Terça-feira, 23 de dezembro de 2025 - 14h58

POLARIZAÇÃO
Não há mais como fingir surpresa. A polarização entre o prefeito de Cacoal,
Adailton Fúria (PSD), e o senador Marcos Rogério (PL), na disputa pelo governo
de Rondônia, está consolidada. Não por virtude própria apenas, mas sobretudo
pela ausência de nomes alternativos com densidade eleitoral, musculatura
política e mínima capacidade de romper esse duopólio. Pode surgir um nome novo?
Em tese, sim. Na prática, quem acompanha pesquisas internas sérias, não essas
de balcão, percebe que o processo eleitoral de 2026 se antecipou. E quem largou
cedo não queimou a largada.
PEDRA
Os retardatários, esses sim, já chegam com cheiro de fumaça. Mantida a
polarização, cresce a possibilidade de definição no primeiro turno. A esquerda,
mesmo sem chance real de vitória, pode funcionar como obstáculo aritmético,
empurrando a disputa para um segundo turno apenas para marcar posição
ideológica. É a pedra no caminho dos dois protagonistas. Pequena, mas incômoda.
VIA
O ex-prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves (PSDB), tinha todas as condições
objetivas para se apresentar como alternativa viável ao binarismo eleitoral.
Perfil gestor, experiência administrativa e recall eleitoral não lhe faltavam.
Faltou inteligência política. Ao gastar mais de um ano em ladainhas contra a
gestão de Léo Moraes, um dos prefeitos mais bem avaliados do país, Chaves
desperdiçou o tempo que deveria ter usado para exibir seus feitos e propor um
projeto estadual. Preferiu a intriga ao conteúdo. Perdeu o bonde e, com ele, a
chance de ser terceira via.
OBSESSÃO
Ao que tudo indica, acreditou que o eleitor da capital o seguiria como gado em
fila indiana. Um erro primário. Porto Velho tem histórico de subverter
prognósticos e derrubar favoritos. Hildon se preocupou mais em torcer contra o
sucesso do sucessor do que em construir o próprio futuro político. Resultado
previsível. Léo governa bem, comunica melhor ainda e colhe empatia. A obsessão
de um pelo outro ultrapassou o razoável e entrou no campo do patológico.
LIMITAÇÃO
O prefeito de Vilhena, Flori Junior, apesar de bem avaliado no seu reduto,
tenta se projetar no cenário estadual de forma amadora e politicamente
desastrada. Trata-se de uma liderança localizada, de alcance limitado, com
arroubos típicos do corporativismo policial de onde se originou. Ainda não
apresentou densidade política nem visão estadual capazes de ameaçar a
polarização entre Marcos Rogério e Adailton Fúria.
XERIFÃO
Políticos ouvidos pela coluna desconfiam do ex-delegado que ascendeu
demonizando os políticos e renegando o próprio sistema que o acolheu. A
contradição não passa despercebida. Política não é território de justiceiro
solitário. Dois dirigentes partidários, ouvidos em off, foram além da cautela e
demonstraram franca repulsa ao jovem mancebo. A política é para políticos.
Xerifões costumam terminar isolados.
LOROTA
Mesmo com a simpatia de Léo Moraes, é delírio imaginar que o eleitor da capital
seguiria cegamente uma eventual orientação para votar em Flori Junior. Léo é
bem avaliado, não é dono da consciência alheia. Transferência de votos existe,
mas em escala muito menor do que se fantasia. Flori dialoga com o eleitor de
Vilhena, não com a diversidade social e política da capital. Nem Léo conseguiu
vencer para governador em Porto Velho. Governo é outro papo. O resto é lorota.
INIMIGO
Causou perplexidade a declaração do secretário estadual de Saúde, coronel
Jeferson, ao afirmar que a pasta, mesmo dispondo de cerca de 1,5 bilhão em
repasses constitucionais e mais 600 milhões em suplementação, é deficitária e
precisa de outros 300 milhões para evitar o colapso. Vinda da oposição, a fala
seria crítica comum. Proferida por auxiliar direto do governador Marcos Rocha,
soa como atestado de calamidade administrativa. Explica, com constrangimento, o
desastre da saúde estadual. O secretário parece mais adversário do que
assessor.
INCOMPETÊNCIA
Auxiliares do próprio governador já alertaram para a necessidade de mudança no
comando da Saúde. O tempo passou, o secretário permaneceu e, às vésperas do
último ano de governo e do período de desincompatibilização eleitoral, expôs o
governo, o chefe e toda a equipe da Sesau. A gestão é responsabilidade dele,
mas o anúncio público de possível crise fiscal escancara descontrole e
imprudência.
EXAGERO
A coluna ouviu longamente o secretário estadual de Finanças sobre o alarde
fiscal. Os gastos correntes cresceram acima da arrecadação, especialmente pelos
gastos com a área de Saúde dos municípios de Vilhena e Guajará-Mirim, não
previstos originalmente no orçamento. O desequilíbrio gerou alerta do Tribunal
de Contas. Ainda assim, é exagero afirmar que Rondônia caminha para uma crise
fiscal calamitosa. Segundo Luís Fernando, o cenário é de ajuste e aperto, não
de colapso.
ADESÃO
Contingenciamentos devem ser adotados até o fim do mês. A Sefin avalia adesão
ao programa nacional de refinanciamento orçamentário já utilizado por outros
estados. Rondônia deixará de ostentar finanças exuberantes, mas evitará o caos.
