Terça-feira, 20 de maio de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Saúde

Formação de médicos em Cuba prioriza atenção básica


Renata Giraldi*
Agência Brasil

Brasília – A controvérsia causada pela contratação de 4 mil médicos de Cuba para trabalhar na atenção primária à saúde nas regiões mais carentes do país envolve várias questões, uma delas é a formação desses profissionais.

Em Cuba, há 25 faculdades de medicina, todas públicas, e uma Escola Latino-Americana de Medicina, na qual estudam estrangeiros de 113 países, inclusive do Brasil. A duração do curso de medicina em Cuba, a exemplo do Brasil, é seis anos em período integral, depois o estudante deve fazer especialização, que dura de três a quatro anos. Pelas regras do Ministério da Educação de Cuba, apenas os alunos que obtêm notas consideradas altas, em uma espécie de vestibular e ao longo do ensino secundário, são aceitos nas faculdades de medicina.

Na faculdade, o estudante tem duas chances para ser aprovado em uma disciplina. Se for reprovado, é automaticamente desligado do curso. Na primeira etapa do curso, há aulas de ciências biomédicas, ciências sociais, morfofisiologia e interdisciplinaridade.

Nas etapas seguintes do curso, os estudantes têm aulas de anatomia patológica, genética médica, microbiologia, parasitologia, semiologia, informática e outras disciplinas. Segundo os médicos cubanos, não existe diferença salarial entre os profissionais, exceto pela formação – os que têm mestrado e doutorado podem ganhar mais.

O médico brasileiro Felipe Valentin, de 30 anos, que estudou em Cuba entre 2001 e 2007, disse que os estudantes passam o sexto ano do curso em período de internato, estagiando nas principais áreas de um hospital geral. A formação dos profissionais é voltada para a chamada saúde da família: os médicos são clínicos gerais, mas têm conhecimento em pediatria, pequenas cirurgias e até ginecologia e obstetrícia.

"Essa é a grande diferença [entre os cursos de medicina do Brasil e de Cuba]. Eles focam e priorizam muito a atenção primária e já no primeiro mês de aula, os estudantes têm a cadeira chamada Medicina Geral Integral, que é sobre Saúde da Família", disse.

Para Valentin, esse tipo de formação facilita o trabalho do profissional na atenção básica. "Lá, desde o primeiro ano você está dentro do hospital, dos postos de saúde, em contato com o paciente. A gente já sai da faculdade habituado a atender e tem mais facilidade no Programa Saúde da Família do que os colegas formados aqui no Brasil", disse o médico, que desde que concluiu a faculdade, há seis anos, retornou ao Brasil. Ele trabalha atualmente na atenção básica no interior do Piauí. Valentin fez a Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior (Revalida) logo que voltou ao Brasil.

Desde que o governo anunciou a contratação de médicos cubanos, a medida tem sido criticada pelas principais entidades médicas do país. Para o Conselho Federal de Medicina (CFM), é temerária e preocupante a contratação de médicos formados no exterior sem que passem por exame para atestar a qualidade da formação profissional.

"O Conselho Federal de Medicina condena de forma veemente a decisão irresponsável do Ministério da Saúde que, ao promover a vinda de médicos cubanos sem a devida revalidação de seus diplomas e sem comprovar domínio do idioma português, desrespeita a legislação, fere os direitos humanos e coloca em risco a saúde dos brasileiros, especialmente os moradores das áreas mais pobres e distantes", diz nota da entidade, divulgada no último dia 21.

Os profissionais cubanos, e das demais nacionalidades, que irão atuar no Programa Mais Médicos não terão de passar pelo Revalida. De acordo com o Ministério da Saúde, eles terão registro provisório por três anos para atuar na atenção básica e com validade restrita ao local para onde forem designados. Todos os médicos com diploma estrangeiro e sem revalidação vão passar por três semanas de capacitação, com foco no Sistema Único de Saúde (SUS) e na língua portuguesa, antes de começarem a trabalhar. Ainda serão supervisionados por universidades.
 

Gente de OpiniãoTerça-feira, 20 de maio de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Nota de Esclarecimento da Sesau sobre o contrato com Hospital 9 de Julho

Nota de Esclarecimento da Sesau sobre o contrato com Hospital 9 de Julho

A Secretaria de Estado da Saúde de Rondônia (Sesau) esclarece que o contrato firmado com a unidade hospitalar 9 de Julho, em 2023, foi realizado por

Governo de Rondônia amplia repasses à saúde municipal e fortalece atendimento nos municípios

Governo de Rondônia amplia repasses à saúde municipal e fortalece atendimento nos municípios

Entre 2019 e 2024, o governo de Rondônia aumentou os repasses financeiros aos 52 municípios do estado. Em 2019, o total transferido foi de R$ 7.367.

Governador Marcos Rocha avança com recursos aplicados diretamente nas ações de saúde dos municípios

Governador Marcos Rocha avança com recursos aplicados diretamente nas ações de saúde dos municípios

Os 52 municípios de Rondônia receberam em 2024 mais de R$ 142.7 milhões do governo de Rondônia para aplicar na saúde. Um aumento de 1.837,34%, em co

Prefeitura entrega 349 tablets para modernizar o trabalho dos agentes comunitários de saúde de Porto Velho

Prefeitura entrega 349 tablets para modernizar o trabalho dos agentes comunitários de saúde de Porto Velho

Com objetivo de melhorar a qualidade, agilidade e eficiência do trabalho nos atendimentos dos serviços de saúde, a Prefeitura de Porto Velho, por meio

Gente de Opinião Terça-feira, 20 de maio de 2025 | Porto Velho (RO)