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Robson Oliveira

O ataque do prefeito de Vilhena, Flori Junior, a Expedito Junior foi constrangedor


O ataque do prefeito de Vilhena, Flori Junior, a Expedito Junior foi constrangedor - Gente de Opinião

MORALISMO

O deputado federal Coronel Crisóstomo (PL), sempre pronto a destilar fúria moralista contra “os militantes da esquerda” — seu prato preferido —, foi surpreendido praticando exatamente o que mais condena: nomeou uma penca de parentes e contraparentes para cargos comissionados em seu gabinete. O arauto da moral e dos bons costumes não resistiu aos encantos dos contracheques familiares. O moralismo, como sempre, é o disfarce da hipocrisia.

CASCATA

Crisóstomo é um crítico contumaz do governo e costuma subir à tribuna em performances de opereta, bradando pela pátria, pela família e pelos bons costumes — o trinômio da extrema-direita que confunde fanatismo com virtude. No entanto, tudo indica que o que o coronel declama no plenário é pura cascata. Enquanto posa de paladino da ética, age nas sombras como um burocrata de quinta categoria, usando o mandato para empregar a parentada. A cruzada moral dele termina no próprio espelho.

IMPROBIDADE

O Tribunal de Contas da União, segundo revelou o site Metrópoles — o mesmo que desvendou as peripécias do coronel —, abriu investigação para examinar a legalidade das nomeações. O caso cheira a improbidade e ameaça varrer o mandato do parlamentar para o lixo da história, além de deixá-lo inelegível por oito anos. Pressionado pela repercussão, Crisóstomo exonerou a parentela — a contragosto, claro. Heróis morais raramente enfrentam o espelho com prazer.

EMBUSTE

A empresa responsável pela coleta de lixo em Porto Velho ganhou mais um fôlego no contrato e anunciou, triunfante, a contratação de novos trabalhadores. Apesar da promessa, dentro de poucos dias, o lixo voltará a dominar as ruas — como de costume. O problema nunca foi a falta de pessoal, e sim a incompetência técnica e operacional da empresa, incapaz de atender o município, os distritos e o Baixo Madeira. Quem entende do assunto sabe que é apenas mais um embuste administrativo. Engana-se a prefeitura, não o contribuinte que tem dois neurônios e sabe a diferença entre lixo orgânico e resíduo sólido.

ATAQUE

O ataque do prefeito de Vilhena, Flori Junior, ao ex-senador Expedito Junior (PSD) foi de uma gratuidade constrangedora. Primeiro, porque Expedito, como presidente de partido, tem o direito de reunir-se com quem quiser — e já anunciou pretensão a deputado federal. Segundo a tentativa de colar nele a imagem de “eminência parda” num eventual governo de Adailton Fúria é repetição de roteiro velho e falido. Quando Expedito apoiou Hildon Chaves em 2016, usaram a mesma narrativa, que morreu de inanição ao longo dos dois mandatos do prefeito. Hildon governou sem interferência. O ataque de Flori — bom gestor, por sinal — foi desnecessário, desproporcional e revela mais ansiedade política que estratégia.

BLEFE

Flori também ensaiou um blefe: caso o deputado Fernando Máximo desista da disputa ao governo de Rondônia, ele próprio se lançaria candidato. A repercussão foi tão morna quanto café requentado. Esta coluna aposta um real contra dez que nem Máximo será candidato a governador em 2026, nem Flori ousará deixar Vilhena para aventuras maiores. Suas cartas eleitorais não servem nem para blefar num truco de esquina.

DESINTRUSÃO

A presença, em Rondônia, de uma comissão parlamentar para avaliar “a forma humana” como as forças de segurança retiraram famílias assentadas em Terras Indígenas Uru-Eu-Wau-Wau é pura lorota eleitoral. O problema é antigo e não será resolvido no grito político. “Inês é morta, como diz o provérbio. O que se espera agora é que o governo anuncie como e quando indenizará as famílias atingidas, vítimas da omissão estatal que deixou a situação chegar a esse ponto. A desintrusão é juridicamente irreversível; o drama humano, porém, é responsabilidade dos governantes. Seria mais digno acolher os desalojados do que fazer proselitismo com a miséria alheia.

VULNERÁVEL

As explicações dos vereadores Santana e Marcos Combate, da capital, sobre os áudios vazados de um suposto crime contra vulnerável, são tão repugnantes quanto o fato em si.
A acusação — de assédio de um vereador contra a filha menor do outro — é grave e exige investigação formal. É o tipo de episódio que envergonha até os cínicos habituais da política local.

ASSÉDIO

Pouco importa se o caso ocorreu há três anos: a tipificação penal não prescreve com a conveniência política. Mais grave ainda é o silêncio do pai, que, ciente de um possível assédio contra a própria filha, preferiu abafar o caso. O agressor, figura pública de verbo fácil e moral duvidosa, enviou flores à menor mesmo após saber sua idade — galanteio de covarde travestido de cavalheirismo. A máscara da retidão cai sempre com o primeiro buquê.

PET

Os pets de Porto Velho estão melhor assistidos que boa parte dos humanos. O município inaugurou, em outubro, um Centro Médico Veterinário equipado com ultrassonografia, raio-X e dois centros cirúrgicos — e merece aplausos por isso.
Já nossas unidades de saúde, para gente de carne e osso, continuam padecendo de estrutura precária. O prefeito Léo Moraes parece disposto a mudar isso com o projeto do Hospital Universitário em parceria com a Unir.
Resta ao governo estadual seguir o exemplo. E, quem sabe, tratar seus cidadãos com o mesmo zelo que a capital dedica aos poodles e vira-latas.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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