Pagamentos a fornecedores podem ser empurrados para o próximo exercício, o que
preocupa o setor produtivo. Salários e áreas estratégicas, ao menos por ora,
não devem sofrer cortes. Já investimentos, quem esperava grana, ficará sem
nada.
DESISTÊNCIA
A sinalização de Marcos Rocha de que permanecerá no governo e desistirá da candidatura
ao Senado surpreendeu muitos, menos esta coluna. Há três meses a avaliação já
apontava esse desfecho. A leitura apressada atribuiu a decisão a suposto medo
da crise fiscal e desgaste político. Papo furado. Pesquisas sérias indicam que
a avaliação negativa do governador é menor do que o senso comum barulhento
costuma propagar.
TRAIÇÃO
Campanha ao Senado não seria simples para ninguém. E poderia se tornar um
inferno caso o governador deixasse o cargo para enfrentar fogo amigo de um
sucessor ressentido. Traição tem apelo dramático, mas costuma custar caro.
Seduz no início, destrói no final.
RISCOS
Ao decidir não renunciar, Marcos Rocha fez a escolha mais dolorosa e, ao mesmo
tempo, mais responsável. Avaliou os riscos, mesmo comprometendo o próprio futuro
político e de familiares. Faz parte do jogo. Nem sempre sai como esperamos.
PRUDÊNCIA
Bastaria uma conta reprovada para inviabilizar o futuro político e
criar uma crise eleitoral sem precedentes. Terminaria abandonado por quem até
ontem o bajulava. Ao medir riscos, optou pela prudência. As críticas
partem, como sempre, de quem passou anos pendurado nos benefícios do poder e
agora foi desalojado. Nada de novo no front.
RESPONSABILIDADE AMBIENTAL
Rondônia, na fronteira do Brasil com a Bolívia, o silêncio da
floresta tem sido quebrado por olhares atentos e passos miúdos em direção à
água. Milhares de filhotes de tartaruga-da-Amazônia iniciam sua primeira
jornada rumo ao habitat natural, em ações contínuas do Projeto Quelônios do
Guaporé, que há cinco anos conta com o apoio da Energisa e transforma a
conservação ambiental em um poderoso momento de aprendizado, conscientização e
esperança para o futuro da Amazônia.
SOBREVIVÊNCIA
A soltura marca uma das etapas mais simbólicas do projeto, que
atua na proteção das praias de desova, no monitoramento dos ninhos e na
garantia da sobrevivência dos filhotes até o retorno ao rio. Em 2025, o
trabalho enfrenta desafios devido às cheias intensas do Guaporé, que alteraram
o calendário natural da espécie e provocaram ajustes no período de desova.
EXPECTATIVA
Segundo o Ibama, as equipes de monitoramento têm registrado
números expressivos. Entre os dias 11 e 15 de dezembro, cerca de 60 mil
filhotes já haviam sido contabilizados nas áreas acompanhadas. A expectativa é
que o pico de eclosão ocorra nas próximas semanas, com atividades se estendendo
até o final de dezembro e início de janeiro, conforme as condições naturais do
rio.
IMPORTÂNCIA
Apesar das adversidades climáticas, o acompanhamento contínuo tem
apresentado resultados positivos. As equipes indicam, de forma preliminar, que
o desempenho da temporada de 2025 mostra sinais de recuperação em relação
ao ano anterior, que foi fortemente impactado por queimadas de grandes
proporções na região. Os incêndios comprometeram as condições ambientais e
dificultaram os processos de incubação e eclosão dos ovos, reforçando a
importância das ações de monitoramento, proteção das praias de desova e
fiscalização realizadas no Vale do Guaporé.
EQUILÍBRIO
Durante o processo, os ninhos permanecem expostos a ameaças
naturais e humanas. Predadores como jacarés fazem parte do equilíbrio
ambiental, mas a interferência humana, especialmente a retirada ilegal de ovos,
segue sendo um dos principais riscos à reprodução da espécie.
DESOVA
“O Vale do Guaporé é uma área estratégica para a conservação da
tartaruga-da-Amazônia. Rondônia abriga o maior tabuleiro de desova da espécie
no mundo, e proteger esse território é uma responsabilidade que ultrapassa
fronteiras”, afirma Cézar Guimarães, superintendente estadual do Ibama em
Rondônia.
LOGÍSTICA
Há cinco anos, a Energisa é parceira do Projeto Quelônios do
Guaporé, oferecendo apoio logístico essencial para o monitoramento das áreas de
desova, a identificação das praias acompanhadas e o deslocamento das equipes
técnicas.
COMPROMISSO
“O apoio ao projeto reflete o compromisso da Energisa com a
preservação ambiental e com as comunidades da região”, destaca
José Carratte, supervisor de Meio Ambiente da Energisa
Rondônia. “Garantir estrutura para o monitoramento das praias é
fundamental para que os filhotes consigam completar esse primeiro e mais
delicado ciclo de vida.”, complementa.
IMPACTO
Carratte reforça que o envolvimento da empresa vai além do suporte
operacional. “Quando participamos das ações de soltura, vemos de perto o
impacto positivo da educação ambiental, especialmente entre as crianças, que
passam a entender a importância de preservar a natureza desde cedo.”
Terça-feira, 23 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)
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