Quinta-feira, 25 de setembro de 2025 - 17h57
A decisão da Sociedade Brasileira de Cardiologia de classificar a
pressão de 12 por 8 como pré-hipertensão acende um alerta importante para a
população amazônica. Na região, hábitos alimentares marcados pelo excesso de
sal, o clima quente e o sedentarismo urbano criam um cenário de maior
vulnerabilidade para doenças cardiovasculares.
Em Rondônia, esse alerta já se traduz em números. De acordo com o
Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB), 175.678 pessoas
vivem com hipertensão no estado. Entre 2021 e 2024, a condição esteve
relacionada a 1.772 mortes, confirmando a necessidade de atenção à prevenção.
Antes, quando a pressão ficava entre 12 por 8 e 13,9 por 8,9 (120-139
mmHg sistólica e/ou 80-89 mmHg diastólica), o resultado era considerado apenas
limítrofe, próximo do normal. Com a nova diretriz, esses valores passam a ser
enquadrados como pré-hipertensão. Na prática, isso significa que, em vez de
apenas acompanhar a evolução do paciente, os médicos devem orientar mudanças no
estilo de vida e, em alguns casos, avaliar o início de tratamento preventivo
com medicação.
Para o médico de família e comunidade Evandro Rios Soté, coordenador do
curso de medicina da FAMEJIPA, a alteração representa um avanço. “A nova classificação
que considera 12 por 8 como pré-hipertensão permite identificar riscos mais
cedo. Antes, muitos pacientes eram considerados normotensos e só recebiam
acompanhamento quando a pressão já estava elevada. Agora, conseguimos intervir
precocemente, principalmente com orientações de estilo de vida, reduzindo a
evolução para hipertensão e complicações como infarto e AVC”, destaca.
O coordenador do internato de clínica médica do IDOMED, Herberth Mendes,
reforça que o objetivo não é medicalizar de forma precoce, mas valorizar o
diagnóstico. “Esse valor acima de 12 por 8 não significa tratamento
medicamentoso sempre. O paciente deve ser acompanhado quanto aos fatores de
risco: se é sedentário, se fuma, se bebe, se tem diabetes ou colesterol alto. O
12 por 8 é mais um alerta para que ele se cuide mais, não necessariamente para
que comece a tomar remédios”, explica.
Na Amazônia, as escolhas alimentares se tornam decisivas para a
prevenção, principalmente diante do clima e dos hábitos culturais. “Uma
alimentação rica em sal está associada ao risco de desenvolvimento de
hipertensão, assim como o consumo de alimentos gordurosos. Em dias de calor
intenso, esse risco aumenta ainda mais, porque o organismo responde com picos
pressóricos, sudorese e taquicardia. Por isso, recomendamos reduzir o excesso
de sal e gorduras e manter a hidratação adequada, sempre com água”, reforça
Herberth.
Outro ponto de atenção é a saúde feminina. Segundo Soté, a pressão alta
pode surgir em diferentes fases da vida da mulher. “A menopausa aumenta o risco
pela perda do efeito protetor do estrogênio. Além disso, a sobrecarga de
funções, como conciliar trabalho e casa, muitas vezes limita os cuidados
pessoais. Em gestantes, a pressão alta pode levar à pré-eclâmpsia, com riscos
para mãe e bebê”, alerta.
Já o diagnóstico precoce é consenso entre os especialistas. “Quanto mais
rápido eu diagnosticar o paciente, mesmo que ele só apresente fatores de risco,
maiores são as chances de evitar a evolução para hipertensão. E, nos pacientes
já hipertensos, o controle reduz complicações graves como AVC, infarto e
insuficiência renal”, ressalta Mendes.
Mesmo com as mudanças, a prevenção continua sendo a melhor forma de
combate. Priorizar água no lugar de refrigerantes, incluir frutas e verduras
amazônicas e manter uma rotina simples de atividade física são medidas que
fazem diferença no controle da pressão arterial.
"Substituir o sal comum pelo sal integral, trocar óleos refinados
por óleo de coco ou banha bovina e valorizar temperos naturais da região em vez
dos industrializados são escolhas simples e eficazes. Somado a isso, evitar o
tabaco e reduzir o consumo de álcool são medidas fundamentais. E é essencial
acompanhar a pressão regularmente, mesmo sem sintomas, utilizando aparelhos
validados em casa ou nas unidades de saúde”, reforça Soté.
HPV: vacina gratuita em Rondônia protege contra câncer e salva vidas
Quando o assunto é saúde, o cuidado começa dentro de casa. Vacinar meninos e meninas contra o HPV é mais do que uma decisão individual: é uma forma d
No último final de semana, dia 21 de setembro, foi realizado em Chupinguaia, no Distrito de Boa Esperança, a 10ª edição do Leilão Solidário organiza
O governador de Rondônia, Marcos Rocha, tem direcionado e determinado esforços para ampliar o atendimento em saúde em todo o estado. Em Porto Velho,