido a uma República Presidencialista e Parlamentarista, o que vigorava, na época, na FRANÇA. Gastão de Orléans sempre seria francês, jamais Brasileiro. Coisa esdrúxula: uma monarquia ser colônia de uma república.
Comungando com Deodoro, só restava a REPÚBLICA. Por isso Sou Brasileiro Republicano.
Sic Cogito, Higino
(*) Hiram Reis e
Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor,
Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
YYY Coletânea desafiando o Rio-Mar YYY
https://www.ecoamazonia.org.br/2022/05/projeto-desafiando-rio-mar/
YYY Coletânea de Vídeos das Náuticas
Jornadas YYY
https://www.youtube.com/user/HiramReiseSilva/videos
Campeão do II
Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989);
Ex-Vice-Presidente
da Federação de Canoagem de Mato Grosso do Sul;
Ex-Professor do
Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
Ex-Pesquisador do
Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do
Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
Ex-Membro do 4°
Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS);
Ex-Presidente da
Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
Membro da
Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do
Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da
Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO);
Membro da
Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Membro do
Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós (IHGTAP)
Comendador da
Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS);
Colaborador
Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG);
Colaborador
Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN);
E-mail: hiramrsilva@gmail.com
[1] Pesquisa Google.
[4] Pesquisa Google.
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